sábado, 20 de setembro de 2008

22 de setembro é o Dia Mundial Sem Carro


A próxima segunda-feira, dia 22/9, é dia de deixar o carro em casa. Será o ponto alto da Semana Brasileira da Mobilidade, iniciada no dia 16 e promovida pelo Ruaviva - Instituto da Mobilidade Responsável, pelo governo federal através dos Ministérios das Cidades, Meio Ambiente e da Cultura, e por entidades como a Associação Nacional de Transportes Públicos.

A idéia de um dia sem carros surgiu na França, em 1997, e em poucos anos foi encampada pela União Européia. Em 2002, a iniciativa evoluiu para uma semana inteira dedicada à mobilidade, ganhando temas específicos. Já em 2007 participaram 1321 cidades em 38 países. No Brasil a iniciativa coube ao Ruaviva, que começou a promover o evento junto a prefeituras em 2001. A participação do governo federal se iniciou em 2004. Este ano, mais de 30 cidades brasileiras confirmaram a participação.

Mais do que resgatar a rua como espaço de convivência social por um único dia, o objetivo do movimento é chamar a atenção para a necessidade de se repensar o modelo de mobilidade aplicado nas cidades desde o advento do automóvel no início do século passado e debater com a sociedade - escolas, universidades, entidades empresariais e sindicais, partidos, movimentos sociais e a imprensa - soluções para os efeitos negativos do transporte individual motorizado sobre a economia e o meio ambiente. A questão primordial é a da sustentabilidade do modelo baseado no automóvel, em relação a sua ineficiência energética, poluição ambiental e ocupação agressiva dos espaços urbanos.

Faça a sua parte

Busque formas alternativas de transporte: ande a pé ou de bicicleta, utilize o transporte público, pegue carona com amigos;
Leve seu carro para a revisão periodicamente;
Exija a criação de ciclovias seguras;
Junte-se ao Idec na luta por um transporte público de qualidade. Clique aqui e envie uma mensagem às autoridades responsáveis exigindo a adoção de políticas públicas para o setor.

Saiba mais:


O Idec produziu spots de rádio abordando diferentes assuntos que o tema consumo sustentável envolve, dentre eles o transporte. Ouça o spot feito para o Dia sem Carro e divulgue o material, que pode ser reproduzido gratuitamente por emissoras de rádio.

Veículos motorizados são a principal causa de poluição do ar na maioria das cidades do mundo. O Manual de Consumo Sustentável dá exemplos de transporte sustentável para que possamos garantir a saúde do planeta.

Anote na agenda: 22 de setembro, na Revista do Idec.
Caminhando e cantando, especial sobre trânsito na Revista do Idec.
Saiba tudo sobre consumo sustentável no especial do Idec: http://www.idec.org.br/emacao.asp?id=1614&categoria=5

Lista oficial traz 472 espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção


A nova Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção elaborada pela Fundação Biodiversitas sob encomenda do Ministério do Meio Ambiente relaciona 472 espécies, quatro vezes mais que a lista anterior de 1992. Os biomas com maior número de espécies ameaçadas são a Mata Atlântica (276), o Cerrado (131) e a Caatinga (46). A Amazônia aparece com 24 espécies, o Pampa com 17 e o Pantanal com duas. Nenhuma espécie da lista anterior foi excluída.

A instrução normativa atualizando a lista foi assinada, nesta sexta-feira (19), pelo ministro Carlos Minc em solenidade no Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), com a presença do presidente do JBRJ, Lizst Vieira; da secretária de Biodiversidade e Florestas do MMA, Maria Cecília Wey de Brito; da Sociedade Botânica do Brasil, Paulo Guínter Wíndish; do diretor de pesquisa científica do JBRJ, Fábio Scarano, e do diretor de Conservação da Biodiversidade do MMA, Bráulio Dias, entre outros representantes da academia e da sociedade civil.

Segundo Minc, o desafio agora é coibir o crime ambiental, criar mais unidades de conservação, estimular a criação de RPPNs e tomar medidas para impedir o corte, o transporte e a comercialização de espécies ameaçadas. "Essa lista coloca para nós uma série de desafios para revertermos o quadro da destruição da biodiversidade e todos temos um papel importante a desempenhar", disse o ministro.

De acordo com a instrução normativa, que deve ser publicada no Diário Oficial da União na próxima semana, as espécies constantes da lista são consideradas prioritárias para efeito de concessão de apoio financeiro à conservação pelo governo federal e sua coleta será efetuada somente com autorização do órgão ambiental competente.

Também constam da lista das ameaçadas, 12 espécies de importância madeireira que já integram a lista de 1992. A nova lista adiciona uma única espécie de interesse madeireiro, o "pau-roxo" (Peltogyne maranhensis), da Amazônia. Entre as outras espécies de uso econômico estão algumas de uso alimentício (caso do palmito/juçara), medicinal (jaborandi), cosmético (pau-rosa) e também ornamental. O jaborandi e o pau-rosa também já constam da lista de 1992.

O crescimento no número de espécies em relação à lista anterior reflete não apenas o aumento das pressões antrópicas sobre a vegetação de diferentes regiões brasileiras ocorrido ao longo das últimas três décadas, mas também um melhor nível de conhecimento sobre a flora brasileira e a participação de uma parcela mais expressiva da comunidade científica no processo de elaboração da lista.

No que se refere às regiões brasileiras, o Sudeste apresenta o maior número de espécies ameaçadas (348), seguido do Nordeste (168), do Sul (84), do Norte (46) e do Centro-Oeste (44). Neste contexto, Minas Gerais (126), Rio de Janeiro (107), Bahia (93), Espírito Santo (63) e São Paulo (52) são os estados com maior número de espécies ameaçadas.

Este fato é um reflexo da presença, particularmente nas regiões Sudeste e Nordeste, dos biomas com maior número de espécies ameaçadas, caso da Mata Atlântica, bem como o fato de essas duas regiões concentrarem os estados cuja biodiversidade é mais bem conhecida.

Espécies com deficiência - Uma segunda lista elaborada pela Fundação Biodiversitas inclui as espécies com deficiência de dados (Anexo II da Instrução Normativa assinada pelo ministro Carlos Minc disponível no site do MMA), composta de 1.079 espécies. Este grupo refere-se a espécies cujas informações (distribuição geográfica, ameaças/impactos e usos, entre outras) são ainda deficientes, não permitindo seu enquadramento com segurança na condição de ameaçadas. As espécies constantes do anexo II da lista de flora ameaçada não estarão sujeitas às restrições previstas na legislação em vigor.

De acordo com a secretária de Biodiversidade e Florestas, Maria Cecília Wey de Brito, um dos importantes desafios que o MMA assume ao editar novas listas de espécies ameaçadas é assegurar que essas espécies sejam retiradas das listas e, da mesma forma, as que estão com dados insuficientes sejam esclarecidas.

Para isso, o MMA, juntamente com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e com o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e, em parceria com outros ministérios e a sociedade civil organizada, estão aprimorando mecanismos para a integração de esforços visando incrementar ações voltadas ao conhecimento da biodiversidade presente nos diversos biomas brasileiros e a recuperação das espécies ameaçadas.

Com a divulgação da nova lista, o MMA planeja desenvolver, juntamente com suas vinculadas, um plano estratégico coordenado pelo JBRJ voltado à efetiva conservação e recuperação das espécies ameaçadas. Este plano seguirá as diretrizes estabelecidas pelas Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010, da Conabio, que incluem, entre outros pontos, a elaboração de planos de ação e a criação de Grupos Assessores para todas as espécies ameaçadas de extinção; a conservação efetiva da totalidade das espécies ameaçadas em Áreas Protegidas; a conservação em coleções ex situ de 60% das espécies de plantas ameaçadas e a inclusão de 10% das espécies de plantas ameaçadas em programas de recuperação e restauração.

A primeira lista das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção foi editada em 1968 (Portaria IBDF nº 303), com a inclusão de 13 espécies. A segunda ocorreu em 1980 (Portaria IBDF nº 1471), com a adição de uma espécie à lista anterior. Em janeiro de 1992 foi publicada uma nova lista, (Portaria Ibama nº 6-N), desta vez com a inclusão de 107 espécies. Três meses após, por meio da Portaria Ibama nº 37-N, foi editada uma nova lista, com 108 espécies.


Foto: Adriano Becker: Pampa possui 17 espécies da flora ameaçadas de extinção

Por Daniela Mendes do MMA.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Flores e sementes marcam início da primavera na Feira Ecológica de Porto Alegre

Neste sábado (20/9), a Feira dos Agricultores Ecologistas de Porto Alegre celebra o início da primavera com a temática "flores e sementes". Na próxima segunda-feira, os raios do sol chegam com a mesma inclinação em toda a superfíce do planeta azul. Esse fenômeno é chamado de equinócio e marca, em setembro, o início da primavera no Hemisfério Sul e do outono no Hemisfério Norte.

Devido à maior intensidade de luz e calor, a natureza desperta e vem a época de florir e semear. Flores podem ser utilizadas como alimento? Qual o valor e a importância das sementes na alimentação humana?

A partir das 9:30h a nutricionista da FAE, Herta Karp Wiener, faz uma degustação de flores comestíveis, mostra como as sementes devem ser utilizadas para uma melhor digestão e distribui receitas. Os freqüentadores da feira podem encontrá-la na Banca Central, próxima ao caldo-de-cana, na primeira quadra da rua José Bonifácio.

Se as condições metereológicas permitirem, o Palco da Feira recebe três convidados entre 10h e meio-dia. A agrônoma Cláudia Bos Wolff fala dos alimentos típicos da nova estação. Pedro José Lovatto discorre sobre a produção e manejo das frutas do bosque, principalmente as que começam a amadurecer a partir de agora. Finalmente, Lorita Rossi, da banca dos chás, explica a simbologia da primavera e o comportamento do corpo humano nessa época do ano, segundo conhecimentos da medicina chinesa.

A Feira dos Agricultores Ecologistas acontece nas manhãs de sábado na primeira quadra da rua José Bonifácio em Porto Alegre. A cada nova estação, nos solstícios e equinócios, são desenvolvidas atividades para reconectar as pessoas aos ciclos da Terra.

Por Cláudia Dreier, jornalista da FAE.

Agapan adverte: O Governo fora da Lei

Na nota oficial abaixo, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) cobra do secretário estadual do Meio Ambiente, Otaviano de Moraes, o cumprimento da Legislação Ambiental. E rebate as críticas do secretário aos ecologistas. Leia a íntegra do texto a seguir.

Agapan adverte: O Governo fora da Lei
"O problema do Brasil é que o estado está contra a nação”. Ulisses Guimarães

Cabe a um procurador de Justiça ou a um secretário do Meio Ambiente cumprir e fazer cumprir a legislação em vigor e não questioná-la, dando a entender publicamente a sua disposição de desrespeitá-la. Também caberia a um secretário do Meio Ambiente respeitar a atuação dos ecologistas, voltada para fiscalizar o cumprimento da Lei, e a missão institucional do órgão que preside e que existe graças às reivindicações dos próprios ecologistas.

