quinta-feira, 27 de novembro de 2008

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

É hoje o lançamento do novo portal multimídia da EcoAgência

Mantido pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul, o novo portal multimídia da EcoAgência será lançado hoje (26/11) às 19h30, na Palavraria, no bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Além do portal da EcoAgência, o Nej/RS faz o relançamento do livro Jornalismo Ambiental: Desafios e Reflexões, organizado pelos professores da Ufrgs, Ilza Maria Toutinho Girardi e Reges Schwaab, membros da Diretoria do Nej.

Com criação, planejamento e produção da Ozone Comunicação e Design, também de Porto Alegre, o novo portal objetiva divulgar propostas, eventos e projetos ambientais, alinhando as notícias às diversas ferramentas multimídia, oferecendo ainda artigos, documentos para pesquisa, vídeos, fotografias e áudios.

A EcoAgência (www.ecoagencia.com.br) é um dos projetos mantidos pelo Nej/RS, ao lado do programa de rádio Sintonia da Terra, veiculado através da Rádio da Ufrgs, e do Terça Ecológica, um espaço de debate que aproxima profissionais e estudantes no enfoque ecológico.

Já o livro Jornalismo Ambiental: Desafios e Reflexões, lançado na última Feira do Livro em Porto Alegre, reúne 32 textos que abordam sobre jornalismo ambiental. Os trabalhos foram apresentados durante o II Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, realizado em Porto Alegre em novembro do ano passado.

Mais informações pelo http://www.ecoagencia.com.br/ .

Foto: reprodução da capa do livro

Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para EcoAgência de Notícias Ambientais. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Abertas inscrições para passeio ao Sítio Apiquários de produtores da Feira Ecológica

Passar um domingo em um local repleto de verde, com mata nativa e ar puro, saboreando uma alimentação natural e orgânica é uma oportunidade rara que pode estar ao seu alcance.

No domingo, dia 7 de dezembro, Roque e Lorita Rossi recebem um pequeno grupo em seu sítio no interior de Gramado. O casal acolhe os convidados com lanche da manhã, seguido por uma oficina de secagem de chás. Após o almoço, com cardápio vegano e orgânico, acontece uma oficina sobre o valor terapêutico de alguns chás e uma trilha pela mata nativa. Um lanche no final da tarde completa as atividades do dia.

A saída da excursão está prevista para as 7h30min, na rua José Bonifácio, próximo à igreja Santa Teresinha, e o retorno deve ocorrer por volta das 20h.

Todo o pacote soma um investimento de R$100,00, que deve ser pago no momento da inscrição. As pessoas podem inscrever-se neste sábado, dia 29 de novembro, na banca do Sítio Apiquários da FAE, com a agricultora Lorita, ou até o dia 2 de dezembro, com Cláudia Dreier, pelo telefone 9819 9887, e posterior depósito bancário.

As vagas são limitadas a 20 pessoas.

Da Assessoria de Imprensa da Feira de Agricultores Ecológicos.

CCJ aprova redação final do Pontal do Estaleiro

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou nesta terça-feira (25/11) a redação final do projeto do Pontal do Estaleiro, aprovado pelo Plenário no último dia 12.

Agora, a matéria segue para a Diretoria Administrativa, que a encaminhará ao Executivo.

Após receber o projeto, o prefeito tem prazo de 15 dias para sancionar ou vetar a proposta.

Se sancioná-la, a lei entra em vigor após publicação no Diário Oficial de Porto Alegre.

Se o prefeito vetar a matéria, o projeto volta ao Legislativo, que decidirá se mantém ou derruba o veto.

Na hipótese de os vereadores concordarem com o veto, o projeto será arquivado. No entanto, se a Câmara decidir derrubar o veto, a proposta vira lei após ser promulgada pelo presidente da Casa.


Por Marco Aurélio Marocco, da CMPA.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Celofane: o transparente que não é plástico

Propor alternativas que substituam o plástico é a nova ação da Feira dos Agricultores Ecologistas, FAE, que reforça a campanha Menos plástico mais saúde. Neste sábado, 29 de novembro, o destaque cabe ao papel celofane.

