sábado, 27 de setembro de 2008

Transgênicos: Debate empobrecido


Uma pesquisa realizada na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) avaliou a percepção pública sobre os riscos potenciais dos produtos transgênicos na cadeia alimentar. A conclusão é que o debate está demasiadamente restrito à discussão sobre a rotulagem dos produtos geneticamente modificados, polarizando-se entre os que são “contra” ou a “favor”.

Além da polêmica, a falta de discussão a respeito das incertezas científicas sobre o assunto também contribui para aumentar a desconfiança e a desinformação. De acordo com a autora principal do estudo, Ariadne Chloë Furnival, professora adjunta do Departamento de Ciências da Informação da UFSCar, a predominância de uma contínua justaposição de opiniões “a favor” e “contra” a rotulagem pouco ajuda para o esclarecimento do público. O estudo foi publicado na revista História, Ciências, Saúde – Manguinhos.

“Há muita informação disponível sobre os organismos geneticamente modificados, sobretudo nos artigos acadêmicos e na mídia. Mas, como não existe consenso, inclusive na própria comunidade científica, sobre os possíveis riscos que essa tecnologia possa desencadear na cadeia alimentar, muitas informações existentes sobre o assunto são conflitantes, comprometendo a compreensão pelo público”, disse Ariadne à Agência Fapesp.

Uma compreensão consolidada, segundo a pesquisadora, não poderá ser conseguida a curto e médio prazo, pois haveria ainda muitas incertezas em torno dos transgênicos e de seus possíveis efeitos. Para ela, a polarização em torno do assunto dificulta que essas incertezas sejam abertamente discutidas na mídia brasileira.

“O paradigma predominante de divulgação científica não gosta de conjugar incerteza com ciência. Mas, quando consideramos que a difusão dos organismos transgênicos já é extremamente ampla na cadeia alimentar que atinge a todos nós, a abertura da discussão em torno das incertezas e possíveis riscos se torna uma questão de direitos da cidadania”, afirmou.

O trabalho utilizou o método de grupos focais em cidades do interior de São Paulo. Os participantes foram divididos em oito grupos, formados por estudantes de escolas técnicas, estudantes de engenharia, idosos, catadores de coleta seletiva e trabalhadores no setor de avicultura, entre outros.

Os participantes identificaram a falta de informação compreensível, tanto na mídia como nos rótulos de produtos, como principal fonte de desconfiança em relação aos transgênicos.

Do material reunido junto aos grupos focais, os pesquisadores selecionaram três temas para discussão: alimentos e meio ambiente; percepção de riscos nos transgênicos; e informações sobre organismos geneticamente modificados.

Segundo Ariadne, o estudo parte de uma concepção construtivista. O método que utiliza grupos focais permite a menor intervenção possível dos pesquisadores e do moderador. “A força do método reside no pressuposto de que o indivíduo é um ser social cujas opiniões, atitudes e percepções são formuladas, em grande medida, por meio da interação com outras pessoas e não em isolamento.”

“Como as enquetes consistem de perguntas fechadas, é questionável até que ponto conseguem captar as formas complexas e às vezes ambivalentes com que as pessoas pensam sobre os assuntos polêmicos ainda sob construção na sociedade, como o dos transgênicos na cadeia alimentar”, afirmou.

Dentre as categorias analíticas, o assunto do meio ambiente surgiu espontaneamente, levantado pelos participantes. “Em geral, eles evocaram um passado mais natural, saudável, com mais tempo para cozinhar alimentos frescos, ou mais tempo para até cultivar suas próprias verduras”, disse.

Rótulos e informações

De acordo com a professora da UFSCar, a maioria dos participantes relacionou os alimentos atuais com um meio ambiente danificado e com o uso de agrotóxicos nocivos. “Os participantes de todos os grupos viram esse cenário como inevitável. Pare eles, o passado bucólico e mais saudável não é mais atingível”, disse.

Para Ariadne, foi interessante notar que, mesmo não havendo um debate transparente e aberto na sociedade brasileira sobre os possíveis riscos dos transgênicos na cadeia alimentar, vários participantes apontaram para o fato de que a falta de consenso nas informações divulgadas atesta as incertezas sobre o assunto.

“Os participantes demonstraram uma postura de cautela e mostraram que percebem o risco como algo de longo prazo. Mencionaram efeitos e doenças em gerações futuras ou os efeitos imprevisíveis de, por exemplo, comer muito soja por conta de efeitos supostamente benéficos para a menopausa, exemplo apontado por um grupo de senhoras”, explicou.

A questão da rotulagem dos produtos foi uma das principais discutidas pelo público. Segundo o estudo, essa é apenas uma das dimensões multifacetadas de um debate mais amplo que deveria ocorrer em fóruns públicos. A questão, segundo Ariadne, é se de fato o público lê os rótulos, compreende e consegue assimilar as informações contidas neles.

“Realizamos uma pesquisa subseqüente sobre a leitura dos rótulos e constatamos que eles são lidos por uma minoria, com a exceção da data de validade. E, entre esses, poucos entendem as informações, sobretudo os símbolos como um “T” inserido em um triângulo, que sinaliza a presença de transgênicos”, disse.

Os participantes, segundo ela, acham que a rotulagem é importante, pois pode teoricamente fornecer informações que subsidiem a decisão de compra.

“No entanto, os grupos discutiram o que vem a ser realmente informativo em um rótulo. Ele pode meramente sinalizar a presença dos transgênicos num dado alimento, mas sem uma informação mais aberta e substantiva sobre o que tal presença pode implicar, seja ela positiva ou negativa. A informação torna-se vazia”, afirmou.


Foto, crédito: DEiculgação: Estudo feito na UFSCar avalia percepção pública sobre os riscos potenciais dos produtos transgênicos. Polarização do debate sobre a rotulagem e falta de discussão a respeito das incertezas científicas aumentam desconfiança e desinformação

Por Alex Sander Alcântara, Agência Fapesp.

Fórum de Entidades promove hoje manifestação pela vitalização da Orla do Guaíba

Neste sábado (27/9), o Fórum Municipal de Entidades de Porto Alegre realiza manifestação pela preservação da Orla do Guaíba. Das 10h às 15h30, entre o Museu do Iberê Camargo até o Estaleiro, haverá exposição de fotos da Orla, coleta de assinaturas do abaixo-assinado contra o projeto Pontal do Estaleiro, em trâmite na Câmara de Vereadores, e distribuição de panfletos que objetivam despertar o interesse da população para a preservação da área, enfocando as questões ambientais, urbanística, ética e legal.

A aprovação do projeto só será possível com a modificação da Lei Municipal 470/02, que não permite o uso habitacional na orla do Guaíba. “O empreendedor adquiriu a área sabendo que não estava de acordo com o Plano Diretor e agora quer mudar a Lei para viabilizar um empreendimento milionário e privado”, denuncia a Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), uma das mais de 20 entidades integrantes do Fórum de Porto Alegre, e que está mobilizando o abaixo-assinado, ao lado dos Movimentos Porto Alegre Vive, Solidariedade, Viva Gasômetro e Rio Guahyba (http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/1571).

A área foi adquirida em 2005, via leilão público, pelo valor de R$ 7,2 milhões. Hoje, este empreendimento público-privado está avaliado em torno de R$ 250 milhões. Além do valor econômico existe o artigo 245 da Lei Orgânica, que veda atividades que descaracterizam a Orla. De acordo com os manifestantes, o projeto não possui Eia/Rima (Estudo de Impacto Ambiental). “Os artigos 126 e 127 da mesma lei, que definem que os interesses privados, não podem se sobrepor aos da coletividade”, salienta a presidente da Agapan, Edi Fonseca, ao citar os impactos no trânsito e na infra-estrutura básica, como redes de água e de esgoto, abertura de ruas e sobre o Guaíba.

O projeto prevê a construção de um complexo arquitetônico com seis prédios de 60 mil metros quadrados (sendo quatro prédios residenciais e dois comerciais) na área do antigo Estaleiro Só. “Cada prédio terá o volume do nosso Hospital de Clínicas”, compara Edi.