Entretanto, sintomaticamente, a mais alta autoridade ambiental do RS, Carlos Otaviano Brenner de Moraes, procurador de Justiça, cedido pelo Ministério Público estadual para ocupar o cargo de secretário do Meio Ambiente, na entrevista coletiva dada na reunião-almoço da Federasul (06/08/08), declarou ser contra o Princípio da Precaução e fez críticas improcedentes e desrespeitosas aos ecologistas.

Estas manifestações são sintomas da crise, impasse e retrocesso institucional e legal das conquistas realizadas pelo movimento ecológico em quase quatro décadas de ativismo democrático. O pivô desta crise foram as pressões bilionárias do florestamento do Pampa gaúcho sobre o Governo do Estado e sobre a Fundação Estadual de Proteção Ambiental, a Fepam, órgão ambiental do Estado.

A crise se instaurou com a recusa dos empreendedores em aceitar o ZAS, o Zoneamento Agroflorestal da Silvicultura, normatização técnico-científica feita pela Fepam, que disciplinaria o florestamento na Metade Sul do Estado. Os empreendedores consideraram que o ZAS prejudicaria os investimentos já realizados, pressionaram o governo e este cedeu. Presentemente a Fepam está sob um clima de intervenção governamental, pressionando a sua autonomia institucional. As críticas do Sr. Carlos Otaviano revelam a irritação governamental diante da intransigência dos ecologistas que participam do Conselho Estadual de Meio Ambiente. Estes não admitem o retrocesso político que consiste na perda das prerrogativas institucionais e legais representadas pela autonomia técnica e administrativa da Fepam, órgão ambiental que existe como uma conquista democrática do movimento ecológico. Este é o contexto político real das declarações absurdas do atual secretário do Meio Ambiente contra os ecologistas e contra o Princípio da Precaução.

O Princípio da Precaução é um dos fundamentos basilares do Direito Ambiental. Consequentemente, um procurador de Justiça e secretário do Meio Ambiente afirmar ser contra este princípio é, no mínimo, um escândalo ético e jurídico.

O jurista Paulo Affonso Leme Machado, sumidade mundial em Direito Ambiental, há alguns anos afirmou em Porto Alegre que “o estado brasileiro é réu em 97% dos processos tramitando na justiça na área ambiental”. Não cabe a um governante discordar da legislação, mas cumpri-la. Portanto as afirmações do titular da pasta ambiental do Rio Grande do Sul, discordando do Princípio da Precaução, endossam como normalidade a patologia política de governos habituados a desrespeitar a Lei e a colocar o Estado no papel de delinqüente.

Mas, além de recusar o Princípio de Precaução, as críticas que ele dirigiu aos ecologistas foram de (1) fazerem política partidária com a questão ambiental; (2) estarem infiltrados na mídia e (3) em conselhos; de professarem (4) “um eco-idealismo preconceituoso e tendencioso” (...) que (5) “acaba contribuindo negativamente para o meio ambiente”. (Ecoagência, 07/08/08). Ou seja, só faltou afirmar que os problemas ecológicos foram criados pelos ecologistas. A inconsistência, o primarismo, o desrespeito e a total falta de sentido destas críticas não mereceriam resposta. Entretanto, vindas de um secretário do Meio Ambiente, na atual conjuntura, elas são sintomáticas. (1) Política partidária: há décadas o movimento ecológico gaúcho assumiu como diretriz política que a problemática ecológica é de natureza supra-partidária, não comportando a sua monopolização por nenhum partido político. (2) Infiltração na mídia: a mídia, em geral comprometida com os interesses do poder econômico e político, raramente
expressa com fidelidade as posições dos ecologistas nos debates públicos. (3) Infiltração nos Conselhos: a participação dos ecologistas nos Conselhos Estadual e Nacional do Meio Ambiente, na CTNbio e outros órgãos deliberativos e consultivos tem sido sempre minoritária e frustrante.

Nestes órgãos colegiados somos sistematicamente boicotados na nossa participação e derrotados nas votações. As alianças dos interesses imediatistas dos setores governamentais e empresariais, representados sempre em composições majoritárias, fazem com que os encaminhamentos e decisões, na prática, não sejam a favor do meio ambiente e das gerações futuras.

Conseqüentemente, estes órgãos primam por funcionar de maneira precária, perversa e antidemocrática, na contramão das finalidades institucionais para as quais eles, supostamente, foram criados. Por esta razão, atualmente muitos ecologistas estão se opondo à participação de entidades ambientalistas no Conselho Estadual do Meio Ambiente e órgãos similares, pois esta participação legitima e ajuda a manter as aparências do simulacro de democracia que estamos vivendo e que ali se pratica.

Mas o secretário do Meio Ambiente ainda acusou os ecologistas de (4) “eco-idealismo preconceituoso e tendencioso”. Ora, ao contrário, somos nós, os ecologistas, que há quase 40 anos nos defrontamos com os preconceitos ideológicos ultrapassados e o imediatismo limitador dos horizontes, das responsabilidades e da criatividade das nossas lideranças políticas e empresariais. Desde 1971 apresentamos a estas lideranças as provas científicas da inviabilidade ecológica da economia industrial contemporânea. Até os dias de hoje estas provas não apenas não foram refutadas, como foram confirmadas por novas evidências científicas. Tentamos mostrar que a questão ecológica é um paradigma civilizacional que não está nem à direita e nem à esquerda, mas é um novo horizonte à nossa frente. Procuramos chamar a atenção para as vantagens estratégicas de não sermos hoje um país desenvolvido, pois ainda temos a oportunidade de não embarcar na canoa furada de um modelo de desenvolvimento insustentável, falido, ecocida e suicida. Apregoamos a possibilidade de atalharmos o caminho para uma civilização sustentável, com uma qualidade de vida melhor do que a existente nos países ditos desenvolvidos de hoje em dia. Tentamos seduzir o empresariado para o desafio, a criatividade e a iniciativa indispensáveis à aventura coletiva e pioneira de desbravar os caminhos da sustentabilidade.

A maior receptividade ao nosso “idealismo preconceituoso e tendencioso” deu-se no setor da produção primária. Os movimentos da agricultura orgânica e da agroecologia hoje congregam milhares de agricultores no Rio Grande do Sul e em outras partes do Brasil; as feiras ecológicas são uma realidade na capital, em numerosos lugares do Interior e fora do Estado; a campanha por alimentos sem venenos criou um novo mercado local, regional e nacional para produtos ecológicos; atualmente o Brasil é campeão mundial em reciclagem de latas de refrigerantes, ocupando uma posição de destaque na reciclagem de plásticos e de outros materiais, bem como na indústria da reciclagem, etc.

No entanto nosso “idealismo preconceituoso e tendencioso” não conseguiu remover os preconceitos e o imediatismo do setor empresarial-industrial. As iniciativas de mudanças de processos industriais e de produtos, visando à minimização dos impactos ambientais da produção e do consumo, a otimização do uso das matérias-primas, a diminuição do lixo industrial e das embalagens; a economia de energia, o tratamento e a redução das emissões de resíduos poluentes, etc, ficaram muito aquém dos paliativos mínimos necessários e desejáveis até para uma economia convencional como a nossa. Existem exceções, é claro, mas que apenas confirmam a regra.

Nosso setor industrial em vez de tomar a iniciativa e agir de maneira proativa, apenas reagiu defensivamente diante das novas exigências da legislação, normatização e disciplinamento dos diversos ramos industriais, feitas pelos órgãos ambientais do Estado e da União. A situação crítica do Rio Gravataí, por exemplo, e a mortandade de peixes ali ocorrida em 2007, é o resultado de décadas de resistência do nosso empresariado em assumir sua responsabilidade ambiental. E, por outro lado, da complacência dos sucessivos governos com as indústrias poluidoras e a sua inação em busca de tratamento de esgotos domésticos.

Atualmente, nenhuma pessoa educada e bem informada coloca em dúvida a inviabilidade ecológica do modelo de desenvolvimento que preside o atual processo civilizatório. Mesmo que as soluções ainda não sejam de amplo domínio público, o fato é que hoje existe em todo o mundo uma abundante disponibilidade de conhecimento e informação sobre alternativas científicas, tecnológicas e institucionais para a sustentabilidade.

É fundamental compreender que a sustentabilidade ecológica, condição de sobrevivência e de evolução da civilização, é uma problemática complexa, cujo encaminhamento está a exigir uma resposta coletiva comparável a um esforço de guerra. O desafio que temos pela frente exige uma mobilização de criatividade, coragem, iniciativa e cooperação sem precedentes. No entanto os últimos quase 40 anos de imediatismo da nossa cultura empresarial-governamental revelam um imobilismo, uma inércia, uma falta de coragem e de iniciativa que evidenciam uma espantosa irresponsabilidade e incapacidade de encarar a realidade.

Nós, ecologistas, tivemos um relativo sucesso em ecologizar a cultura, a legislação e o Estado. Mas fracassamos quase que completamente na nossa tentativa de ecologizar nossas lideranças políticas e empresariais. Como resultado deste fracasso, estamos diante de um impasse: temos uma legislação ambiental avançada mas em franco retrocesso, sendo “flexibilizada” e negociada no seu cumprimento; temos um Estado aparentemente moderno, equipado com órgãos públicos para atender a demanda ambiental, mas administrado por políticos a serviço de uma minoria local, corrupta, autoritária, anti-democrática, atrasada e retrógrada, ou da avidez das grandes empresas transnacionais. Não conseguimos ser ouvidos, não conseguimos despertar nossas elites para a compreensão de que a sustentabilidade não é um retrocesso, mas o desafio de um avanço na direção de um novo projeto de civilização.

Fracassamos em convencer nossas lideranças que a sustentabilidade é a primeira oportunidade histórica real que temos de ocupar um lugar ao sol entre as nações. Depois de quase 40 anos de pregação, este fracasso nos faz pensar na atualidade do diagnóstico que Assis Brasil fez, há quase 100 anos, sobre a nossa realidade cultural e política: “um deserto de homens e idéias”.

(5) Finalmente a declaração oficial de que os ecologistas estão “contribuindo negativamente para o meio ambiente”. Trata-se de uma avaliação que expressa a visão de um mundo virado de cabeça para baixo, a expressão quase demencial do abismo que hoje separa o Estado e os governos dos interesses maiores da sociedade. Mas a declaração do secretário do Meio Ambiente não é um fato isolado. Ele é um porta-voz da nossa cultura política do “Estado contra a nação”. Representa os interesses de um segmento social que perdeu completamente o sentido da realidade por nunca ter entendido a questão ecológica. É um absurdo afirmar que os ecologistas estão “contribuindo negativamente para o meio ambiente” quando tudo o que existe na área ambiental, a consciência ecológica, as leis, os órgãos ambientais, absolutamente tudo, inclusive a própria Secretaria Estadual do Meio Ambiente e o próprio cargo que o secretário ocupa. Tudo isso existe devido às reivindicações dos ecologistas que podem ser comprovadas historicamente.

Em 1971, a AGAPAN, através da liderança de José Lutzenberger, iniciou sua atuação pioneira, questionando o modelo de desenvolvimento da civilização industrial e cobrando dos governos a criação de órgãos públicos e de uma legislação ambiental. Fomos vitoriosos. A ressonância da questão ecológica entre nós levou a um questionamento coletivo sem precedentes, que correu paralelo ao processo de “redemocratização” do Brasil.