"Mas o celofane não é plástico?" questionou a bióloga Karin Potter ao ser informada sobre o evento. Como ela, muitas pessoas são levadas a confundir o celofane com plástico. Em várias papelarias de Porto Alegre quando se solicita o papel celofane o que é apresentado ao consumidor é um plástico que imita o celofane como se este fosse de fato o papel transparente.

Luiz Fernando Heck, representante da fábrica brasileira que produz esse material, demonstra uma maneira fácil de identificar sua legitimidade: "na presença de fogo, o celofane queima como qualquer papel comum, já os plásticos ficam enrugados e retorcidos".

A Banca do Papel Celofane vai estar na FAE, ao lado do caldo-de-cana, para mostrar as vantagens desta embalagem em vários produtos. As bancas da feira que já utilizam o celofane, como a dos Nutracêuticos de Nelson Dihel, estarão sinalizadas por cartazes coloridos.

Desde novembro de 2006, a Feira dos Agricultores Ecologistas trabalha com ações pontuais para diminuir o uso do plástico. A FAE acontece todos os sábados na primeira quadra da rua José Bonifácio, em Porto Alegre, das 7 às 13h.


Da Assessoria de Comunicação da Feira de Agricultores Ecologistas.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Câmara de Vereadores deve enviar projeto Pontal do Estaleiro ao prefeito de Porto Alegre até quarta-feira


O veto pelo prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, à modificação da Lei 470/02, liberando a ocupação residencial na Orla do Guaíba, foi defendida no último domingo (23/11) no Brique da Redenção. Integrantes de movimentos contrários ao projeto aprovado no último dia 12 na Câmara de Vereadores, reforçam as manifestações em diversos locais da cidade, distribuindo panfletos e colhendo assinaturas.

Isso porque, até a próxima quarta-feira (26/11), a Câmara deve enviar o chamado projeto Pontal do Estaleiro ao prefeito Fogaça, que terá 15 dias para vetar ou sancionar. “Esperamos que o prefeito seja coerente com os interesses da cidade e vete este projeto, que privativa uma área de interesse cultural, destinada ao turismo, esporte, gastronomia e lazer”, defende o secretário-geral do Fórum Municipal das Entidades, Paulo Guarnieri, uma das 50 entidades que integra o Movimento Defenda a Orla.

A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) também integra o Movimento e, em agosto passado, lançou o abaixo-assinado Em Defesa da Orla, em comemoração aos 20 anos da subida da chaminé da Usina do Gasômetro. “Na época, defendíamos o mesmo objetivo, que hoje voltou a ser pauta: a preservação das margens do Guaíba, ameaçadas pela ocupação privada de empreendedores que buscam o lucro imediato”, lembra a presidente da Agapan, Edi Fonseca, ao lamentar que “a história se repete”. Com quase oito mil assinaturas, o abaixo-assinado eletrônico pode ser acessado através do http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/1571 .

Apoios ao Movimento

O Movimento Defenda a Orla reúne mais de 50 entidades, entre entidades de classe, de bairros, ambientalistas, universitários, artistas e intelectuais. Entre as personalidades que têm se posicionado contrários ao projeto estão Eva Sopher, Miguel Reali Jr, Rualdo Menegat, Luis Fernando Veríssimo, Zorávia Bettiol, Santiago, Fedrizi, Celso Furtado e inúmeras pessoas ligadas à cultura do nosso Estado.

Até mesmo os participantes da Feira dos Agricultores Ecologistas, que é realizada todos os sábados de manhã, no bairro Bom-Fim, se manifestaram contrários ao projeto e dizem acreditar no veto do prefeito.

Durante as três próximas feiras ecológicas, entre 9h30 às 12h30, haverá mobilização contra o aquecimento global e também coleta de assinaturas do abaixo-assinado Em Defesa da Orla. A atividade é realizada pela Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), Associação dos Agricultores Ecológicos Solidários do RS, Amigos da Terra e ONG Ingá. A Feira dos Agricultores Ecologistas funciona todos os sábados, das 7h às 13h, na rua José Bonifácio.