O empreendimento, estimado em R$ 165 milhões, prevê a construção de quatro edifícios residenciais, um hotel com 200 apartamentos e centro de convenções, estacionamento com 1.449 vagas, dois prédios para escritórios e consultórios, uma marina, um píer para embarcações turísticas, uma esplanada pública de lazer e espaço para bares, restaurantes, lancherias e danceterias.

Questões defendidas

Questão Ambiental - Se aprovado, causará grande impacto ao ambiente natural da região: formarão uma barreira artificial impedindo a passagem dos ventos para a cidade e da luz do sol para a vizinhança, aumento da produção de esgoto cloacal que na região é ligado ao pluvial.

Questão Urbanística - problemas de trânsito pela Av. Padre Cacique, que já terá aumento de fluxo de automóveis pela inauguração do Barra Shopping Sul...

Vocação da Orla - Lazer e recreação é a vocação de qualquer orla no mundo. A construção do empreendimento inviabilizaria a implantação de um grande Parque, que é um anseio da população, independente de classe social. A Orla do Guaíba pertence a toda população da cidade.

Questão Ética e Legal - O empreendedor quando adquiriu o terreno em leilão, pagou um valor mais baixo por estar impedida por lei municipal a construção de prédios residenciais na área. Agora quer que se mude a lei para auferir maiores lucros. Caso a lei seja alterada, o município estará sendo irresponsável com as pessoas que morarão ali!

O projeto de lei que trata do Pontal do Estaleiro foi subscrito por 17 vereadores: Alceu Brasinha (PTB), Bernardino Vendrúsculo (PMDB), Dr. Goulart (PTB), Elói Guimarães (PTB), Haroldo de Souza (PMDB), Maria Luiza (PTB), Maurício Dziedricki (PTB), Nilo Santos (PTB), Valdir Caetano (PR), Almerindo Filho (PTB), Elias Vidal (PPS), Ervino Besson (PDT), João Carlos Nedel (PP), Luiz Braz (PSDB), Maristela Meneghetti (DEM), José Ismael Heinen (DEM) e Nereu D´Avila (PDT), e tem o apoio do vereador Adeli Sell (PT).

As entidades que participam da manifestação Não ao Projeto Pontal do Estaleiro são AGAPAN - Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural, Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, AMABI - Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência, Movimento Viva Gasômetro, Associação Moinhos Vive, AMBI - Associação dos Moradores do Bairro Ipanema, AMA - Associação dos Moradores da Auxiliadora, CCD - Centro Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza, Pedra Redonda, Vilas Conceição e Assunção, CMVA - Conselho Gestor dos Moradores da Vila Assunção, DEFENDER - Defesa Civil do Patrimônio Histórico, Associação dos Moradores da Cidade Baixa, Associação de Moradores do Centro de Porto Alegre, ASCOMJIP - Associação Comunitária Jardim Isabel Ipanema, AMOBELA - Associação dos Moradores da Bela Vista, CEUCAB/RS - Conselho Estadual da Umbanda e dos Cultos Afro-Brasileiros do RS, AMSC - Associação dos Moradores do Sétimo Céu, Movimento Petrópolis Vive, UPV - União Pela Vida, ONG Solidariedade, Movimento Higienópolis Vive, AMACHAP - Associação dos Moradores do Bairro Chácara das Pedras, Instituto BIOFILIA, InGá Estudos Ambientais, NAT/Brasil - Núcleo Amigos da Terra.


Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para EcoAgência de Notícias. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Conselho Administrativo decide que Fepam/RS terá diretor técnico eleito por funcionários

Numa decisão inédita, o Conselho Administrativo da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) aprovou, em reunião segunda-feira (22/09), que o diretor-técnico do órgão será eleito pelos seus funcionários, em data a ser marcada.

Atualmente, o cargo é exercido por uma pessoa indicada pela presidente do órgão, Ana Pellini, que vem tendo sua atuação à frente da Fepam muito contestada por grande parte dos servidores e todo o movimento ambientalista do Estado.

Ela teria saído extremamente irritada da reunião, inclusive porque dois votos favoráveis ao pleito dos funcionários partiram de representantes do próprio governo, segundo relato do presidente da associação dos servidores da fundação, Antenor Pacheco.

A EcoAgência telefonou ao gabinete da presidente e também à Secretaria do Meio Ambiente (Sema), ao qual a Fepam é vinculada, sem contudo conseguir o contato com ela.

Constituição Estadual

Segundo o Estatuto da Fepam (artigo 15 do Decreto Estadual nº 33.765, de 28 de dezembro de 1990), os diretores Técnico e Administrativo são nomeados pelo governador do Estado: um por indicação do presidente da Fundação, e o outro escolhido pelo voto dos funcionários, conforme o art. 25 da Constituição do Estado.

Vinha sendo mantido como representante dos funcionários na diretoria o diretor administrativo, eleito ainda na época do governador Germano Rigotto.

Mas há muito tempo os funcionários reivindicavam para si a escolha do diretor técnico, e na última reunião o assunto entrou em pauta. Pelos servidores compareceram o biólogo Clebes Brum Pinheiro, titular, e a Engenheira Florestal Clarice Glufke, suplente.

O assunto foi à votação e aí veio a surpresa: eles venceram com o apoio dos representantes da Procuradoria Geral do Estado (PGE) e da Secretaria de Ciência e Tecnologia. “Mas o que é que está acontecendo aqui, o que é isso?”, teria dito Pellini, bastante contrariada, segundo os relatos.

Atribuições importantes

Sua contrariedade se explica, uma vez que as atribuições do diretor técnico são muito importantes.

Cabe a ele, nos termos do artigo 16 do Decreto Estadual nº 33.765, de 28 de dezembro de 1990, por exemplo: “Coordenar, executar e controlar a realização de pesquisas, levantamentos e diagnósticos da qualidade ambiental, o planejamento e o zoneamento ambiental”, entre outras prerrogativas.

Ou seja, todas as análises e decisões técnicas passam pelo diretor técnico, inclusive o zoneamento ambiental, que tem sido a maior fonte de crises e polêmicas ambientais no atual governo, devido à implantação de grandes projetos de silvicultura na Metade Sul do Estado.

“A nossa expectativa é que a lei seja cumprida, a categoria tem esse direito e o governo Yeda, infelizmente, já passada quase metade do seu mandato, não cumpre nem sequer as normas constitucionais”, comentou Pacheco.

Engenheiro mecânico e especialista em saneamento ambiental, ele acredita que com um diretor técnico eleito pelos trabalhadores será possível redirecionar a política ambiental da Fepam, “de modo que as barbaridades que vêm ocorrendo, com o descumprimento da própria legislação, sejam estancadas, pelo menos esse é o nosso desejo”, completa.

Pacheco também ficou surpreso, mas satisfeito, com os votos dos dois membros do governo que decidiram a questão a favor dos funcionários.

“Eu interpreto que os represententes da PGE e Ciência e Tecnologia não querem mais ser coniventes com as barbaridades que estão ocorrendo na gestão ambiental do Rio Grande do Sul, dentro do próprio governo estão querendo dar um basta a isso”, finalizou.

Comissão Eleitoral

Uma assembléia dos servidores da fundação, cerca de 220 ao todo, foi marcada para a próxima quarta-feira, às 9h30min, no auditório da sede, quando discutirão as regras e os prazos da eleição e escolherão uma comissão eleitoral.

Além disso, segue tramitando o processo que cinco ONGs movem contra Pellini, no 1º. Juizado da 1ª. vara da Fazenda Pública. As entidades contestam a atuação de Pellini e pedem sua destituição imediata do cargo.

O advogado do processo, Christiano Ribeiro, afirma que a decisão do Conselho de Administração pela eleição do cargo técnico reforça a idéia do processo, de que a isenção técnica da Fepam na análise dos licenciamento ambiental precisa ser retomada.

“Essa medida (eleição) vai garantir que a Fepam retome o grau de isenção e responsabilidade que o órgão sempre procurou ter ao longo de sua história”, disse.

Segundo ele, hoje uma leiga (Pellini) indica pessoas a quem pressiona para decidirem os licenciamentos como ela quer que aconteçam.