No plano institucional tivemos a inclusão da questão ambiental nas Constituições Federal, Estaduais e nas Leis Orgânicas Municipais; criou-se um novo ramo do Direito, o Direito Ambiental; nas universidades a ecologia levou à criação de novas especializações científicas e tecnológicas em praticamente todos os campos do conhecimento; a ecologia entrou na educação e na pedagogia; passou a inspirar poetas, escritores, intelectuais e artistas; abriu-se um novo campo de trabalho para profissionais nos órgãos públicos ambientais recém criados e na iniciativa privada, etc. Esta mudança de paradigma cultural-institucional aconteceu graças à ressonância da atuação dos ecologistas na sociedade gaúcha e brasileira.

Nós, respondendo pelos interesses maiores da sociedade civil, fomos vitoriosos. A concessão do Prêmio Nobel Alternativo, dada a José Lutzenberger em 1986, representou o reconhecimento mundial do seu trabalho pioneiro entre nós, no Brasil e no mundo. A realização da Conferência Mundial Sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, a ECO-92, organizada pela ONU no Rio de Janeiro, também foi um acontecimento preparado pelo movimento ecológico gaúcho, brasileiro e internacional. A concepção de modernidade política, instaurada por três décadas de atuação pioneira do movimento ecológico gaúcho, contribuiu significativamente para a realização do Fórum Social Mndial, por quatro vezes consecutivas em Porto Alegre, trazendo em cada vez cerca de 100 mil pessoas e tornando nossa capital, pela primeira vez, conhecida no mundo inteiro. O fato é que conseguimos formar um consenso cultural em torno do novo paradigma civilizatório e a sua incorporação institucional e legal ao funcionamento do Estado e da sociedade brasileira. Este feito colocou a coletividade gaúcha no centro das atenções de todo o mundo, tornando realidade o verso do Hino Riograndense que diz: “Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a Terra”.

Tanto durante a ditadura como após o seu término, época em que a sociedade brasileira conseguiu montar o embrião institucional e legal para dar início ao novo paradigma da sustentabilidade, o movimento ecológico sempre considerou que o caminho para a ecologização da economia passa obrigatoriamente pela democracia e pela democratização da cultura e das instituições sociais. Não pode existir democracia sem a autonomia dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário com suas prerrogativas de mútua fiscalização e controle. E sem uma sociedade civil também autônoma e participativa, fiscalizando atentamente os governos e as políticas públicas. É sintomático que o Governo do Estado do Rio Grande do Sul tenha atualmente um procurador de Justiça do Ministério Público Estadual ocupando o cargo de secretário Estadual do Meio Ambiente. A decisão governamental de escolher um secretário do Meio Ambiente proveniente do Ministério Público Estadual vai contra o princípio democrático da autonomia dos três poderes.

Nós, ecologistas, acreditamos que a democracia é o único regime político capaz de promover a criatividade e a racionalidade social indispensáveis a um novo projeto de civilização voltado para a sustentabilidade. A democracia hoje é um imperativo de sobrevivência.

Não temos opção: ou a democracia e a viabilização da nossa espécie neste Planeta ou a irreversibilidade da crise ecológica que prepara o colapso da civilização.

Consideramos que cumprimos a nossa missão histórica ao colocar e institucionalizar parcialmente a questão ecológica. O atual impasse e retrocesso das conquistas institucionais e legais na questão ambiental devem ser atribuídas, não aos ecologistas, mas ao fracasso da sociedade gaúcha, brasileira e internacional em se constituir como uma verdadeira democracia.

Consideramos que a democratização da sociedade e da nossa cultura política e a superação desta nossa democracia de fachada são os únicos meios que temos para conservar e ampliar o legado do movimento ecológico.

Agora cabe à coletividade gaúcha e brasileira fazer a sua parte: encaminhar, manter e ampliar estas conquistas através da consolidação de uma cultura verdadeiramente democrática que ainda não temos.

A principal convicção que adquirimos com a nossa experiência histórica é que sem democracia não há sustentabilidade e possibilidade de sobrevivência. A democracia é uma missão para todas as pessoas, e não apenas dos ecologistas. Somos democratas e não podemos aceitar a política do “Estado contra a nação. Não podemos aceitar como normalidade democrática um estado-delinqüente e apátrida, dirigido por governantes a serviço do atraso e do obscurantismo de ”minorias parasitárias e predatórias, nacionais e internacionais, dissociadas dos verdadeiros interesses da nação”.

Portanto, o que nós, ecologistas gaúchos, estamos denunciando e exigindo dos poderes constituídos não é nenhum favor, nenhum privilégio, nenhum “eco-idealismo preconceituoso e tendencioso”. Pra começar, estamos exigindo apenas que o Estado cumpra o seu papel na consolidação da democracia: cumpra a Lei e as finalidades institucionais dos órgãos públicos que nós, democraticamente, junto com a sociedade civil, ajudamos a criar em quase quatro décadas de sacrifícios e lutas.


Porto Alegre, setembro de 2008.

ASSOCIAÇÃO GAÚCHA DE PROTEÇÃO AO AMBIENTE NATURAL - AGAPAN

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Lista de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção aumenta quatro vezes

A nova Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção elaborada pela Fundação Biodiversitas sob encomenda do Ministério do Meio Ambiente relaciona 472 espécies, quatro vezes mais que a lista anterior de 1992. Os biomas com maior número de espécies ameaçadas são a Mata Atlântica (276), o Cerrado (131) e a Caatinga (46). A Amazônia aparece com 24 espécies, o Pampa com 17 e o Pantanal com duas. Nenhuma espécie da lista anterior foi excluída.

A instrução normativa atualizando a lista foi assinada, nesta sexta-feira (19), pelo ministro Carlos Minc em solenidade no Instituto Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ), com a presença do presidente do JBRJ, Lizst Vieira; da secretária de Biodiversidade e Florestas do MMA, Maria Cecília Wey de Brito; da Sociedade Botânica do Brasil, Paulo Guínter Wíndish; do diretor de pesquisa científica do JBRJ, Fábio Scarano, e do diretor de Conservação da Biodiversidade do MMA, Bráulio Dias, entre outros representantes da academia e da sociedade civil.

Segundo Minc, o desafio agora é coibir o crime ambiental, criar mais unidades de conservação, estimular a criação de RPPNs e tomar medidas para impedir o corte, o transporte e a comercialização de espécies ameaçadas. "Essa lista coloca para nós uma série de desafios para revertermos o quadro da destruição da biodiversidade e todos temos um papel importante a desempenhar", disse o ministro.

De acordo com a instrução normativa, que deve ser publicada no Diário Oficial da União na próxima semana, as espécies constantes da lista são consideradas prioritárias para efeito de concessão de apoio financeiro à conservação pelo governo federal e sua coleta será efetuada somente com autorização do órgão ambiental competente.

Também constam da lista das ameaçadas, 12 espécies de importância madeireira que já integram a lista de 1992. A nova lista adiciona uma única espécie de interesse madeireiro, o "pau-roxo" (Peltogyne maranhensis), da Amazônia. Entre as outras espécies de uso econômico estão algumas de uso alimentício (caso do palmito/juçara), medicinal (jaborandi), cosmético (pau-rosa) e também ornamental. O jaborandi e o pau-rosa também já constam da lista de 1992.

O crescimento no número de espécies em relação à lista anterior reflete não apenas o aumento das pressões antrópicas sobre a vegetação de diferentes regiões brasileiras ocorrido ao longo das últimas três décadas, mas também um melhor nível de conhecimento sobre a flora brasileira e a participação de uma parcela mais expressiva da comunidade científica no processo de elaboração da lista.

No que se refere às regiões brasileiras, o Sudeste apresenta o maior número de espécies ameaçadas (348), seguido do Nordeste (168), do Sul (84), do Norte (46) e do Centro-Oeste (44). Neste contexto, Minas Gerais (126), Rio de Janeiro (107), Bahia (93), Espírito Santo (63) e São Paulo (52) são os estados com maior número de espécies ameaçadas.

Este fato é um reflexo da presença, particularmente nas regiões Sudeste e Nordeste, dos biomas com maior número de espécies ameaçadas, caso da Mata Atlântica, bem como o fato de essas duas regiões concentrarem os estados cuja biodiversidade é mais bem conhecida.

Espécies com deficiência - Uma segunda lista elaborada pela Fundação Biodiversitas inclui as espécies com deficiência de dados (Anexo II da Instrução Normativa assinada pelo ministro Carlos Minc disponível no site do MMA), composta de 1.079 espécies. Este grupo refere-se a espécies cujas informações (distribuição geográfica, ameaças/impactos e usos, entre outras) são ainda deficientes, não permitindo seu enquadramento com segurança na condição de ameaçadas. As espécies constantes do anexo II da lista de flora ameaçada não estarão sujeitas às restrições previstas na legislação em vigor.

De acordo com a secretária de Biodiversidade e Florestas, Maria Cecília Wey de Brito, um dos importantes desafios que o MMA assume ao editar novas listas de espécies ameaçadas é assegurar que essas espécies sejam retiradas das listas e, da mesma forma, as que estão com dados insuficientes sejam esclarecidas.

Para isso, o MMA, juntamente com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e com o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e, em parceria com outros ministérios e a sociedade civil organizada, estão aprimorando mecanismos para a integração de esforços visando incrementar ações voltadas ao conhecimento da biodiversidade presente nos diversos biomas brasileiros e a recuperação das espécies ameaçadas.

Com a divulgação da nova lista, o MMA planeja desenvolver, juntamente com suas vinculadas, um plano estratégico coordenado pelo JBRJ voltado à efetiva conservação e recuperação das espécies ameaçadas. Este plano seguirá as diretrizes estabelecidas pelas Metas Nacionais de Biodiversidade para 2010, da Conabio, que incluem, entre outros pontos, a elaboração de planos de ação e a criação de Grupos Assessores para todas as espécies ameaçadas de extinção; a conservação efetiva da totalidade das espécies ameaçadas em Áreas Protegidas; a conservação em coleções ex situ de 60% das espécies de plantas ameaçadas e a inclusão de 10% das espécies de plantas ameaçadas em programas de recuperação e restauração.

A primeira lista das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção foi editada em 1968 (Portaria IBDF nº 303), com a inclusão de 13 espécies. A segunda ocorreu em 1980 (Portaria IBDF nº 1471), com a adição de uma espécie à lista anterior. Em janeiro de 1992 foi publicada uma nova lista, (Portaria Ibama nº 6-N), desta vez com a inclusão de 107 espécies. Três meses após, por meio da Portaria Ibama nº 37-N, foi editada uma nova lista, com 108 espécies.


- Veja Lista Oficial das Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção.