Prece do poeta Carlos Urbim

Na semana passada, a vereadora Margarete Moraes (PT) repassou aos integrantes do Movimento Defenda a Orla uma prece do nosso escritor e poeta Carlos Urbim, “nos unindo a ele nesta luta pela preservação do Guaíba e por uma Porto Alegre que possa desfrutar de sua orla de forma democrática”.

Oração numa hora ruim
- Carlos Urbim

Nossa Senhora dos Navegantes
madrinha do rio-lago Guaíba
tire de mim o ódio que sinto
pelos corações de concreto

Nossa Senhora dos Navegantes
que ganha de novo procissão
pelas águas tão violentadas
afaste de mim a imensa raiva
contra os gigolôs do cimento

Nossa Senhora justiceira
protetora dos pescadores
que precisam da laguna
cada vez mais poluída
repreenda por mim
os que sujam e cerceiam
vociferam argamassa
e dão a alma ao diabo

Rogue praga de padroeira
(sempre tão certeira)
puxe as orelhas vendidas
dê palmadas nas bundas
condene agora mesmo
os piratas e os pecadores

Virgem santa querida
não nos deixe perdedores

Foto: Manifestação de apoio ao veto do prefeito José Fogaça ao projeto Pontal do Estaleiro (Cesar Cardia)

Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para Ecoagência de Notícias. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Frustração pelo veto à proteção legal de geleiras argentinas


A decisão do governo de Cristina Fernández de vetar uma lei de proteção das reservas de água doce das geleiras da Argentina causa profunda preocupação em cientistas e ambientalistas que participaram da elaboração do projeto. “Trabalhamos muito com os legisladores para que essa lei fosse promulgada”, disse pesaroso ao Terramérica o doutor em Geociências Ricardo Villalba, diretor do estatal Instituto Argentino de Nivologia, Glaciologia e Ciências Ambientais (Ianigla).

“É difícil entender o que ocorreu. A comunidade científica não quer deter o desenvolvimento, mas preservar fontes de água doce em uma região onde as províncias dependem dessas reservas para seu consumo e irrigação”, acrescentou Villalba, membro do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC).

O projeto de Lei de Orçamentos Mínimos para a Proteção das Geleiras e do Ambiente Periglacial, aprovado em 22 de outubro com folgada maioria nas duas câmaras legislativas, estabelece normas básicas para “preservá-los como reservas estratégicas de recursos hídricos e fornecedores de água”. Também proíbe atividades que afetem as funções de fornecedores de água das geleiras e do ambiente periglacial, definido no projeto como “área de alta montanha com solos congelados que atua como regulador do recurso hídrico”. O artigo segundo do texto afirma que uma geleira é uma “massa de gelo perene, estável ou que flui lentamente, com ou sem água intersticial, formada pela recristalização da neve, localizada em diferentes ecossistemas, qualquer que seja sua forma, dimensão e estado de conservação”. Entre as atividades proibidas nesses lugares consta a exploração e prospecção de minérios ou petróleo, construção de obras de arquitetura ou infra-estrutura e a liberação de substâncias poluentes, produtos químicos ou resíduos de qualquer tipo.

Assessorada pela Secretaria de Mineração, Fernández vetou toda a lei no dia 11 desse mês, alegando que “a proibição é excessiva” e outorga “preeminência aos aspectos ambientais acima das atividades que poderiam ser desenvolvidas com perfeito cuidado do meio ambiente”. No fundamento do veto, a presidente admite que os governadores das províncias afetadas “expressaram sua preocupação” pela lei porque “repercutiria negativamente no desenvolvimento econômico e nos investimentos que nelas são feitos”.

A lei teria afetado projetos como o de Pascua Lama, que a corporação mineira canadense Barrick Gold pretende iniciar na Cordilheira dos Andes, em uma área limítrofe entre a província argentina de San Juan e a região chilena de Atacama, para extrair ouro, prata e cobre por cerca de 20 anos. O investimento da Barrick para essa mina é de US$ 2,4 bilhões, segundo as últimas estimativas, e permitirá extrair anualmente 615 mil onças de ouro e 30 milhões onças de prata, mais cinco mil toneladas de concentrado de cobre por meio do método de lixiviação com cianureto para separar o metal da rocha.