Por Ulisses A. Nenê, para a EcoAgência. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

NEJ/RS promove debate sobre licenciamento e qualidade da água na próxima terça-feira, 30

Gestão das águas: interfaces com o licenciamento e a qualidade ambiental é o tema do painel que marca a volta do projeto Terça Ecológica, promovido pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul. O evento integra a XV Semana Interamericana da Água e VIII Semana Estadual da Água, que vai de 27 de setembro a 4 de outubro. A Terça Ecológica será realizada no Plenário João Neves da Fontoura, na Assembléia Legislativa, em Porto Alegre, no dia 30, terça-feira, às 19h.

Para tratar do assunto, falarão o engenheiro civil Márcio Rodrigues de Freitas, que exerceu as funções de coordenador geral de Controle e Qualidade Ambiental e de diretor de Qualidade Ambiental do Ibama em Brasília, e o médico veterinário Luiz Felippe Kunz Jr., que ocupou os cargos de coordenador geral de Licenciamento e de diretor de Licenciamento na gestão de Marina Silva, também no Ibama.

Os dois têm ampla experiência na área, não só em Brasília, mas no Estado, e conhecem bem a realidade ambiental de Porto Alegre e do Rio Grande do Sul. Márcio hoje é engenheiro da Corsan, mas já foi diretor adjunto do Departamento de Recursos Hídricos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, e Felippe integra a equipe de técnicos da Vigilância em Saúde na Prefeitura da capital, mas ocupou os cargos de coordenador da Vigilância em Saúde de Porto Alegre e diretor do então Departamento de Recursos Naturais Renováveis e do Departamento de Florestas e Áreas Protegidas da Sema/RS.

Eles explicarão como funcionam os mecanismos de gestão e controle dos recursos hídricos no país. A Diretoria de Qualidade do Ibama, por exemplo, é responsável pela emissão de registros de agrotóxicos e pelas regras para o controle de resíduos. Já o Licenciamento Federal é encarregado de apontar condicionantes para a instalação de empreendimentos de alto impacto, que envolvam áreas da nação ou em fronteiras entre países e Estados.

Mais informações:
Silvia Franz Marcuzzo (51-9267-9144) silviamarcuzzo@gmail.com; e Adriane Rodrigues (51-9813-1785) aagues@via-rs.net, integrantes do Núcleo de Ecojornalistas do RS.

Estudantes vão mostrar na Feira Ecológica de Porto Alegre arte nas sacolas de pano

Na quarta edição do "dia sem sacolas plásticas", a Feira dos Agricultores Ecologistas (FAE) de Porto Alegre apresenta uma exposição de sacolas pintadas pelos alunos do colégio ACM.

Neste sábado, 27 de setembro, mais de 50 sacolas serão exibidas pela professora Isabel Preto e alguns artistas do ensino médio e das séries finais do fundamental.

"Sou assídua freqüentadora da feira" explica Isabel, que levou para a escola a proposta da campanha "menos plástico mais saúde" desenvolvida pela FAE desde novembro de 2006.

"Uma ação prática para reduzir o uso de plástico é permitir que os alunos criem as suas próprias sacolas, utilizando variadas cores para marcar o algodão com as suas idéias criativas".

Sacolas com as mais diversas cores e padrões ficam expostas das 9 às 13h, ao lado da banca dos tomates, na primeira quadra da José Bonifácio, em Porto Alegre.

No "dia sem sacolas plásticas" as bancas da feira suspendem a distribuição de sacolinhas brancas, estimulando os clientes para trazerem consigo embalagens para transportar suas compras.

Para os desavisados, uma banca especial vende sacolas de algodão e, também, de um plástico mais resistente, localizada no centro da feira.

Nas edições anteriores, a FAE parou de entregar mais de 100 mil embalagens aos seus freqüentadores.

"Em cada dia de campanha cerca de 30 mil sacolinhas brancas deixam de chegar ao meio ambiente. Contando a redução de consumo também nos outros sábados, estimamos que o número total na diminuição do plástico ultrapasse 120 mil unidades que foram substituídas por embalagens reaproveitáveis", conta Pedro José Lovatto da comissão da FAE.

Para outubro, mês em que a FAE completa 19 anos, a comissão está organizando novas ações que reduzam ainda mais o consumo de plástico para embalar os alimentos limpos, livres de adubos químicos e agrotóxicos, oferecidos pela feira.

Por Cláudia Dreier, da assessoria da FAE. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Abertura da Semana da Água neste sábado terá participação de Hique Gomes

O Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) realiza no sábado, 27, a abertura da Semana da Água. A ação que integra a 15º Semana Interamericana da Água em parceria com a Associação Brasileira de Engenharia Ambiental (Abes-RS), terá como principal atração o ator da dupla "Tangos e Tragédias" Hique Gomes que vai apresentar, por meio do personagem "Mundinho", uma reflexão sobre o meio ambiente e a água. Hique também vai lançar oficialmente um site de proteção a água que tem o seu apoio.

Campanha trabalha conceito de combate às perdas de água: intitulada "Não dá para perder. Temos um futuro para proteger" o conceito da campanha chama a atenção para a responsabilidade do Dmae e da comunidade no combate às perdas de água e vai além da orientação de como poupar. A idéia é sugerir uma reflexão à população e também aos servidores, brincando com o verbo perder. "Não dá para perder a semana da água; não dá para perder tempo na preservação; mas acima de tudo, não dá para perder água na operação".

Estão previstas ações de sensibilização para os servidores e também para o público em geral. Mais informações podem ser obtidas no site do Dmae www.dmae.rs.gov.br e da ABES-RS http://www.abes-rs.org.br/semana_da_agua/2008.


Confira a programação:
Sábado - 27/9, das 9h às 12h: abertura oficial da semana na Estação de Tratamento de Água Moinhos de Vento (Rua 24 de Outubro, 200). Com Show de Hique Gomes; visita orientada dos servidores do Dmae e seus filhos; e apresentação da Esquete Teatral com a Equipe de Educação Ambiental do Dmae. Aberto ao público.

Quarta - 01/10 a tarde: gincana ambiental na Estação Moinhos de Vento (24 de outubro, 200). Atividade com escolas pré-inscritas.

Sexta - 03/10 ao meio dia: Exibição do filme "Saneamento Básico". Para os servidores do Dmae.

Sábado - 04/10 a partir das 12h: atividades com a Educação Ambiental do Dmae na Ilha da Pintada. Aberto ao público.

De 29/9 a 15/10: exposição Água e Esgoto em Foco nos cinco postos de atendimento comercial do Dmae. Aberto ao público.


Pela Coordenação de Comunicação (Unidade Técnica - UTE)
Dmae - Departamento Municipal de Água e Esgotos de Porto Alegre

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Porto Alegre: espigão da Lima e Silva não tem licença

"A empresa que está construindo o prédio na Lima e Silva não tem licença para cortar as árvores nativas da área".

A afirmação é do secretário municipal do Meio Ambiente, Miguel Tedesco Wedy, em reunião com a vereadora Sofia Cavedon (PT) e a Comissão de Moradores da Cidade Baixa, bairro de Porto Alegre.

No encontro, realizado ontem (25/09) pela manhã na Smam, foi solicitada ao Secretário a urgente fiscalização na área, pois os moradores suspeitam que a empresa responsável pela polêmica obra do espigão esteja matando as árvores nativas de uma outra forma, que não as cortando.

Conforme Sofia os moradores entrarão com mais uma denuncia no Ministério Público, solicitando o embargo da obra, pois a empresa não tem autorização nem mesmo para a instalação do showroom que está em andamento.

"Eles vão pedir que o projeto seja apresentado sem o corte das árvores", destacou a vereadora.

Neste domingo (28), às 16h, os moradores da Cidade Baixa farão mais uma manifestação de repúdio ao espigão da Lima e Silva. O ato será em frente ao Centro Comercial Nova Olaria.

O empreendimento afetará diretamente a qualidade de vida dos moradores do bairro, característico pelas suas casas do estilo açoriano e prédios de no máximo nove andares.

A preocupação dos moradores é com o impacto que uma construção de 19 andares acarretará, em médio prazo, e permanentemente, se for efetivada.