Por Daniela Mendes, do MMA. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

A Síndrome da Instabilidade

Por Najar Tubino*

O clima de instabilidade está, literalmente, batendo na cara do povo. Não somente dos pobres, como no Caribe, com a passagem dos sucessivos furacões. Mas também em Houston, no Texas, onde foi decretado o estado de sítio, com o caos instalado, pelo furacão (já transformado em tempestade) Ike. Na argentina, uma seca devasta as províncias de Santa Fé e Córdoba, grandes produtoras de grãos e carne. No norte de Minas Gerais a seca emendou, e morreram 200 mil cabeças de gado. Brasília , a sede do poder, enfrenta a sua maior seca, com quatro meses sem chuva. O cerrado paga o preço do crescimento do agronegócio. Talvez, haja uma semelhança com as tempestades de areia, que tomaram conta do meio-oeste americano, na década de 30, depois da devastação de extensas áreas cobertas por vegetação.

Canto congelado

No Rio Grande do Sul vive-se o inverno rigoroso numa semana, quase beirando a primavera, mas também vive-se o calor do verão, em pleno julho. Os sabiás começaram a treinar o canto ainda em agosto, com um calor de mais de 30 graus, dando a largada para a época de reprodução. Quando de repente começou a nevar na campanha, a região tradicional do estado, na direção do Uruguai e Argentina. Registrei o fato: na segunda-feira 1 de setembro, 6 horas da manhã, quando caminhava em Porto Alegre, a temperatura abaixo de 5 graus. Os primeiros raios de sol, despontaram atrás do morro da Polícia, e os sabiás engasgaram. Congelaram o canto. E assim a tal mudança climática. Enquanto os meteorologistas discutem se é natural ou não, se é o frio mais intenso nos últimos 50, 100 anos, ou quem sabe nos últimos 100 mil anos, o povo fica pirado.

Aumento de infartos

Existe uma diferença entre os modelos teóricos e a realidade da vida. A intensificação dos eventos extremos é uma realidade. Dei uma relida num trabalho do pesquisador José Marengo, do INPE, sobre as projeções de mudanças climáticas. Um dos comentários anotados:

- Um estudo realizado por pesquisadores do Instituo do Coração (INCOR), de Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, mostrou que as mudanças bruscas de temperatura em grandes cidades, principalmente do quente para o frio, podem aumentar o risco de infarto na população. O estudo relacionou o número diário de mortes ocasionadas por problemas cardiovasculares, entre 1998 e 2000, com informações sobre temperatura, umidade do ar, pressão e poluição atmosférica na região metropolitana de São Paulo. As estatísticas apontaram que, nos dias em que foram registradas baixas temperaturas na cidade, o número de infartos aumentou, principalmente entre os mais velhos”.

Marengo cita alguns números levantados pela Organização Meteorológica Mundial (OMM), ressaltando que embora não exista certeza científica absoluta sobre a relação entre o aquecimento do planeta e os chamados desastres naturais, os eventos cresceram:

Já começou

- Os desastres em 2005 responderam pela morte de 350 mil pessoas e prejuízos de 200 bilhões de dólares. Este foi o ano de maior número de tempestades tropicais ( 26, quebrando o recorde de 23, em 1933), de furacões (14, antes 12, em 1969). Segundo a OMM eventos extremos ocorrem todos os anos em algum lugar do globo, mas o número deles tem crescido. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estimou que as mudanças climáticas podem provocar até 150 mil mortes todos os anos e ao menos 5 milhões de casos de doenças”.

Enfim, as dificuldades aumentarão. Mais chuvas concentradas no Sul. Se o desmatamento na Amazônia continuar nos mesmos níveis, as chuvas diminuirão em outras regiões. Vamos sofrer na pele o significado das alterações naturais. Não para daqui a 100 anos. A síndrome já começou.

Chama o governo

É ilustrativo comparar a instabilidade climática com a financeira. O maior poluidor do planeta – os Estados Unidos, com 25% das emissões de gases estufa - , estão no centro da crise. Quebra de bancos, seguradoras, a inversão dos papéis no mercado: agora os governos, o patrimônio público, o Estado, não é mais o demônio, ele é o anjo Gabriel, o salvador. A questão é bem simples: cria-se um sistema econômico, totalmente baseado no desperdício e no enriquecimento de uma parcela mínima, da população mundial. Tudo bem. É o progresso, a competência dos países industrializados, o avanço da tecnologia, da ciência, o poder da maior potência. Daí, posteriormente, se descobre que era tudo mentira, que os ricos e poderosos, falsificavam balanças contábeis. Não satisfeitos, criaram uma bolha imobiliária, vendendo ao mundo inteiro títulos, com lastro frio. Na linguagem popular, aplicaram o famoso 171, artigo do código penal, que qualifica o estelionato.

Abandonam

E o que acontece? Todos os outros países, principalmente, os emergentes, uma nova categoria criada recentemente, querem imitar o ídolo. Compraram as camionetas americanas, espalhadas no mundo inteiro. E agora, caíram em desgraça na matriz.
Aumentaram o consumo do petróleo e a necessidade de energia. Tudo pelo crescimento econômico, que segundo eles, é ilimitado. Especulam com os fundos, aplicando em cotações de alimentos, e depois abandonam o barco. Mas os custos ficam, os preços não caem. Jogam mais alguns milhões na linha de pobreza. Neste momento temos mais uma vez, as previsões de queda na economia mundial. A Europa entra em recessão. Como é que vai ser ? Bilhões de toneladas de gases estufa jogadas na atmosfera, sérias ameaças de mudanças climáticas, com a conseqüente mudança nos ciclos da vida do planeta. Estamos falando de populações, povos, animais, vegetais, rios, mares, sistemas que levaram bilhões de anos, para se estabelecer.

Bater na porta

Aí o clube do bolinha resolve se reunir. A meia dúzia de integrantes (caso Lehman Brothers) embarca em suas limousines pretas e decidem: não vamos comprar. Então instala-se o pânico no mundo. E são, justamente, estes senhores, que implantaram a idéia de estabilidade no planeta. Não, não podemos parar, dizem eles. A economia cresce. É isso que movimenta o mundo. Depois, batem na porta do Banco Central – dos Estados, Unidos, Europa, do Japão, injetaram mais de 200 bilhões de dólares nos últimos dias. É para isso, que destruiremos a Amazônia, já que o cerrado e a Mata Atlântica, quase desapareceram? E o pampa gaúcho? Será tomado por maciços de eucalipto? E se o setor de celulose resolver quebrar? Um dos donos da Aracruz é o Grupo Safra, totalmente vinculado ao setor financeiro? Se eles resolvem mudar de idéia?

*O autor é jornalista e palestrante sobre meio ambiente. Contato: najartubino@yahoo.com.br

Alta no preço dos alimentos agrava problema da fome no mundo, afirma ONU

Pelo menos 75 milhões de pessoas foram colocadas abaixo do limiar da fome em todo o mundo no ano passado, de acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Com isso, o número de desnutridos chegou a 923 milhões de pessoas, contra uma estimativa de 848 milhões para o período 2003-2005.

Para a FAO, um dos principais motivos foi o aumento nos preços internacionais de alimentos. E com a alta contínua nos valores dos principais cereais e do petróleo em 2008 - apesar de o preço do barril ter retornado à faixa dos US$ 100 recentemente -, a expectativa da organização é de um crescimento ainda maior da fome no mundo.

A região onde a fome se agravou mais é a Ásia e o Pacífico, com 41 milhões de novos desnutridos. Na América Latina e Caribe, a FAO estima que o aumento foi da ordem de seis milhões.

Os números mostram uma reversão na tendência positiva rumo ao cumprimento dos Objetivos do Milênio (ODM), entre eles o de reduzir pela metade a proporção de pessoas com fome no mundo até 2015.

De acordo com a FAO, chegar à meta fixada na Cúpula Mundial sobre Alimentos, em 1996, é um desafio cada vez mais difícil, já que seria necessário reduzir o número de famintos em 500 milhões para se chegar à metade do número estimado em 1990-1992, que era de 842 milhões.

Além disso, a tendência negativa também coloca em risco os outros ODMs. Segundo a organização, é necessário romper o círculo vicioso da fome e da pobreza, agindo em duas frentes.

Uma é fazer com que a população mais pobre e vulnerável tenha acesso a alimentos e outra é ajudar os pequenos produtores a aumentar sua produção e renda.

Ainda de acordo com a FAO, os países mais atingidos pela crise dos alimentos, a maioria na África, vão precisar de pelo menos US$ 30 bilhões por ano para garantir a segurança alimentar da sua população e reativar sistemas agrícolas.

No entanto, a redução da fome pode trazer grandes benefícios, de forma a permitir que se alcance os outros objetivos do milênio, como a redução da pobreza, do analfabetismo, da mortalidade infantil.

Por Ana Luiza Zenker, da Agência Brasil. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

ANP vai recorrer de decisão da Justiça sobre concentração de enxofre no diesel

A Agência Nacional do Petróleo (ANP) informou hoje (17) que vai recorrer da decisão liminar da Justiça Federal em São Paulo que deu prazo de 90 dias para que a agência regulamente a distribuição do diesel S-50, com menor concentração de enxofre.

Cabe à ANP determinar as condições regulatórias para garantir o fornecimento do diesel menos poluente em todo território nacional.

“A Procuradoria-Geral da ANP vai recorrer desta liminar. A agência fez a especificação após concluir estudos sobre a viabilidade para a introdução do S-50 no Brasil”, informou a assessoria de imprensa da autarquia.

De acordo com resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que determinou a redução dos níveis de enxofre no diesel, a ANP deveria ter repassado a norma com especificações técnicas para o novo combustível em 2005, mas só o fez em 2007.

A indústria automobilística argumenta que, por causa do atraso, não há tempo hábil para produzir novos motores para o diesel S-50 a tempo de cumprir a norma, que deveria entrar em vigor em janeiro de 2009.

A decisão também obrigou a Petrobras a fornecer o diesel S-50 em pelo menos uma bomba em cada posto de combustíveis do país para o abastecimento de veículos novos que entrarem no mercado a partir de janeiro de 2009.

Leia mais: Petrobras diz que vai fornecer diesel com menos enxofre no prazo, mas só para veículos novos

Por Luana Lourenço, da Agência Brasil. Colaborou Sabrina Craide. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Conama aprova resolução para pilhas e baterias usadas, com críticas de ambientalista

Na sua 91ª. Reunião Ordinária, dias 10 e 11 de setembro, o Conselho Nacional do Meio Ambiente aprovou uma nova resolução para o descarte de pilhas e baterias usadas. O texto aprovado reduziu o teor de metais pesados permitido nos produtos. A redução de mercúrio nas pilhas chegou a 95%, cádmio 87% e o chumbo foi reduzido em 50% em relação aos valores de 1999.

Pela mesma resolução, supermercados e farmácias terão até dois anos para a instalação de pontos de recolhimento de pilhas e baterias descartados. O material recebido deverá ter destinação ambientalmente adequada pelos fabricantes e importadores, informa texto de divulgação do órgão.

No entanto, há outros aspectos da resolução que estão sendo contestados. A representante das ONGs do sul no Conama, Zuleica Nycz, da Associação de Proteção ao Meio Ambiente de Cianorte (Apromac), propôs duas emendas, uma delas estabelecendo a definição de metas de coleta em termos de quantidades e prazos.

Com a outra emenda, tentou impedir que as pilhas sejam enviadas para aterros (mesmo licenciados) ou para a incineração.