Embora o projeto da Barrick prejudique geleiras localizadas do lado chileno e já tenha sido aprovado pelos dois países, desperta forte resistência dos moradores dos dois lados da fronteira, que fizeram campanha por anos contra a exploração mineral e a favor da preservação das reservas de água doce. Algo semelhante ocorre com moradores da província de La Rioja, contrários aos planos de mineração da Barrick na cadeia montanhosa da Serra de Famatina, onde nascem vários cursos de água. Entretanto, os projetos, apesar dos entraves, avançam lentamente.

Diante desse cenário, a sanção da lei seria comemorada como uma vitória entre os que trabalham na preservação da água doce. Mas a festa durou menos de um mês, até chegar o veto total. “A Cordilheira é gigante e há lugar para todos”, alegou Villalba. “A lei não dizia que não podia haver nenhum projeto. Indicava que se devia limitar áreas. Para isso se ordenava a realização de um inventário de geleiras e periglaciais para seu controle e proteção que deveria estar a cargo da Ianigla. O que não deveria ser tocado eram as áreas fornecedoras de água”.

O vice-presidente da Associação Amigos dos Parques Nacionais da Argentina, Norberto Ovando, disse ao Terramérica que mesmo “com a mineração realizada em zona periglacial, suas explosões provocam a liberação e dispersão de substâncias que, além de contaminantes, aquecem muito mais rápido a superfície das geleiras”. As “atividades que a lei vetada proibia iriam acelerar esse derretimento”, disse Ovando, membro da Rede Mundial de Áreas Protegidas.

Segundo a Ianiglia, na Patagônia (sul do país) as geleiras retrocederam entre 10% e 14% nos últimos 20 anos, por causa do aumento da temperatura global. “Para nós, a água é mais valiosa do que o ouro e não tem substituto”, enfatizou Ovando. Embora executivos da Barrick tivesem que voltar atrás com seu plano inicial de trasladar três geleiras do lado chileno e se comprometer a não fazê-lo, “os cientistas não acreditam muito na companhia”, disse Ovando. A lei era uma ferramenta para que esse compromisso fosse cumprido.

O biólogo Raúl Montenegro, da Fundação para a Defesa do Meio Ambiente, disse ao Terramérica que foi “um erro” vetar uma lei “sensata e inteligente” que também protegia as altas bacias hídricas em geral e as economias semi-áridas que existem graças à água das geleiras. Na Argentina, as ocidentais províncias de San Juan, Mendoza e La Rioja dependem do fornecimento dessas fontes para consumo humano, agricultura e pecuária.

Foto: Photo StockLegenda: Geleira Perito Moreno, no sul da Argentina.

Por Marcela Valente, correspondente da IPS.LINKS

+Projeto de Lei de Orçamentos Mínimos para a Proteção das Geleiras e do Ambiente Periglacial, em PDF http://www.ambiente.gov.ar/archivos/web/AdCC/File/08leydepresupuestosminimos_glaciares.pdf


+Maior reserva de água doce desprotegida no Chile http://www.tierramerica.info/nota.php?lang=port&idnews=251

+Mineradora canadense vai com tudo por geleirahttp://www.tierramerica.info/nota.php?lang=esp&idnews=37&olt=6

+Instituto Argentino de Nivologia, Glaciologia e Ciências Ambientais http://www.mendoza-conicet.gov.ar/

+Fundação para a Defesa do Ambiente http://www.funam.org.ar/

* Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.

Fazendeiro de Anapu diz que exploração sustentável da floresta é possível


Desenvolver atividades econômicas e preservar a Floresta Amazônica é uma realidade possível, na avaliação do fazendeiro Antonio Napoli Velho. Ele vive há 27 anos na Amazônia, no município de Anapu, sudeste do Pará.

Nascido no sul do país, Gaúcho, como é conhecido na região, vivenciou momentos importantes da história da Amazônia, desde o estímulo à sua ocupação e desenvolvimento, promovido pelos governos militares, ao atual estágio de preocupação com a recuperação da mata.