Eles lamentam que o Executivo Municipal não tenha consultado a comunidade, conforme garante a Lei de Impacto de Vizinhança.

Para os moradores as conseqüências vão desde a descaracterização do bairro com um prédio que foge completamente às dimensões do que se tem na Cidade Baixa, passando pelo impacto ambiental, pois derrubará árvores que abrigam comunidades de papagaios (foto) e outros pássaros.

Também compromete a infra-estrutura e saneamento do bairro, além do sistema viário que já é caótico na região. O espigão acabará com a luminosidade e o sol de muitas casas no entorno da obra.

Leia mais clicando aqui.

Por Marta Resing, da assessoria de imprensa. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Envolverde realiza Encontro Latino-Americano de Comunicação em São Paulo


Estão abertas as inscrições para o 1º Encontro Latino-Americano de Comunicação e Sustentabilidade, que será realizado de 16 a 18 de outubro, em São Paulo. Com o tema central sobre As Novas Pautas da Sustentabilidade, o evento terá como linhas temáticas a Amazônia, a Água e a Energia. “Estes são os temas de maior desafio para a América Latina no presente e nos próximos anos e, também, são os setores que exigem dos profissionais de comunicação um olhar com a transversalidade da sustentabilidade”, destaca Adalberto Wodianer Marcondes, jornalista e coordenador do evento.

O objetivo principal deste encontro é ser um espaço de diálogo entre os diversos atores das pautas jornalísticas, de forma a mostrar para profissionais dos meios de comunicação e das assessorias que Amazônia, Água e Energia são os temas do século XXI para a mídia. “Empresas, ONGs e governos estão atuando fortemente nestas três vertentes e a comunicação social tem de acompanhar os esforços e oferecer uma visão integrada das iniciativas”, observa Marcondes, que também é editor da Envolverde – Revista Digital de Meio Ambiente e Desenvolvimento e do Instituto Envolverde.

As inscrições podem ser feitas através da internet no Blog do Instituto Envolverde: http://institutoenvolverde.blogspot.com/ Até o dia 30/9, 15% de desconto, ou seja, R$ 255,00 por pessoa. Em outubro, a inscrição custará R$ 300,00. Para grupos, é sugerido consultar valor através do instituto@envolverde.org.br

Programação

16 DE OUTUBRO - AMAZÔNIA
8h00 – Credenciamento
9h00 - Abertura: Adalberto Marcondes - presidente do Instituto Envolverde
Fernando von Zuben – Diretor de Desenvolvimento Ambiental da Tetra Pak
9h15 - Palestra Magna: Sustentabilidade: um novo modelo para o século XXI
Marina Silva - senadora e ex-ministra do meio ambiente
10h30 – Mesa redonda: Amazônia e Sustentabilidade
Moderador: Adalberto Marcondes - presidente do Instituto Envolverde
João Meirelles – diretor do Instituto Peabiru
Caio Magri - assessor de políticas públicas do Instituto Ethos
Nelson Cabral - gerente setorial de segurança, meio ambiente e saúde da Petrobras
14h00 – Mesa redonda: Sustentabilidade na Mídia
Moderador – Ricardo Voltolini - Jornalista, diretor de redação da revista IdéiaSocioambiental e consultor da Oficio Social
Joaquin Costanzo — diretor para a América Latina da IPS
Luciano Martins - editor do Observatório da Imprensa
Eduardo Acquarone — Editor dos programas Fantástico, Profissão Repórter e criador do site Globo Amazônia
16h30 – Apresentação da Associação Preserve Amazônia
Marcos Mariani
16h40 – Mesa redonda: Sustentabilidade como Conceito
Moderador — Vilmar Berna - Fundador da Rebia e editor da Revista Meio Ambiente
Beatriz Bulhões – Diretora do CEBDS
Rogério Ruschel – Consultor em RSE e comunicação
Flávia Moraes — Consultora em sustentabilidade empresarial

17 DE OUTUBRO - ÁGUA
9h00 – Palestra Magna: Insumo Econômico e Direito Social
José Machado - Presidente da Agência Nacional de Águas (ANA)
10h15 – Apresentação de projeto da Fundação Banco do Brasil
10h30 – Mesa redonda: Água no século XXI
Moderador: Peter Milko - Diretor Geral da revista Horizonte Geográfico
Cecy Oliveira - Diretora da Águaonline
Rosane Aguiar – Gerente de Meio Ambiente da Petrobras
Pedro Jacobi — Professor titular do Procam-USP
14h00 – Mesa redonda: Imprensa e mudanças climáticas
Moderadora — Fátima Cardoso - Vice-presidente do Instituto Envolverde
Paulo Artaxo — Professor titular do Instituto de Física - USP
Guilherme Canela — Coordenador de Relações Acadêmicas da Andi (Agência de Notícias dos Direitos da Infância)
Paulina Chamorro — Coordenadora de meio ambiente e cidadania da Rádio Eldorado
16h30 – Mesa redonda: Comunicação corporativa da sustentabilidade
Moderador – Andréa de Lima - Gerente de projetos corporativos da Envolverde
Fabio Feldmann – Secretário do Fórum Paulista de Mudanças Climática e Biodiversidade
Sonia Favaretto - superintendente de responsabilidade socioambiental do Itaú
Luiz Fernando Nery – Gerente de Comunicação Nacional da Petrobras

18 DE OUTUBRO - ENERGIA
9h00 – Palestra Magna: Caminhos energéticos do Brasil
Ladislau Dowbor – professor titular da PUC São Paulo
10h15 – Apresentação do jornalista e fotógrafo Haroldo Castro
10h30 – Mesa redonda: A Energia para o Desenvolvimento
Moderador: Luciano Martins Costa - Editor do Observatório da Imprensa
Karen Suassuna — Analista em Mudanças Climáticas do WWF
Eduardo Martins — Diretor da E-labore
palestrante a confirmar
14h00 – Mesa redonda: A Energia na Mídia
Moderador – André Trigueiro - Editor-chefe do quadro Mundo Sustentável
Paula Scheidt –Editora de Comunicação do Carbono Brasil
Roberto Schaeffer - Professor Associado da COPPE/UFRJ
Celso Ming — a confirmar - jornalista de O Estado de S. Paulo
16h30 – Mesa redonda: O Continente da Biomassa
Moderador – Alex Branco - jornalista especializado em agronegócio
Ignacy Sachs – professor da Universidade de Paris
Luis Fernando Laranja – coordenador do programa de agricultura e meio ambiente do WWF
Roberto Waack — Presidente do conselho consultivo do ARES (Instituto para o agronegócio responsável)

Experiência

O envolvimento de Marcondes na área ambiental é inquestionável. Além de editor da Revista Digital Envolverde, Marcondes é moderador dos debates e discussões da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental, membro do GT de Comunicação Ambiental como representante das mídias ambientais.

A Envolverde organizou o 1º Congresso Brasileiro do Jornalismo Ambiental, em 2005, na cidade de Santos – SP, quando mobilizou mais de 1.200 jornalistas, profissionais e estudantes de comunicação para debater a prática do jornalismo ambiental no Brasil e em diversos outros países. Estiveram presentes jornalistas de 14 países e de 20 estados brasileiros. Também apoiou a realização do 2º Congresso Brasileiro do Jornalismo Ambiental, realizado no ano passado em Porto Alegre pelo Núcleo de Ecojornalistas do RS.

Entre outros eventos e participações no Brasil e no exterior, nesta semana, o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social anunciou o jornalista Adalberto Wodianer Marcondes como o grande vencedor do “Prêmio Destaque Rede Ethos de Jornalistas”, categoria de premiação do 8º Prêmio Ethos de Jornalismo – Edição Especial. A votação on-line foi encerrada no último dia 18 de setembro e envolveu todos os finalistas desta edição. Jornalistas da Rede elegeram o vencedor, dentre todos os finalistas. Os vencedores de cada categoria da premiação (fotojornalismo, jornal, rádio, revista, televisão e Prêmio Destaque Rede Ethos de Jornalistas) serão os grandes destaques do Seminário que o Instituto Ethos realiza no dia 30 de setembro de 2008, das 9h30 às 18h, no Espaço Rosa Rosarum (Rua Francisco Leitão, 416 – Pinheiros – São Paulo/SP).