“Nossa defesa se baseou principalmente no argumento do Ministério da Saúde de que estudos feitos pelo próprio MMA mostraram que as pilhas depositadas em lixões e mesmo em aterros licenciados, apresentaram lixiviação de metais tóxicos para o solo e consequentemente para os lençóis freáticos”, disse Zuleica.

Quanto à incineração, acrescentou, estudos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e outros órgãos em todo o mundo comprovam que as maiores fontes de emissões de POPs e metais tóxicos no planeta são as usinas a carvão, incineradores de resíduos e co-processamento de resíduos em fornos de cimento.

Ela está indignada por não ter obtido o apoio necessário para aprovar sua suas propostas. "Podemos afirmar sem erro que o MMA e o Ibama, assim como praticamente todos os demais conselheiros do Conama, agiram contra os conceitos mais importantes de reciclagem aplicáveis ao valioso aço contido nas pilhas para sua devolução ao mercado, como alternativa para reduzir a demanda de carvão vegetal proveniente da supressão de florestas nativas e a demanda de energia no país”, afirma Zuleica.

Uma vez depositados no solo, estes produtos liberarão substâncias tóxicas para o meio ambiente, imputando altos custos para o setor de saúde, e proporcionando o surgimento de novas áreas contaminadas no país, tudo com o aval do próprio MMA e Ibama, critica.

Por Ulisses A. Nenê, da EcoAgência. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Alta no preço dos alimentos agrava problema da fome no mundo, afirma ONU

Pelo menos 75 milhões de pessoas foram colocadas abaixo do limiar da fome em todo o mundo no ano passado, de acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Com isso, o número de desnutridos chegou a 923 milhões de pessoas, contra uma estimativa de 848 milhões para o período 2003-2005.

Para a FAO, um dos principais motivos foi o aumento nos preços internacionais de alimentos. E com a alta contínua nos valores dos principais cereais e do petróleo em 2008 - apesar de o preço do barril ter retornado à faixa dos US$ 100 recentemente -, a expectativa da organização é de um crescimento ainda maior da fome no mundo.

A região onde a fome se agravou mais é a Ásia e o Pacífico, com 41 milhões de novos desnutridos. Na América Latina e Caribe, a FAO estima que o aumento foi da ordem de seis milhões.

Os números mostram uma reversão na tendência positiva rumo ao cumprimento dos Objetivos do Milênio (ODM), entre eles o de reduzir pela metade a proporção de pessoas com fome no mundo até 2015.

De acordo com a FAO, chegar à meta fixada na Cúpula Mundial sobre Alimentos, em 1996, é um desafio cada vez mais difícil, já que seria necessário reduzir o número de famintos em 500 milhões para se chegar à metade do número estimado em 1990-1992, que era de 842 milhões.

Além disso, a tendência negativa também coloca em risco os outros ODMs. Segundo a organização, é necessário romper o círculo vicioso da fome e da pobreza, agindo em duas frentes. Uma é fazer com que a população mais pobre e vulnerável tenha acesso a alimentos e outra é ajudar os pequenos produtores a aumentar sua produção e renda.

Ainda de acordo com a FAO, os países mais atingidos pela crise dos alimentos, a maioria na África, vão precisar de pelo menos US$ 30 bilhões por ano para garantir a segurança alimentar da sua população e reativar sistemas agrícolas. No entanto, a redução da fome pode trazer grandes benefícios, de forma a permitir que se alcance os outros objetivos do milênio, como a redução da pobreza, do analfabetismo, da mortalidade infantil.


Por Ana Luiza Zenker, repórter da Agência Brasil.

Alta no preço dos alimentos agrava problema da fome no mundo, afirma ONU


Pelo menos 75 milhões de pessoas foram colocadas abaixo do limiar da fome em todo o mundo no ano passado, de acordo com relatório da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO). Com isso, o número de desnutridos chegou a 923 milhões de pessoas, contra uma estimativa de 848 milhões para o período 2003-2005.

Para a FAO, um dos principais motivos foi o aumento nos preços internacionais de alimentos. E com a alta contínua nos valores dos principais cereais e do petróleo em 2008 - apesar de o preço do barril ter retornado à faixa dos US$ 100 recentemente -, a expectativa da organização é de um crescimento ainda maior da fome no mundo.

A região onde a fome se agravou mais é a Ásia e o Pacífico, com 41 milhões de novos desnutridos. Na América Latina e Caribe, a FAO estima que o aumento foi da ordem de seis milhões.

Os números mostram uma reversão na tendência positiva rumo ao cumprimento dos Objetivos do Milênio (ODM), entre eles o de reduzir pela metade a proporção de pessoas com fome no mundo até 2015.

De acordo com a FAO, chegar à meta fixada na Cúpula Mundial sobre Alimentos, em 1996, é um desafio cada vez mais difícil, já que seria necessário reduzir o número de famintos em 500 milhões para se chegar à metade do número estimado em 1990-1992, que era de 842 milhões.

Além disso, a tendência negativa também coloca em risco os outros ODMs. Segundo a organização, é necessário romper o círculo vicioso da fome e da pobreza, agindo em duas frentes. Uma é fazer com que a população mais pobre e vulnerável tenha acesso a alimentos e outra é ajudar os pequenos produtores a aumentar sua produção e renda.

Ainda de acordo com a FAO, os países mais atingidos pela crise dos alimentos, a maioria na África, vão precisar de pelo menos US$ 30 bilhões por ano para garantir a segurança alimentar da sua população e reativar sistemas agrícolas. No entanto, a redução da fome pode trazer grandes benefícios, de forma a permitir que se alcance os outros objetivos do milênio, como a redução da pobreza, do analfabetismo, da mortalidade infantil.

Foto: divulgação: desperdício de alimentos

Por Ana Luiza Zenker, repórter da Agência Brasil.

15 anos de mobilização em defesa da água


De 27 de setembro a 04 de outubro, o Rio Grande do Sul estará realizando a XV Semana Interamericana e VIII Semana Estadual da Água.

A temática deste ano é enfocar o saneamento, a partir do slogan "A água lava... a água leva...Você limpa a água?". O alerta busca destacar a necessidade de cuidados com a água, assegurar sua qualidade e promover sua gestão integral, incentivando cada um a fazer sua parte para garantir um mundo sustentável.

No período da Semana da Água estarão ocorrendo em torno de 1.000 atividades em todo o Rio Grande do Sul, entre palestras, debates, seminários, exposições fotográficas, visitas orientadas as estações de tratamento de esgotos, mutirões de limpeza em cursos de água, caminhada e gincana ecológica, além de inúmeras atividades de educação ambiental.

O evento é uma realização da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental-Seção Rio Grande do Sul (Abes-RS) - em parceria com a Secretaria Estadual do Meio Ambiente (Sema-RS) e com o apoio de instituições governamentais, não-governamentais e privadas.

Veja a programação - acesse o link http://www.abes-rs.org.br/semana_da_agua/2008/semagua-2008-prog.htm


Informações:

Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental - Seção RS

51.3212-1375 / www.abes-rs.org.br

Secretaria Estadual do Meio Ambiente - RS

51.3288-8114/ 3288-8129/ www.sema.rs.gov.br

Meio Ambiente teve mais de R$ 3 bilhões em royalties de petróleo contingenciados

Mais de R$ 3 bilhões em royalties pagos pela exploração petróleo, destinados ao orçamento do Ministério do Meio Ambiente (MMA), deixaram de ser utilizados em ações de preservação para abastecer a reserva de contingência do governo, o chamado superávit primário. O dado faz parte de levantamento da Confederação Nacional de Municípios (CNM) sobre fontes de financiamentos e gastos da área ambiental.

De acordo com o estudo, entre 2002 e 2007, o MMA deveria ter recebido R$ 3,8 bilhões de royalties de petróleo, recursos hídricos e minerais vinculados por lei ao orçamento da pasta. No entanto, o montante efetivamente aplicado foi de R$ 606 milhões, cerca de 15,9% do total, e o restante foi contigenciado.

“Existem recursos e eles não são utilizados para o que deveria ser. Sabemos que o governo faz um esforço para manter o equilíbrio fiscal, mas eu diria basicamente que isso é falta de controle de aplicação da lei” , afirmou o presidente da CNM, Paulo Ziulkoski. Segundo ele, o equilíbrio fiscal não pode se sobrepôr à preservação do meio ambiente.

Segundo o relatório da CNM, o percentual de recursos do MMA transferidos para o superávit primário cresceu progressivamente, de 27,4% em 2003 para 89,4% em 2007. “Isso deixa claro que o governo institucionalizou a destinação de recursos de royalties para o pagamento de juros da dívida”, apontou o estudo.

Ziulkoski defendeu que a destinação efetiva dos royalties do Ministério do Meio Ambiente poderia fortalecer a gestão ambiental nas cidades. “Temos cerca de 600 municípios que municipalizaram o controle ambiental com impacto local e até regional; e uma das dificuldades [para execução] são fontes de financiamento para isso. E é nos municípios que as coisas acontecem”, argumentou.

O presidente da CNM acrescentou que a transferência de recursos ambientais para outras reservas pode comprometer a imagem do Brasil, ao requerer ajuda internacional para ações de preservação, como a confirmada ontem (16) pelo governo da Noruega. “Se as pessoas que podem eventualmente alavancar recursos para cá souberem que o que tem aqui não é aplicado; isso pode até dificultar que outros países venham nos auxiliar. A gente não quer trocar seis por meia dúzia; se o dinheiro existe, seja ele da Noruega, dos Estados Unidos, da África, ou de recursos próprios, tem que ser aplicado”, disse Ziulkoski.

De acordo com o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pelo menos R$ 600 milhões dos royalties deverão efetivamente ganhar utilidade ambiental. A expectativa do ministro é que mudanças na Lei do Petróleo garantam parte dos recursos ao Fundo de Mudanças Climáticas “para aplicações em redução de emissões [de gases de efeito estufa], tecnologia limpa, prevenção e mitigação”.

Atualmente, a lei prevê que esse dinheiro seja utilizado integralmente na mitigação de vazamentos de óleo no oceano. Como esses acidentes são raros, na prática, o recurso vai direto para a reserva do superávit.


Por Luana Lourenço, repórter da Agência Brasil.

Ancestral vivo de formiga amazônica


As formigas surgiram há cerca de 120 milhões de anos, durante o período Cretáceo, quando se diferenciaram de um ancestral comum às vespas. Um grupo internacional de pesquisadores acaba de descrever uma nova espécie, encontrada nas proximidades de Manaus, que afirmam ser a linhagem mais antiga de formigas existentes na atualidade.

A formiga vive sob o solo e mede de 2 a 3 milímetros quando adulta. Esbranquiçada e sem olhos, ganhou o nome de Martialis heureka. A referência ao planeta Marte se deve à aparência “alienígena” do animal, que possui uma combinação de características jamais registradas. Depois da análise morfológica e genética, os cientistas verificaram que a formiga correspondia não apenas a uma nova espécie, mas também a gênero e subfamília inéditos.

A descoberta será publicada esta semana no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas). Os autores do estudo são Christian Rabeling e Jeremy Brown, da Universidade do Texas (Estados Unidos), e Manfred Verhaagh, do Museu Estatal de História Natural de Karlsruhe (Alemanha). O trabalho de campo no Amazonas teve participação de Marcos Garcia, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária.