Hoje, ele destaca a importância da conservação do meio ambiente e busca trabalhar de forma sustentável. "Os projetos de manejo são economicamente viáveis sim, porque [a floresta] é uma riqueza que temos aqui e está pronta para ser polida", disse o fazendeiro em entrevista à Agência Brasil. "Mas tem que fazer de forma não gananciosa, dentro dos preceitos ecologicamente corretos", acrescentou.

Ao lado de dois irmãos, Gaúcho tem uma fazenda de 6 mil hectares. Segundo ele, 20% da área foi transformada em pasto, onde cria gado. Outros 300 alqueires, cerca de 1.500 hectares, foram utilizados para desenvolver um projeto de manejo sustentável.

"[A extração por meio do manejo] é uma atividade bem remunerada, muito boa", disse. Ele conta que em dois anos todas as árvores que poderiam ser exploradas foram retiradas. Agora, explica, as remanescentes ficarão intocadas por 25 anos para recompor a floresta. "A rentabilidade foi boa e agora podemos desenvolver projetos [de manejo] menores, mais modernos".

Gaúcho explicou que precisou apressar o início da exploração sustentável porque sua propriedade estava sendo ameaçada de invasão. "Quem tem a madeira é alvo. Os invasores querem pegá-la para vender aos madeireiros ilegalmente".

Segundo ele, as próprias madeireiras incentivam agricultores e assentados a invadir fazendas. Não com o intuito de estimular a reforma agrária, mas para comprar a madeira das áreas ocupadas de forma ilegal e a preços muito mais baixos do que os de mercado. "O problema é que ocorre muita propina", criticou.

Para se ter uma idéia, afirmou Antonio Velho, os madeireiros compram um alqueire de mata por R$ 300. "Eles me fizeram a proposta e não aceitei. Um metro cúbico de Ipê, por exemplo, vale R$ 400. Como não cedi, eles incitam o povo a invadir", acrescentou.

Na avaliação do fazendeiro, os Programas de Desenvolvimento Sustentáveis (PDS`s), idealizados pela missionária norte-americana Dorothy Stang são exemplo de utilização "inteligente" da floresta. "O projeto dela é no sentido de retirar uma pequena área todo ano. Esse é o melhor sistema porque não aumenta a oferta de madeira. É uma oferta permanente e com regularidade. Isso que é interessante para a região", disse.

Para Gaúcho, o cálculo é simples: "Legalmente, podem ser retirados até 60 metros cúbicos de madeira em três hectares. Seiscentos metros cúbicos a R$ 400 o metro cúbico, são R$ 24 mil ou R$ 2 mil por mês. Não existe salário melhor na região".

Ele acrescenta que os agricultores podem trabalhar de forma conjunta. Funcionaria como um esquema de parceria em que o manejo seria desenvolvido em uma área maior e a rentabilidade aumentaria. Os agricultores podem tirar a madeira em um mês e ficar os outros 11 com o dinheiro no bolso e a floresta intacta".

Para essa alternativa se tornar realidade, o fazendeiro acredita que deve haver uma mudança cultural no modo de obter renda por meio da floresta. "Há um paradigma que tem que ser quebrado, de se querer fazer tudo rápido, pegar a madeira, vender tudo de uma vez".

Em sua opinião, a conscientização por meio da implementação de escolas rurais familiares poderia resolver o problema. "Com isso, os jovens seriam estimulados a ficar na terra em vez de ir para a cidade onde, provavelmente, vão inchar as favelas".

Segundo Gaúcho, entre Anapu e Pacajá, uma área superior a 12 mil quilômetros quadrados, só há uma escola rural. "O colono é o melhor ecologista, mas ele não tem conhecimento. A cultura que ele tem é de queimar, cortar, vender, passar para o outro lado. Se ele for instruído, com certeza vai ter consciência da importância da preservação".

Foto: Fazendeiro de Anapu diz que exploração sustentável da floresta é possível (Antônio Cruz, ABr)

Por Ivan Richard Repórter da Agência Brasil.