Foto: Amazônia é um dos eixos temáticos a serem abordados

Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para EcoAgência de Notícias. Reprodução autorizada, citando a fonte.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Árvores nativas são sucesso na Semana da Primavera



Por Miriam Prochnow e Geraldine Maiochi*

Setembro sempre foi um mês especial para o Viveiro Jardim das Florestas. É o mês em que se comemora o dia da árvore e o início da primavera, mas também um mês em que as pessoas se animam muito em plantar árvores e por isso a movimentação no viveiro é grande.

Grande por conta do número de mudas que são preparadas para deixar o viveiro rumo ao seu destino final e também porque começa a época em que se intensifica a coleta de sementes.

Em setembro foram coletas muitas sementes de várias espécies de ipês, que virarão belas mudas de árvores para serem plantadas no ano que vem.

Este mês também foi intenso na realização de mutirões de plantio por parte de empresas, que também distribuíram mudas aos seus funcionários.

Durante o mês de setembro, foram retiradas do viveiro “Jardim das Florestas”, cerca de 100.000 mudas de árvores nativas.

Dessas, 40 mil foram destinadas ao Programa Matas Legais em parceria com a Klabin e outras 30 mil foram retiradas pelo Supermercado Archer, que há 11 anos mantém parceria com a Apremavi.

Oito mil foram para a Adami e 3 mil para a Malwee, que também mantém um amplo programa de plantio de nativas durante o ano todo.

Mas não foram só as empresas e as grandes quantidades que fizeram a movimentação no viveiro.

Inúmeras pessoas como Tarcisio Polastre, Josemir Trentini e Joelson Eger retiraram entre 20 e 30 mudas cada um, ou o exemplo de Osni Schiestl que pegou 600, contribuindo dessa forma com a melhoria da qualidade de vida nas suas comunidades.

A certeza é de que todas essas mudas irão colaborar na amenização dos efeitos das mudanças climáticas e embelezarão os lugares onde forem plantadas.

Foto: Edinho Schaffer (Mudas nativas prontas para seguirem rumo ao plantio).

Mostardas realiza VIII Festival de Aves Migratórias em outubro

Muitos pássaros voando e nenhum na mão. O momento é de apreciar e se deleitar com os inúmeros bandos de aves que nesta época do ano retornam da América do Norte para onde migram anualmente antes do inverno.

As aves sobrevoam a cidade de Mostardas, 200 km ao sul de Porto Alegre/RS, localizada na região peninsular do Brasil, entre a Laguna dos Patos e o Oceano Atlântico, próxima ao Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Muitas espécie permanecem nesta região até o próximo outono para se alimentar e reproduzir.

Mostardas resolveu comemorar este raro momento de manifestação da natureza com o Festival Brasileiro das Aves Migratórias, que já está na oitava edição e neste ano acontece de 15 a 19 de outubro. O evento é aberto para apreciadores da natureza, pesquisadores e estudantes.

O Festival também promove a consciência ambiental e um olhar dedicado para a importância de preservar a grande biodiversidade de todo o ecossistema local, que possui característica ímpar no Rio Grande do Sul. A Lagoa do Peixe, assim como toda região, é um dos redutos para estes animais, dentre os quais, o flamingo chama muito a atenção. Cisne do pescoço preto, coscoroba, flamingo chileno, maçarico do bico torto, maçarico de sobre branco, maçarico de papo vermelho, entre outros.

O VIII Festival Brasileiro das Aves Migratórias oferece ainda aos visitantes gastronomia típica açoriana, artesanato local diversificado como em lã e miniatura de aves, oficinas, palestras gratuitas, saídas de campo para observar as aves migratórias e passeios turísticos (na Lagoa do Peixe passeio gratuito). A programação inclui shows musicais, sarau e o lançamento do livro “Mostardas e Tavares Sob as Lentes do Turismo” escrito por acadêmicos de turismo da Universidade Luterana do Brasil - Ulbra/Torres.

Os mini cursos com duração de três dias cada, iniciam na quinta, dia 16. com os temas Identificação, Pesquisa e Conservação de Aves Costeiras, Técnicas de Amostragens e Análise em Ecologia de Aves, Ecologia e Conservação de Maçaricos Migratórios no Estuário da Lagoa do Peixe. O custo é de R$ 40,00 e inclui o transporte para as saídas de campo no Parque Nacional da Lagoa do Peixe. Todas as palestras serão gratuitas.


Serviço

Hotéis: É possível se hospedar a partir de 15,00 (quinze reais) a diária sem café da manhã e 25,00 (vinte e cinco reais) com café da manhã.

Camping: Consulte o site.

Alimentação: Restaurantes locais oferecem refeições a partir de R$ 7,00.

Como chegar: Mostardas fica a 200 km de Porto Alegre. Rodovias asfaltadas, sendo que 120 km do asfalto estão em mau estado de conservação. Saídas diárias de ônibus de Porto Alegre a Mostardas.

Clima : Subtropical úmido. Temperatura média de 16,5º C. Traga boné, filtro solar e roupas para frio e calor

Mais informações no site: www.festivaldasaves.com.br

Por Vera Mari Damian, especial para a EcoAgência - veradamian@ecoagencia.com.br

Seminários sobre Agroecologia estão com inscrições abertas no site da Emater/RS-Ascar


Estão abertas as inscrições para o X Seminário Estadual e IX Seminário Internacional sobre Agroecologia, que serão realizados entre os dias 25 e 27 de novembro, em Porto Alegre. Com o tema central “O estado da arte da Agroecologia”, os eventos acontecem no Auditório Dante Barone da Assembléia Legislativa. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas através do site da Emater/RS-Ascar http://www.emater.tche.br/site/inicial/ptbr/php/index.php
clicando em Áreas Técnicas ou em Eventos, na janela de rolagem, onde aparece ::'X Seminário Estadual Sobre Agroecologia'::

Composta por representantes da Emater/RS-Ascar, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Assembléia Legislativa, Embrapa e várias outras instituições, a Comissão Organizadora está elaborando a programação, que deverá enfocar o estado da arte da Agroecologia na pesquisa, na extensão rural, no ensino e no consumo ético, com relato de experiências de agricultores. Também haverá a já tradicional Feira da Biodiversidade, com exposição de elementos da biodiversidade no espaço externo da Assembléia Legislativa.

Objetivos

As inscrições iniciaram no último dia 15 e até hoje, dia 23, ultrapassaram 100 inscritos. De acordo com a Comissão Organizadora, o objetivo geral do IX Seminário Internacional sobre Agroecologia e X Seminário Estadual sobre Agroecologia é "contribuir no processo de construção paradigmática para orientar estilos de agricultura de base ecológica e estratégias de desenvolvimento rural sustentável, tomando-se como referência a sustentabilidade e sua relação com a preservação de recursos naturais, com o manejo de agroecossistemas e com a ética socioambiental".

O Tema Chave “Estado da Arte da Agroecologia” já foi definido no ano passado, em oficina específica, com participação de representantes das entidades e instituições promotoras e apoiadoras. “Acreditamos que o evento de Agroecologia desse ano, a partir de abordagens teórico-conceituais e de relatos de experiências práticas relativas aos principais eixos temáticos, poderá seguir dando reais e significativas contribuições na construção da sustentabilidade agrícola e rural”, destaca Dulphe Pinheiro Machado Neto, coordenador dos eventos pela Emater/RS-Ascar.

A próxima reunião da Comissão Organizadora deverá acontecer no dia 3 de outubro, sexta-feira, a partir das 9h30, no Escritório Central da Emater/RS-Ascar, em Porto Alegre.

Foto: Kátia Marcon / Emater/RS-Ascar

Informações: Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar (www.emater.tche.br)

Governo pretende tirar da Funasa o atendimento à saúde indígena

Aguarda indicação de relator na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados o Projeto de Lei 3.958/2008, de autoria do Poder Executivo, que retira da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) a atribuição de atender a população indígena.