De acordo com Garcia, o grupo havia trabalhado em conjunto em dois projetos de três anos de duração realizados a partir de 1996, dentro de um convênio bilateral entre Brasil e Alemanha apoiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A formiga havia sido encontrada pela primeira vez por Verhaagh, em 1998.

“Trabalhamos até o fim de 2003 em projetos que pesquisavam os organismos de solo e sua importância para os ecossistemas locais. O professor Verhaagh coletou dois exemplares dessa formiga, mas houve um acidente no transporte. Eles secaram e não puderam ser analisados”, disse Garcia à Agência FAPESP. O entomologista da Embrapa coordenava, na época, a parte brasileira do projeto.

Em 2003, Rabeling, que fazia então sua pesquisa de mestrado, realizava um trabalho de campo em um terreno da Embrapa, próximo a Manaus, quando encontrou por acaso um novo exemplar da espécie desconhecida. Segundo o pesquisador alemão, o animal foi coletado na serapilheira, a camada superficial do solo da floresta onde há restos de vegetação, folhas, ramos, caules e cascas de frutas em diferentes estágios de decomposição.

“Eu estava arrumando meus pertences para ir embora, no fim da tarde, quando vi a formiga, que me pareceu estranha. Depois da coleta, não consegui identificá-la e enviei uma foto dela ao professor Manfred, que me respondeu imediatamente dizendo que se tratava da formiga encontrada em 1998”, disse Rabeling à Agência FAPESP.

Segundo o pesquisador, existe uma ampla literatura sobre as mais de 12,5 mil espécies de formigas no planeta. Mas, depois de analisar as características morfológicas da nova espécie, os cientistas constataram que ela não se encaixava em nenhuma das 20 subfamílias existentes. “Desde 1923, esta é a primeira descoberta de uma nova subfamília de formigas com espécimes vivos”, afirmou.

Em seguida, os cientistas removeram as pernas do lado direito da formiga e extraíram o DNA para realizar análises genéticas. “Seqüenciamos três genes e colocamos esses dados em uma matriz de dados existente. Essa análise genética mostrou que a formiga era a mais antiga com espécimes vivos”, explicou.

Segundo o pesquisador, foram coletados anteriormente fósseis mais antigos, mas a Martialis heureka é a mais basal de todas as formigas vivas já submetidas a uma análise filogenética.

Rabeling contou que a Sphecomyrma, um fóssil preservado em âmbar e descrito em 1967 por Edward Wilson, da Universidade Harvard, é considerado o “elo perdido” das formigas e vespas.

“As vespas são os ancestrais de todas as formigas atuais. A partir desse ancestral, elas foram se especializando para viver no solo, em árvores ou na serapilheira e formaram o grupo monofilético das formigas”, explicou. As formigas evoluíram rapidamente para diferentes linhagens, partir do Cretáceo (entre 145,5 milhões e 65,5 milhões de anos atrás).

Novas coletas

Rabeling contou que Wilson, um dos principais especialistas em formigas no mundo, também foi consultado quando a Martialis heureka foi coletada. Seu comentário gerou o nome da nova espécie. “Quando observou a combinação desconhecida de caracteres morfológicos aberrantes, Wilson brincou que esse gênero só podia vir de Marte”, contou.

O cientista acredita que a descoberta tenha implicações para a conservação do bioma amazônico. “O projeto que envolvia a Universidade de Tuebingen, à qual eu pertencia na época, o Museu de Karlsruhe e a Embrapa vinha estudando insetos da região por uma década e, depois de todo esse tempo, ainda encontramos espécies novas. Isso mostra a importância da conservação, já que espécies como a Martialis heureka são fundamentais para ajudar a entender a evolução”, destacou.

Segundo Rabeling, a descoberta reforça a hipótese de que as formigas predadoras cegas que vivem sob o solo apareceram no início da evolução das formigas. “A cor pálida do corpo e a falta de olhos sugerem que essas formigas fizeram adaptações propícias para seus hábitos subterrâneos”, disse.

De acordo com Rabeling, o grupo agora pretende realizar outro projeto para coletar mais exemplares da formiga na Amazônia, a fim de realizar estudos sobre seu comportamento. O grupo pretende também desenvolver novas metodologias para coleta de espécies subterrâneas.

O artigo Newly discovered sister lineage sheds light on early ant evolution, de Christian Rabeling e outros, poderá ser lido em breve por assinantes da Pnas em www.pnas.org.

Foto: Subterrânea, esbranquiçada e sem olhos, espécie descoberta no Amazonas pertence à mais antiga linhagem de formigas vivas atualmente. Trabalho, com participação brasileira, será publicado na revista Pnas (divulgação)


Por Fábio de Castro, Agência FAPESP.

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Ventos e sol podem garantir energia para mais de 2/3 da população mundial

Em 2030, a energia solar poderá atender às necessidades energéticas de dois terços da população mundial e a geração eólica em alto-mar, no Mar do Norte, poderá fornecer energia para 71 milhões de residências na Europa. Essas são as principais conclusões dos relatórios internacionais Geração Solar e Revolução Elétrica do Mar do Norte (textos em inglês), lançados esta semana pelo Greenpeace.

O relatório Geração Solar, que está em sua quinta edição, foi produzido em conjunto com a Associação Européia da Indústria Fotovoltaica. Os números confirmam o impressionante crescimento da energia solar no mundo e seu enorme potencial energético. Em 2030, estima-se que estejam instalados mais de 1.800 GW de painéis fotovoltaicos no mundo.

Essa capacidade deve gerar 2.600 Terawatts/hora (1 tera = mil gigas) de eletricidade por ano, ou 14% da demanda global, atendendo a 1,3 bilhões de pessoas em áreas cobertas por sistemas elétricos e outros 3 bilhões de pessoas em áreas rurais sem acesso a eletricidade.

O setor fotovoltaico será também o responsável pelo crescimento de economias locais. O número de empregados no setor, trabalhando na fabricação, instalação e manutenção dos painéis, pode crescer dos atuais 120 mil para 10 milhões no mundo em 2030.

"A energia solar produzida pelos painéis fotovoltaicos tem um potencial energético enorme no Brasil e no mundo. Para viabilizar este potencial, é essencial o apoio governamental através da aplicação de medidas políticas como as tarifas feed in. A aplicação deste mecanismo em diversos países tem garantido o crescimento do setor, permitindo que o consumidor possa operar seu próprio sistema solar em casa e ser remunerado pela geração excedente de energia", afirma Ricardo Baitelo, da campanha de Energia do Greenpeace Brasil.

O relatório Revolução Elétrica do Mar do Norte, coordenado pelo 3E, aponta as vantagens da interconexão de parques eólicos offshore entre o Reino Unido, a Escandinávia, os Países Baixos, a França e a Alemanha.

A conexão reduziria a variação da geração eólica no mar e também serviria para a distribuição de outras energias renováveis, garantindo o fornecimento estável de eletricidade ao sistema.

O estudo indica que a geração eólica offshore no Mar do Norte pode gerar 250 TWh de eletricidade por ano, atendendo a 13% do suprimento dos países da região.

Um parque offshore médio produz eletricidade durante mais de 90% do ano e a interconexão destes parques garantiria uma capacidade firme entre 10 e 68 GW. Esta rede forneceria energia a 71 milhões de residências e contribuiria para a redução significativa de gases de efeito estufa.

"O potencial de geração offshore no Brasil ainda não foi levantado, mas é certamente superior aos 143 GW do potencial de geração eólica em terra. A utilização desta energia no futuro pode atender a boa parte do aumento da demanda nacional nas próximas décadas e eliminar definitivamente a necessidade de construção de termelétricas fósseis e nucleares, no país", afirma Baitelo.

Publicado por Cidades Solares. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Banco Mundial e as hidrelétricas

Por José Goldemberg*

O Banco Mundial publicou recentemente um interessante relatório sobre o Licenciamento Ambiental de Empreendimentos Hidrelétricos no Brasil, que foi preparado como contribuição ao debate sobre os rumos que a produção de eletricidade vai tomar no Brasil.

Foi a produção de energia em usinas hidrelétricas, a partir do fim do século 19, que deu início à eletrificação do mundo moderno. Em condições favoráveis, é uma energia limpa e renovável, que transforma a força mecânica da água dos rios em eletricidade.

Uma vez construída, uma usina hidrelétrica pode funcionar sem maiores problemas durante 40 a 50 anos, sem consumir combustível e operada por apenas algumas dezenas de técnicos.

Assim foi introduzida na Europa e nos países industrializados, onde praticamente todos os aproveitamentos hidrelétricos possíveis foram feitos rapidamente.

Só a partir de meados do século passado é que a geração de eletricidade em usinas térmicas, queimando carvão, derivados de petróleo e gás - além de usinas nucleares -, se tornou importante. Nos países em desenvolvimento, sobretudo na América Latina e na África, existe ainda um imenso potencial de aproveitamentos hidrelétricos a serem feitos.

Como explicar, portanto, as resistências que surgiram à construção de usinas hidrelétricas em vários países do mundo e, em especial, no Brasil?

A origem do problema está na Índia e na China, que têm grande densidade populacional e não são particularmente dotadas de recursos hidrelétricos.

O que sucede é que a construção de usinas exige, em geral, a formação de lagos artificiais, que inundam grandes áreas e provocam outros impactos ambientais e sociais que forçam à realocação de populações indígenas e ribeirinhas e de atividades agrícolas.

Em alguns casos, de fato, ela não foi bem conduzida, o que deu origem a toda espécie de reivindicações, algumas legítimas, às quais se somam, às vezes, outras questões não relacionadas com as hidrelétricas.

Uma das conseqüências dessas reivindicações, no Brasil, é que desde meados da década de 1980 as usinas que têm sido construídas têm reservatórios pequenos ou até nenhum reservatório, o que origina falta de eletricidade em períodos de pouca chuva.

Parte dos problemas que tivemos em 2001 e até quase levaram a um racionamento se deve a isso.

Há cerca de dez anos, a resistência à construção de usinas atingiu tal vulto em alguns países que foi sugerido que o Banco Mundial deixasse de financiar empreendimentos hidrelétricos.

Uma decisão dessas teria graves conseqüências, uma vez que usinas hidrelétricas exigem longo tempo para sua concretização (de cinco a dez anos), o que torna indispensável a aplicação de recursos financeiros a juros baixos e longo prazo para pagamento, que só o Banco Mundial pode fazer.

Tratava-se, evidentemente, de uma proposta que poderia prejudicar milhões de habitantes de cidades que ficariam na escuridão sem a eletricidade proveniente de tais usinas.

Por essa razão, na época foi criada uma Comissão Internacional de Barragens, que fez recomendações de aperfeiçoamento do processo de licenciamento e construção de hidrelétricas, sem impedir seu financiamento e construção. Muitas delas são relevantes para o Brasil e merecem ser revisitadas.

O grande potencial hidrelétrico remanescente do nosso país está na Amazônia, porque os principais aproveitamentos da Região Centro-Sul já foram feitos.