Com a mudança, as políticas de saúde indígena ficarão a cargo de um departamento (ainda sem nome) da futura Secretaria de Atenção Primária à Saúde, a ser criada após a aprovação do projeto de lei na Câmara, que depois seguirá para o Senado.

O governo federal também pretende dar autonomia financeira e a administrativa aos distritos sanitários especiais indígenas (Dseis) e criar uma carreira no serviço público (por meio de concurso) para o atendimento aos indígenas.

As mudanças foram divulgadas na reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), realizada no último dia 18, por Claunara Mendonça - diretora de do Departamento de Atenção Básica da Secretaria de Atenção à Saúde (SAS), e representante do ministro da Saúde, José Gomes Temporão na reunião.

O anúncio do governo foi bem recebido por indigenistas. Para o antropólogo Rogério Duarte do Pateo, integrante do Instituto Sócio-Ambiental (ISA), é uma “solução acertada”. “Do Iapoque ao Chuí, a situação da saúde indígena é absolutamente catastrófica”, avalia. “Você pode ir para todos estados do Brasil e vai ver que não tem um remédio na prateleira e a infra-estrutura de transporte está totalmente sucateada, quando não ausente.”

De acordo com Paeto, os procedimentos adotados pela Funasa a partir de 2004 “travaram o atendimento” das comunidades indígenas. Segundo explica, há um descompasso entre as compras de remédio e contratação de transporte, centralizadas na Funasa; e a contratação do pessoal de atendimento, a cargo de prefeituras, organizações indígenas e organizações não-governamentais (ONGs).

Na opinião do médico Cláudio Esteves de Oliveira, da Comissão Pró-Yanomami (CCPY), a iniciativa do Ministério da Saúde é “muito positiva” e “facilita o controle social pelos indígenas”. O médico é crítico quanto à atuação da Funasa, que “não tem vocação” e sofre com a “falta de recursos humanos”.

Oliveira diz que “os problemas são sistemáticos, falta combustível, há interrupção no fornecimento do medicamentos. Além disso, ecursos dos convênios não são transferidos regularmente e os funcionários ficam sem salário.”

Claunara Mendonça, do Ministério da Saúde, admite os problemas e considera que a morbidade dos indígenas corresponde à situação epidemiológica que o país enfrentava há 60 anos. “Hoje a estrutura traz muitos problemas na questão da burocracia da compra de insumos e da contratação de transporte”, resume a dirigente do ministério.}

Segundo Mendonça, a descentralização da gestão e autonomia dos distritos sanitários indígenas terão início no próximo ano. Um grupo de trabalho interno do Ministério da Saúde discutirá os “limites da autonomia” dos Dsei. Indigenistas reclamam da ausência de índios no grupo de trabalho.

O Ministério da Saúde e o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão estimam que a futura Secretaria de Atenção Primária à Saúde, com cerca de 120 cargos comissionados, custará R$ 8,780 milhões ao ano. A reportagem procurou a assessoria de comunicação da Funasa, que preferiu não se pronunciar.


Por Gilberto Costa, repórter da Rádio Nacional da Amazônia.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

A partir de hoje a Terra estará no vermelho: 'Exauridos os recursos do ano', alertam os cientistas

A partir de hoje viajaremos com as contas no vermelho e consumiremos mais recursos do que aqueles que a natureza fornece de modo renovável. Estamos comendo o capital biológico acumulado em mais de três bilhões de anos de evolução da vida: nem mesmo uma superintervenção como a do governo dos Estados Unidos para tapar os buracos dos bancos americanos bastaria para reequilibrar nossa relação com o planeta. Dia 23 de setembro é o Earth Overshoot Day [dia da ultrapassagem dos limites da Terra, ndt]: a hora da bancarrota ecológica.

A reportagem é de Antonio Cianciullo e publicada pelo jornal La Repubblica, 22-09-2008.

Dia 23 de setembro é o Earth Overshoot Day, que em 1955 se desencadeou quase dois meses mais tarde. As projeções das Nações Unidas: sem adoção de medidas, em 2050 encerraremos no dia primeiro de julho.

É o dia em que a renda anual à nossa disposição acaba e os seres humanos vivos continuam a sobreviver pedindo um empréstimo ao futuro, ou seja, retirando riqueza aos filhos e aos netos. A data foi calculada pelo Global Footprint Network, a associação que mensura a pegada ecológica, ou seja, o sinal que cada um de nós deixa sobre o planeta retirando aquilo de que necessita para viver e eliminando o que não lhe serve mais, os rejeitos.

O dia 23 de setembro não é uma data fixa. Por milênios o impacto da humanidade, em nível global, foi transcurável: era um número irrelevante no que se refere à ação produzida pelos eventos naturais que modelaram o planeta. Com o crescimento da população (o século vinte começou com 1,6 bilhões de seres humanos e concluiu com 6 bilhões de seres humanos) e com o crescimento do consumo (o energético aumentou 16 vezes durante o século passado) o quadro mudou em períodos que, do ponto de vista da história geológica, representam uma fração de segundo.

Em 1961 metade da Terra era suficiente para satisfazer as nossas necessidades. O primeiro ano em que a humanidade utilizou mais recursos do que os oferecidos pela biocapacidade do planeta foi 1986, mas, daquela vez o cartãozinho vermelho se ergueu no dia 31 de dezembro: o dano ainda era moderado. Em 1995 a fase do superconsumo já devorara mais de um mês de calendário: a partir de 21 de novembro a quantidade de madeira, fibras, animais e verduras devoradas ia além da capacidade dos ecossistemas de se regenerarem; a retirada começava a devorar o capital à disposição, num círculo vicioso que reduz os úteis à disposição e constringe a antecipar sempre mais o momento do débito.

Em 2005, o Earth Overshoot Day caiu no dia 2 de outubro. Neste ano já o adiantamos para o dia 23 de setembro: já consumimos quase 40 por cento a mais do que aquilo que a natureza pode oferecer sem se empobrecer. Segundo as projeções das Nações Unidas, o ano no qual – se não se tomarem providências – o vermelho vai disparar no dia primeiro de julho será 2050. Isto significa que na metade do século precisaremos de um segundo planeta à disposição. E, visto que é difícil levantar para aquela época a hipótese de uma transferência planetária, será preciso bloquear o superconsumo agindo numa dupla frente: tecnologias e estilos de vida.

O esforço inovador da indústria de ponta produziu um primeiro salto tecnológico relevante: no campo dos eletrodomésticos, da iluminação, da calefação das casas, da fabricação de algumas mercadorias o consumo se reduziu notavelmente. Mas, também os estilos de vida desempenham um papel relevante. Para nos convencermos disso basta confrontar o débito ecológico de países nos quais os níveis de bem-estar são semelhantes. Se o modelo dos Estados Unidos fosse estendido a todo o planeta, precisaríamos de 5,4 Terras. Com o estilo do Reino Unido se desce a 3,1 Terras. Com a Alemanha a 2,5. Com a Itália a 2,2.

“Temos um débito ecológico igual a menos do que a metade daquele dos States, mesmo para nossa adesão às raízes da produção tradicional e para a liderança no campo da agricultura biológica, a de menor impacto ambiental”, explica Roberto Brambilla, da rede Lilliput que, junto com a WWF, cuida da difusão dos cálculos do rastro ecológico. “Mas, também para nós a caminhada para o objetivo da sustentabilidade é longa: servem-nos menos obras prejudiciais como a Ponte sobre o Estreito e mais reflorestamento para reduzir a emissão de gás serra e os desmoronamentos”.


Extraído do http://www.unisinos.br/_ihu/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=16861

Há muito em jogo

Por Hernán Sorhuet Gelós

Saber mais implica tomar maior consciência de quanto ignoramos. É o paradoxo que acompanha o intelecto humano. Quanto tem aumentado nosso conhecimento da realidade que nos rodeia. Sabemos que somos parte indissolúvel do ambiente, e também que sua estrutura e funcionamento seguem determinadas leis e regras.

A deterioração da diversidade biológica e a extinção de espécies deixaram de ser conseqüências aceitáveis do aumento da população humana e o desenvolvimento, para transformarem-se em uma preocupação real vinculada estreitamente à sobrevivência da humanidade. Mas, como todo processo que se dá com certo gradualismo, tende a anestesiar nossa consciência e a limitar nossa capacidade de reação.

Uma pergunta que surge uma e outra vez, é porque é importante evitar o desaparecimento de espécies. De fato, é um fenômenos que tem ocorrido sempre... e o mundo tem continuado e continua.

Em primeiro lugar, é preciso dizer que as ações humanas têm acelerado de maneira alarmante o processo de extinção, fundamentalmente pela alteração dos ecossistemas através da aplicação de tecnologias de alto impacto ecológico (urbanização, desmatamento, drenagem de banhados, sobreexploração de recursos da fauna), e de processos altamente contaminantes.

Em segundo lugar, o empobrecimento da diversidade biológica implica problemas práticos, éticos e até estéticos. Quando provocamos a diminuição de populações silvestres de animais e plantas, ou a extinção de espécies, estamos deteriorando o ecossistema. Um sistema do qual dependemos de maneira direta ou indireta. Em outras palavras, é como se tirássemos algumas peças de um automóvel. Sem elas, talvez siga funcionando, mas é evidente que já não cumprirá todas as funções que tinha quando foi fabricado. Continuando esse processo, chegará um momento em que deixará de funcionar.

Ao mesmo tempo estamos perdendo informação. O que isso significa? Significa que por insignificante ou desagradável que pareça uma espécie, é possível que contenha em seus gens, em seus componentes, informação muito valiosa.

Cada espécie constitui uma reserva genética única e irrepetível. Pode conter a informação necessária para solucionar um problema importante, como por exemplo ter um princípio ativo que cure uma enfermidade. Abundam os exemplos em farmacologia, ainda que saibamos que recém descobrimos uma ínfima parte de todo o tesouro que esconde a natureza.

Do ponto de vista ético, é evidente que como seres vivos valorizamos a vida como um bem em si mesmo. Portanto, a conservação das espécies é um princípio ético importante a respeitar.

Quanto à estética, a sensibilidade humana admira, desfruta e necessita da beleza da natureza para alcançar significativos níveis de prazer e paz espiritual. Não é um tema menor a discussão sobre conservação, pois sua presença sem dúvida complementa o desenvolvimento e a estabilidade do indivíduo.

A conclusão é inquietante. Se são tantos os valores em jogo, o saldo final da conduta atual dos seres humanos, em matéria de extinção e degradação ambiental, marcará quais são nossas próprias possibilidades de sobrevivência.

*O autor é jornalista no Uruguai, onde escreve sobre meio ambiente para o El País, de Montevidéo. Tradução de Ulisses A. Nenê. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

“Minha família está triste, as crianças estão tristes, a gente sente muita dor”



A movimentação e os murmúrios no auditório da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul cessaram, hoje pela manhã, quando começou a falar o cacique Santiago Franco, um típico mbya-guarani: estatura pequena, aparência frágil, voz indignada.

“Há muitos anos isso vem acontecendo, não só com a minha família, com outras famílias também”, afirmou Santiago, ao começar seu depoimento, um protesto emocionado, que silenciou totalmente o auditório.

Ele estava se referindo ao despejo que sofreu do acampamento onde vivia com quatro famílias guaranis, na beira da Estrada do Conde, em Eldorado do Sul, dia primeiro de julho, numa ação da Brigada Militar que cumpria uma ordem judicial de reintegração de posse.

Santiago acabou preso (foto), enquanto os demais, incluindo mulheres e crianças assustadas, viam seus barracos serem destruídos e eram levados embora.

Lideranças guaranis, representantes de entidades indigenistas e antropólogos estavam juntos com Santiago na AL para protestar e cobrar providências.

Principalmente, a demarcação de terras que garanta um lugar para viver a essa comunidade que soma cerca de dois mil índios no Estado – já foram milhares – sem contar os guaranis que vivem nos países vizinhos.

Despejo gravado

O despejo das famílias guaranis foi gravado em vídeo pelo Núcleo de Antropologia das Sociedades Indígenas Tradicionais da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (clique aqui para assistir).

A repercussão provocou a convocação da audiência pública na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, presidida pelo deputado Marquinhos Lang (DEM), mas não havia ninguém representando a Brigada Militar.

Primeiro a falar, Santiago reclamou que os mbya-guaranis- os guaranis do Sul do Brasil - estão sem espaço para viver. Eles pedem a demarcação de terras mas não obtém resposta dos governos e da Funai.

“Há muitos anos isso vem acontecendo, não só com a minha família, com outras famílias também, só que antes não foi divulgado, pra outras pessoas saberem o que acontece com o povo guarani. Todos que estão aqui, são responsáveis pelo nosso povo, estado, municípios”, disse ele, diante de representantes da Funai, Funasa, Governo do Estado, Ministério Público Federal e Assembléia Legislativa.

“Perdemos nossa terra, nossa mata, nossos rios onde a gente pescava, nossa vida era uma festa, mas hoje vivemos dentro das cidades, na beira das estradas, esperando uma solução da Funai, um pedacinho de terra, para plantarmos nossas frutas, milho, batata-doce, para termos saúde”, disse Santiago.

Truculência e preconceito

Ele reclamou também da truculência da polícia e da discriminação que sofrem da sociedade.

“Infelizmente a polícia tem chegando na aldeia, estamos passando (sofrendo) preconceito, as pessoas chegam e falam que índio não tem cultura, que lugar de índio é no mato. Minha família está triste, as crianças estão tristes, a gente sente muita dor. Estão destruindo a nossa vida, não temos mais condições de vender nosso artesanato, a gente sente medo”.

Desde que foram expulsos de Eldorado do Sul, Santiago e sua comunidade foram distribuídos, provisoriamente, em acampamentos de Porto Alegre e redondezas.

A ação da Brigada Militar decorreu de uma liminar concedida pela juíza de Eldorado do Sul, Luciane Di Domenico, numa ação de reintegração de posse da Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária (Fepagro).

A Fundação alegou que os índios estariam invadindo sua área de pesquisas.

Beira da estrada

Na verdade, os índios ocupavam apenas a beira da estrada, sem ultrapassar a cerca da área de pesquisas, garantem indigenistas e antropólogos. Além disso, a ação fazia referência a índios da etnia kaingang, que teriam invadido a área em outra época, e não os guaranis

Por fim, constitucionalmente as questões indígenas são de jurisdição federal e a Funai deveria ter sido chamada antes de qualquer atitude contra os guaranis, alertou o representante do órgão, João Maurício Farias.

“Não tinha núcleo da Funai em Porto Alegre ainda (está sendo instalado), se tivesse isso não teria acontecido, aquele ato arbitrário da Brigada Militar e da juíza que não reconheceu que essa é uma questão federal”, criticou Farias.

“É lamentável, porque a jurisdição é bem clara, a jurisdição (nas questões indígenas) é exclusivamente federal”, completou o representante da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), órgão que presta o atendimento de saúde nas aldeias indígenas.

O representante do Ministério Público Federal, procurador Rômulo de Oliveira, do Núcleo de Minorias Étnicas, informou que foi aberto inquérito civil público para apurar o caso.

“Na medida em que os indígenas estavam numa área de domínio público (a estrada), isso nos deixa perplexos”, disse.

Terras sem mato e sem rio

Outra liderança guarani, Maurício da Silva Gonçalves, reclamou que as terras destinadas aos índios, quando são demarcadas, não são apropriadas para sua subsistência.

"Nos dão áreas de campo, onde não existe mato para fazermos artesanato, não existe rio; é terra para criar gado, mas guarani não sabe criar gado, as terras que a gente tem não são adequadas para viver a nossa cultura”.

João Maurício Farias, da Funai, reconheceu a demora nas demarcações. Mas pediu mais apoio do governo do Estado, que produziu cortes lineares de verbas, atingindo os poucos recursos estaduais para a subsistência indígena.

Ele pediu também à representante do senador Paulo Paim (PT), Vera Triumpho, presente na audiência, que o parlamentar ajude em Brasília na destinação de mais recursos para o orçamento da Funai.