Essa expansão, no entretanto, está provocando resistência de populações ribeirinhas e grupos indígenas diretamente atingidos e de algumas organizações não-governamentais (ONGs) que ainda não compreenderam que as outras opções para produzir energia, como usinas térmicas e nucleares, seriam piores do ponto de vista ambiental.

Essa resistência faz aumentar muito o tempo necessário para a concessão das licenças ambientais, o que eleva o custo das obras e até torna incerta a implementação de alguns projetos.

Só para dar uma idéia dos problemas, os custos diretos do licenciamento ambiental (sociais, ambientais e incertezas regulatórias) representam, em média, cerca de 15% do custo total da obra - além dos custos indiretos.

O resultado é que se criam freqüentemente conflitos entre o Ministério de Minas e Energia, que deseja fazer as obras, e o Ministério do Meio Ambiente, que as licencia, uma vez que grandes obras (não só hidrelétricas, como estradas, portos e outras de infra-estrutura) sempre geram impactos.

É realmente urgente a solução desses problemas, pela seguinte razão: quando o governo decide ampliar a produção de eletricidade, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) realiza um leilão em que o vencedor é o grupo empresarial que oferece o menor preço para a eletricidade a ser vendida quando a usina começar a funcionar.

Esse procedimento aparentemente beneficia a população com tarifas mais baixas, mas tem a conseqüência perversa de beneficiar também a opção por usinas a carvão ou gás, que levam menor tempo para construir, mas são muito mais poluentes.

Com isso a responsabilidade e a pressão das ONGs, do Ministério Público e dos empreendedores sobre as autoridades ambientais se tornam imensas, porque estas ficam com a missão de corrigir escolhas impróprias que decorrem de leilões em que a única consideração é o preço final da energia.

Esta é uma situação parecida com os procedimentos que os governos utilizam para compras em geral, desde lápis até computadores: o critério é o menor preço, o que freqüentemente leva à compra do pior.

O recente relatório do Banco Mundial analisou em detalhes todas essas questões e fez um conjunto de recomendações muito úteis que - se adotadas - resolveriam muitos dos problemas existentes.

* Professor da USP, foi secretário de Meio Ambiente do Estado de São Paulo. Publicado pela Envolverde (Envolverde/OBESCO).

Apagão mundial hoje: “Deixe o planeta respirar por 10 minutos”


Esta é a campanha que está circulando pela internet e que propõe um apagão mundial de 10 minutos para o próximo dia 17, quarta-feira. A iniciativa pede que se apaguem todas as luzes e desliguem os eletrodomésticos, sensibilizando para a necessidade da poupança energética e de atitudes mais sustentáveis para o planeta. O pedido está traduzido em vários idiomas, para ser reenviado para o maior número possível de pessoas. O objetivo é tornar o evento - Earth Hour - um símbolo de um movimento planetário em favor da Terra.

A campanha que deu início a essa proposta foi organizada pelo WWF, no ano passado, e se repetirá neste ano pela segunda vez. A primeira foi em 29 de fevereiro. No ano passado, no dia 31 de março, 2,2 milhões de pessoas e 2.100 empresas em Sydney (Austrália) apagaram as luzes durante uma hora. Segundo o WWF, isso resultou em uma economia de 10,2% de energia, o equivalente a deixar 48 mil carros sem funcionar durante um ano.

Participação mundial

Português
: Escuridão mundial: No dia 17 de Setembro de 2008 das 21:50 às 22:00 horas propõe-se apagar todas as luzes e se possível todos os aparelhos elétricos, para o nosso planeta poder 'respirar'. Se a resposta for massiva, a poupança energética pode ser brutal. Só 10 minutos, para ver o que acontece. Sim, estaremos 10 minutos às escuras, podemos acender uma vela e simplesmente ficar a olhar para ela, estaremos a respirar nós e o planeta. Lembrem-se que a união faz a força e a Internet pode ter muito poder e podemos mesmo fazer algo em grande. Passa a notícia, se tiveres amigos a viver noutros países envia-lhes.

Castellano: Oscuridad mundial: En Septiembre 17, 2008 desde las 21:50 a
las 22:00 horas. Se propone apagar todas las luces y si es posible todos los aparatos eléctricos, para que nuestro planeta pueda 'respirar'. Si la respuesta es masiva, la energía que se ahorra puede ser brutal. Solo 10 minutos y vea que pasa. Si estamos 10 minutos en la oscuridad, prendamos una vela y simplemente la miramos y nosotros estaremos respirando y nuestro planeta. Recuerde que la unión hace la fuerza y el Internet puede tener mucho poder y puede ser aun algo más grande. Pase la noticia, si usted tiene amigos que viven en otros países envíeselo a ellos.

Ingles
: Darkness world: On September 17, 2008 from 21:50 to 22:00 hours. Proposes to delete all lights and if possible all electrical appliances, to our planet can 'breathe'.if the answer is massive, energy saving can be brutal. Only 10 minutes, and see what happens. Yes, we are 10 minutes in the dark, we light a candle and simply. Be looking at it, we breathe and our planet. Remember that the union is strength and the Internet can be very power and can. Even do something big. Moves the news, if you have friends to live in other countries send to them.

Francés
: Darkness monde: Le 17 Septembre 2008 de 21:50 à 22:00 heures. Propose de supprimer toutes les lumières et, si possible, tous les appareils électriques, à notre planète peut 'respirer'. Si la réponse est massive, les économies d'énergie peuvent être brutales. Seulement 10 minutes, et de voir ce qui se passe. Oui, nous sommes 10 minutes dans le noir, on allume une bougie et simplement. Être regarder, que nous respirons et de notre planète. N'oubliez pas que l'union fait la force et l'Internet peuvent être très électricité et peut. Même faire quelque chose de grand. Déplace l'actualité.

Alemán
: Darkness Welt: Am 17 September 2008 von 21:50 bis 22:00 Uhr. Schlägt vor, alle Lichter zu löschen und, wenn möglich, alle elektrischen Geräte, die unseren Planeten kann 'atmen'. Wenn die Antwort ist derb, Energieeinsparung kann brutal. Nur 10 Minuten, und sehen Sie, was passiert. Ja, wir sind 10 Minuten im Dunkeln, wir Licht einer Kerze und einfach. Sei es bei der Suche, die wir atmen, und unseres Planeten. Denken Sie daran, dass die Gewerkschaft ist Stärke und das Internet kann sehr Macht und könnenSelbst etwas tun groß. Verschiebt den Nachrichten.

Holandés: Darkness wereld: Op 17 September 2008 van 21:50 tot 22:00 uur. Stelt voor om alle lichten en zo mogelijk alle elektrische apparaten, om onze planeet kan 'ademen'. Indien het antwoord is enorm, de energiebesparing kan worden wreder. Slechts 10 minuten, en zie wat er gebeurt.Ja, we zijn 10 minuten in het donker, we licht van een kaars en gewoon. Wordt kijken, we inademen en onze planeet. Vergeet niet dat de unie is kracht en het internet kan zeer macht en kan. Zelfs iets te groot.


Foto: Terra vista a bordo do ônibus espacial Columbia.

Pesquisa feita por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para EcoAgência de Notícias. Reprodução autorizada, desde que citada a fonte.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Minc nega mudanças em norma que prevê redução na poluição por enxofre dos veículos

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, negou em São Paulo a possibilidade de mudança em uma resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) que prevê a redução do nível de enxofre presente no diesel vendido no país a partir de janeiro do ano que vem.

Apesar dos pedidos das montadoras, o ministro afirmou que o prazo para a adaptação de veículos nacionais ao novo combustível, menos poluente, não será ampliado.

De acordo com o cronograma estabelecido no Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) em 2002, ônibus e caminhões de grandes cidades devem rodar com diesel cuja concentração de enxofre é de 50 ppm (partes por milhão) já em 2009. No interior, a concentração deverá ser de 500 ppm.

Atualmente, o diesel vendido em regiões metropolitanas do país tem uma concentração de 500 ppm. Já o diesel comercializado em cidades do interior tem 2.000 ppm de enxofre.

Segundo o médico Paulo Saldiva, pesquisador do Laboratório de Poluição da Universidade de São Paulo (USP), o diesel com mais enxofre é mais poluente. O combustível emite mais “material particulado”, prejudicial à saúde, e ainda não permite que filtros sejam instalados nos veículos.

“A queima do enxofre gera material ácido, que corrói o filtro”, explicou Saldiva. “Com menos enxofre, é possível instalar o filtro e a quantidade de material particulado emitido pelos veículos também cai.”

O médico disse também que pesquisas realizadas seguindo critérios elaborados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que entre 12% e 14% das mortes naturais ocorridas diariamente em São Paulo foram causadas pela poluição - cerca de 9% do total.

O estudo aponta que, do total de mortes por poluição, quatro ou cinco são causadas pela queima do diesel. “Com o novo diesel, de duas a três mortes por dia poderão ser evitadas.”

Em entrevista coletiva concedida após participar da reunião do Conama, Minc disse ainda que propôs ao órgão a criação de uma outra fase do Proconve. Nela, ficaria fixado que, a partir de 2012, o nível de enxofre do diesel chegue a 10 ppm.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) foi procurada para comentar as declarações do ministro mas não se manifestou. O diretor de Soluções da Petrobras, Frederico Kramer, disse que a empresa terá condições de distribuir o diesel 50 ppm na data estabelecida na resolução.

A Petrobras, assim como as montadoras, foi citada em uma ação civil pública proposta pela Procuradoria da República em São Paulo que busca garantir que a norma do Conama seja cumprida. A procuradora Ana Cristina Bandeira Lins, responsável pelo processo, também não foi encontrada para comentar o assunto.

Por Vinicius Konchinsk, da Agência Brasil. Matéria publicada dia 10 de setembro.

Apremavi realiza diagnóstico socioeconômico da Estação Ecológica da Mata Preta



Dia 08 de setembro último, o técnico ambiental da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi/SC), Marcos Alexandre Danieli, a estagiária Suiana Cristina Pagliari, a consultora Franciele Oliveira Dias e o analista ambiental do Instituto Chico Mendes (ICMBio), Angelo Francisco Lima, iniciaram a elaboração do diagnóstico socioeconômico da Estação Ecológica da Mata Preta, através da realização de entrevistas com moradores (foto) localizados na zona de amortecimento da Unidade de Conservação (UC), nas comunidades Barro Preto, Pagliosa e Sítio Barrichello.

A elaboração do diagnóstico é uma das atividades previstas no Plano de Ação do projeto “Elaboração dos Planos de Manejo da Estação Ecológica (ESEC) da Mata Preta e do Parque Nacional das Araucárias”, que está sendo executado pela Apremavi, desde julho de 2007, com o Projeto Demonstrativo (PDA) Mata Atlântica e as parcerias de várias instituições.

O resultado das entrevistas dará um panorama geral da Unidade de Conservação, com a identificação do número de pessoas que moram nessas áreas, o tipo de uso que fazem da terra, as características da população como: faixa etária, sexo, escolaridade, modo de vida, fontes de subsistência, estrutura familiar, entre outros.

O diagnóstivo vai também identificar os alvos de conservação, ou seja, quais as peculiaridades da UC para as quais se deve dar mais atenção e as fontes que causam a degradação desse alvos.