Foi informado ainda, durante a apresentação do vídeo do despejo, que a procuradoria da Funai estuda processar o Estado do Rio Grande do Sul por danos morais aos índios.

Estudo antropológico

Luiz Fagundes, do Núcleo de Antropologia das Sociedades Indígenas Tradicionais da Ufrgs citou um estudo do arqueólogo Sérgio Leite, que apontou a existência de um sítio arqueológico indígena na área da Fepagro de onde os índios foram despejados. "Meus antepassados moraram ali", garantiu Santiago.

O único momento de descontração da audiência foi quando o deputado Marquinhos Lang, provocado pela intervenção do antropólogo, pediu aos índios que traduzissem os nomes de vários rios das redondezas de Porto Alegre, todos de origem guarani.

Guaíba – uma fruta vermelha, formato em ponta de flecha.
Taquari – taquara, água da taquara
Caí – um macaco
Jacuí – um pássaro

O vice-presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi/Brasil), Roberto Liebgott, afirmou que o espaço para viver dos guaranis é cada vez menor.

“A perda de terras tem sido diária, antes eles podiam se alojar em beira de mato, na beira dos rios, agora só restam as beiras de estradas, vivem de cestas básicas porque não podem plantar nada”, denunciou.

E completou, sintetizando a indignação geral: “Há recursos para salvar bancos, para a grande produção, para os fazendeiros, mas alguns reais para os indígenas não têm”.

Por Ulisses A. Nenê, para a EcoAgência. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Inovação para a agricultura familiar


O Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (Nead) do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) lançou chamada de propostas para o Fórum de Difusão Científica sobre Tecnologia Social.

Segundo o Nead, o objetivo da iniciativa é dar mais visibilidade às experiências em inovação sociotécnica para agricultura familiar existentes no Brasil. A inscrição de trabalhos para o fórum poderá ser feita até o dia 30 de setembro.

A chamada de trabalhos é voltada para coordenadores de projetos de pesquisa realizados ou em andamento em universidades públicas e privadas, institutos e órgãos de pesquisa brasileiros ou estrangeiros, ou autores que sejam pesquisadores, gestores, técnicos em redes de assistência e extensão ou assessores populares.

Os interessados deverão enviar relatos ou descrições de casos e tendências, situações e experiências relacionadas a uma, ou mais, das seis temáticas: “Projetos de moradia rural e biossistemas”, “Projetos em reciclagem de esgoto humano e animal”, “Projetos teóricos e práticos na agroecologia”, “Projetos de aprendizagem e capacitação de redes sociais”, “Projetos de difusão por multimídia e meios eletrônicos de metodologias de envolvimento pedagógico dos sujeitos sociais no campo” e “Projetos de processamento ou artesanato coletivos e de economia solidária”.

Após o processo de inscrição, será disponibilizado em um fórum virtual o catálogo de pesquisas. A expectativa é fortalecer as tecnologias sociais afins às políticas do MDA e fomentar o debate sobre inovações geradas pelos agricultores.

O resultado esperado do fórum é a organização de autores, entidades, projetos, núcleos de pesquisa e associações em torno das seis redes cooperativas de pesquisa e extensão descritas acima, para a criação da chamada Rede Temática de Tecnologias Sociais.

Os trabalhos inscritos passarão por duas fases de habilitação. Na primeira, serão aceitos resumos de artigos e relatórios de experiências, com até duas páginas, que passarão por avaliação de uma comissão científica.

Na fase seguinte, os trabalhos aprovados na primeira fase deverão ser apresentados integralmente em 30 dias após a publicação do resultado, para a realização do Fórum, prevista para o primeiro semestre de 2009.


Foto: Divulgação: Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural lança chamada de trabalhos para o Fórum de Difusão Científica sobre Tecnologia Social. Inscrições poderão ser feitas até 30 de setembro

Agência FAPESP
Mais informações: www.nead.org.br

domingo, 21 de setembro de 2008

Brasil pode economizar o equivalente a uma hidrelétrica com troca de geladeiras, diz Minc

A substituição de cerca de 11 milhões de geladeiras brasileiras com mais de dez anos de fabricação, que ainda utilizam gases CFC (clorofluorcarbono) deve economizar cerca de 1.000 megawatts de energia e evitar emissões equivalentes a mais de 30 milhões de toneladas de gases de efeito estufa.

O cálculo foi apresentado na semana passada (18/9) pelo ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, durante anúncio de acordo com o governo da Alemanha para doação de equipamentos de desmonte de geladeiras antigas. O CFC é responsável pela destruição da camada de ozônio. Nas geladeiras produzidas há mais de dez anos, é utilizado para refrigeração e isolamento térmico.

Segundo Minc, além do ganho ambiental, a troca de geladeiras também tem vantagens em relação ao consumo de energia elétrica. Uma geladeira nova gasta até 23,9 quilowatt-hora/mês, enquanto uma com mais de dez anos de funcionamento gasta, em média, mais de 55 quilowatt-hora/mês.

“Por causa da economia, dá para dizer que temos uma hidrelétrica que vai sair das geladeiras. São 1.000 megawatts que não vamos mais precisar”, comparou.

O equipamento financiado pela Agência de Cooperação Técnica Alemã (GTZ), que deve entrar em funcionamento até o segundo semestre de 2009, vai permitir o desmonte das geladeiras, com retirada e neutralização de mais de 90% do CFC, evitando que o gás atinja a atmosfera.

A meta é retirar de circulação 1 milhão de geladeiras antigas por ano a partir de 2011. Em 2007, 36 mil foram trocadas, por meio de programas patrocinados por empresas estaduais de energia, com apoio financeiro do governo federal. “Não vai ser um pulinho [alcançar a meta], vai ser preciso um esforço brutal”, afirmou Minc, que está negociando uma proposta de isenção fiscal para facilitar a compra de geladeiras novas.

A doação do governo alemão deverá ser repassada a uma empresa, escolhida por edital. De acordo com o diretor do Departamento de Mudanças Climáticas do Ministério do Meio Ambiente, Ruy de Góes, as regras para escolha serão divulgadas até novembro. “Não vamos criar uma 'Reciclobrás', o equipamento vai ficar com a empresa que vencer o edital”, acrescentou.

Segundo Minc, a iniciativa deve criar um “mercado da despoluição” e estimular empresários a investir em desmonte de geladeiras e reciclagem de outros tipos de lixo eletrônico, que representam grandes passivos ambientais. “Estamos criando o mercado da despoluição. Vamos precisar de mais duas empresas para atender a demanda, os empresários poderão investir para despoluir em vez de poluir.”


Por Luana Lourenço
Repórter da Agência Brasil

Ibama enviará biólogo a São Borja para investigar mortandade de árvores

A Superintendência do Ibama/RS, em Porto Alegre, confirmou à EcoAgência que um biólogo do órgão vai a São Borja, na próxima semana, investigar a mortandade de árvores que está acontecendo na cidade e em outros municípios, na região da fronteira com a Argentina.

A principal suspeita recai sobre um agrotóxico, o Gamit, que tem por princípio ativo o Chlomazone, usado contra os inços nas lavouras de arroz.

Todas as plantas mortas, muitas de grande porte, apresentam os mesmos sintomas: primeiro embranquecem as folhas, depois os caules, e então secam e morrem, em grande quantidade.

Outra característica é que, nos grandes arvoredos da zona rural, nas regiões onde há aviões fazendo aplicações do produto, morrem primeiro as árvores mais altas, começando pelos galhos do topo (foto).

A denúncia partiu de um agrônomo da cidade, Darci Bergmann, que desde os anos 70 luta na região na defesa do meio ambiente.

Segundo ele, o Chlomazone ou Gamit (nome comercial) é um produto extremamente volátil, que se desloca a grandes distâncias quando pulverizado de avião, principalmente, e também nas aplicações terrestres.

“O problema dos agrotóxicos danosos ao ambiente e à saúde parecia sob controle, mas a questão ressurgiu e a sociedade precisa se alertar para isso”, afirma Bergmann.

Por Ulisses A. Nenê, da EcoAgência. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.