A Estação Ecológica da Mata Preta tem 6.563 hectares e fica no município de Abelardo Luz, oeste de Santa Catarina. Tem como destaque os remanescentes de Floresta Ombrófila Mista, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades controladas de educação ambiental.

A Estação é composta por três grandes fragmentos muito próximos e com grande possibilidade de conexão. Um dos fragmentos abriga uma população grande de araucárias e outras espécies. A área está inserida numa região sob intensa pressão de exploração florestal e ocupação agrícola.

“O contato com os moradores é um importante momento para conhecermos a realidade das comunidades e para informá-los sobre os objetivos e necessidade da criação da unidade”, diz o técnico ambiental Marcos Alexandre Danieli. “Também é um espaço para se abordar a importância da participação dos moradores no conselho consultivo que encontra-se em processo de formação”, completa.

Da redação da EcoAgência. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Pelas folhas e raízes


Em dias de neblina intensa ou umidade do ar muito elevada, certas árvores usam um mecanismo diferente para extrair do ambiente a água de que necessitam para se manter vivas, crescer e se reproduzir. Em vez de absorver apenas pelas raízes a água disponível no solo, também retiram vapor d’água da atmosfera por meio de suas folhas.

“Esse recurso pode permitir às plantas sobreviver a períodos em que a água disponível é pouca”, explica o biólogo Rafael Silva Oliveira, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Recentemente ele identificou essa capacidade de sorver água pelas folhas em árvores da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica que florescem a mais de mil metros acima do nível do mar no litoral de São Paulo.

Até então desconhecido entre espécies da flora brasileira, esse fenômeno não é novo. Em 2004 o biólogo Todd Dawson, da Universidade da Califórnia em Berkeley, Estados Unidos, havia descrito essa estratégia de hidratação em uma das árvores mais altas do mundo: a sequóia (Sequoia sempervirens), que alcança até 115 metros de altura e vive mais de 2 mil anos.

Embora ainda não se saiba ao certo como ocorre a absorção pelas folhas – que não são impermeáveis como se imaginava –, Dawson demonstrou que elas captam até 30% da água que as sequóias consomem ao longo do ano.

Na Califórnia as florestas formadas por essas árvores possivelmente nem existiriam caso as folhas das sequóias não fossem capazes de extrair da neblina parte da água de que precisam. “Lá chove pouco, num nível parecido com o da Caatinga no Brasil”, afirma Oliveira, especialista em ecologia vegetal da Unicamp que há quase uma década trabalha em parceria com Dawson.

Folhas que funcionam como esponjas não são o único recurso que permitiram às plantas se adaptar ao longo de milhares de anos aos diferentes ambientes do planeta. Em estudos em paralelo desenvolvidos nos últimos anos, Oliveira e o biólogo Augusto Cesar Franco, da Universidade de Brasília (UnB), identificaram em árvores do Cerrado, da Floresta Amazônica e da Mata Atlântica outras estratégias que lhes permitem lidar com a escassez ou a abundância de água. “O Cerrado, por exemplo, é um ecossistema com grande biodiversidade. Há de 60 a 70 espécies de árvore em uns poucos hectares”, diz Franco. “Cada espécie pode ter desenvolvido estratégias diferentes para captar água.”


Foto: Equipes de pesquisadores de Brasília e Campinas identificam estratégias de árvores para garantir o suprimento de água (Rafael Silva Oliveira/Unicamp)


Por Reinaldo José Lopes - Revista Pesquisa FAPESP edição número 10.

R$ 6,1 milhões para o setor mineral


O Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) lançou edital para apoiar atividades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação e capacitar recursos humanos no setor mineral.

Estarão disponíveis R$ 6,1 milhões do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), sendo 30% dos recursos destinados a projetos coordenados por pesquisadores vinculados a instituições sediadas nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.

As propostas devem ser encaminhadas até 21 de outubro por meio de formulário de propostas on-line. Os resultados serão divulgados a partir de 27 de novembro e os contratos terão início ainda este ano. Os projetos selecionados terão prazo de execução de 36 meses.

O edital prevê recursos para duas chamadas. Para a primeira serão destinados R$ 3,6 milhões e cada projeto pode receber entre R$ 250 mil e R$ 500 mil, a serem aplicados em pesquisa, desenvolvimento tecnológico e inovação conforme as linhas temáticas listadas no edital.

Para a segunda chamada serão mais R$ 2,5 milhões, voltados para projetos a serem executados por meio de rede de cooperação de aprendizagem e inovação, parceria com grupos de micro e pequenas empresas de mineração localizadas nos municípios pertencentes a sistemas produtivos locais.

Cada projeto receberá entre R$ 100 mil e R$ 500 mil, visando à inserção, transferência e difusão de tecnologias, dentro das linhas temáticas definidas no edital.

Mais informações: www.cnpq.br/editais/ct/2008/056.htm

Foto, divulgação: CNPq lança edital para apoiar atividades de pesquisa e capacitação de recursos humanos no setor mineral. Propostas até 21 de outubro

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

Movimentos sociais e ambientais promovem ato de silêncio contra projeto da Orla


Na próxima quarta-feira (17/9) haverá uma manifestação silenciosa na Câmara de Vereadores de Porto Alegre, proposta por entidades que se posicionam contra o projeto Pontal do Estaleiro. Representantes de associações de moradores, ambientalistas e demais entidades, vestidos de preto, ocuparão as galerias do Plenário da Câmara para a sessão das 14h.

Para a vice-presidente da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), Sandra Jussara Ribeiro, “esta campanha será vitoriosa, como foi a da Agapan há 20 anos, com a escalada da chaminé da Usina do Gasômetro”, diz, ao destacar que a população teve a atenção voltada para a possível privatização da Orla do Guaíba. “A união e a força da nossa consciência cidadã mais uma vez nos enseja a lutar por uma orla livre da privatização”, reafirma Sandra, ao estender o convite para essa participação.

“Vamos à Câmara de Vereadores nesta quarta-feira, todos de preto. O povo gaúcho e, em especial, o portoalegrense, desta e das gerações que vierem a nos suceder, merecem receber este legado”, salienta Sandra.

Integram a campanha Não ao projeto Pontal do Estaleiro a Agapan, Amigos da Rua Gonçalo de Carvalho, Associação dos Moradores e Amigos do Bairro Independência (Amabi), Movimento Viva Gasômetro, Associação Moinhos Vive, Associação dos Moradores do Bairro Ipanema (Ambi), Associação dos Moradores da Auxiliadora (Ama), Centro Comunitário de Desenvolvimento da Tristeza, Vila Assunção, Vila Conceião e Pedra Redonda (CCD), Defesa Civil do Patrimônio Histórico (Defender), Associação dos Moradores da Cidade Baixa, Associação Comunitária Jardim Isabel Ipanema (Ascomjip), Conselho Estadual da Umbanda e dos Cultos Afro-Brasileiros do RS (Ceucab/RS), Associação dos Moradores do Sétimo Céu (AMSC), Movimento Petrópolis Vive, União pela Vida (UPV), ONG Solidariedade, Movimento Higienópolis Vive, Associação dos Moradores do Bairro Chácara das Pedras (Amachap) e Instituto Biofilia.

A camanha Não ao projeto do Pontal do Estaleiro destaca as questões ambiental, urbanística, ética e legal e a vocação da Orla:


NÃO
ao projeto Pontal do Estaleiro

O projeto prevê a construção de um complexo arquitetônico (6 prédios) de 60 mil metros quadrados na área do antigo Estaleiro Só.

Cada prédio terá volume igual ao nosso Hospital das Clínicas.

1 - Questão AmbientalSe aprovado, causará grande impacto ao ambiente natural da região. As construções formarão uma barreira artificial impedindo a passagem dos ventos para a cidade e da luz do sol para a vizinhança, além do grande aumento da produção de esgoto cloacal que na região é ligado ao pluvial.

2 - Questão UrbanísticaO projeto trará problemas de trânsito pela Av. Padre Cacique, que já terá aumento de fluxo de automóveis pela inauguração do Barra Shopping Sul a partir de outubro.

3 - Vocação da OrlaLazer e recreação é a vocação de qualquer orla no mundo. A construção do empreendi-mento inviabilizaria a implantação de um grande Parque, que é um anseio da população, independente de classe social. A Orla do Guaíba pertence a toda população da cidade. As orlas são Áreas de Proteção Permanente. Não podem estar acessiveis apenas aos moradores e freqüentadores dos estabelecimentos ali localizados, o belo por do sol e a vista do nosso Guaíba.

4 - Questão Ética e LegalO empreendedor quando adquiriu o terreno em leilão, pagou um valor mais baixo por estar impedida por lei municipal a construção de prédios residenciais na área.
Agora quer que se mude a lei para auferir maiores lucros. Caso a lei seja alterada, o município estará sendo irresponsável com as pessoas que morarão ali, pois é área com risco de enchentes e negligente, anti-ético e banal ao desrespeitar a lei, sacrificando o bem-estar da maioria da população para favorecer a ganância de uma minoria.

Participe!
Não permita que alterem a Lei!

Foto: arquivo Agapan: Há 20 anos, ambientalistas chamaram atenção contra privatização da Orla


Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para a EcoAgência de Notícias. Reprodução autorizada, citando a fonte.

Quarta-feira, em Porto Alegre, tem conferência sobre O Chamado das Árvores


O Chamado das Árvores é um projeto que iniciou no ano passado e objetiva o plantio de um milhão de árvores para “salvar o Planeta”. Muitos ativistas aderiram à campanha que já atingiu 122.574 árvores plantadas. O projeto, idealizado pelo arquiteto mineiro Paulo Solano, propõe o resgate de uma comunicação do homem com o reino vegetal, além de ações que priorizem a preservação da natureza. Uma dessas atividades é a conferência que será realizada em Porto Alegre na próxima quarta-feira, dia 17, com a participação de Dorothy Maclean e Judy MCallister, da Fundação Findhorn, ao norte da Escócia. Além da conferência, que acontece no Salão Itapema do Hotel Plaza São Rafael, a partir das 18h30, a programação inclui lançamento do livro O Chamado das Árvores, amanhã, terça-feira, 16, às 19h, na Livraria Cultura, e workshop na quinta-feira, 18, das 9h às 12h30, no auditório do Jardim Botânico de Porto Alegre.

De acordo com entrevista de Judy MCallister, publicada na edição de agosto no Jornal Em Aquarius, o foco das atividades d’O Chamado das Árvores é a importância das árvores e a consciência que flui através delas. “A noção de que nós, humanos, podemos nos comunicar com a inteligência que existe nas formas da natureza é um dos assuntos que aprecio especialmente”, diz a instrutora do Transformation Game, uma dinâmica de autoconhecimento, desenvolvida através da Fundação Findhorn.

A Findhorn é uma associação sem fins lucrativos, que integra uma comunidade espiritual composta de cerca de 400 pessoas. Fundada em 1962 por Peter e Eileen Caddy e Dorothy Maclean, a comunidade tornou-se conhecida pelo seu trabalho com as plantas e a comunicação com os reinos naturais. Atualmente a Findhorn Foundation é um centro de educação espiritual e holística, que procura gerar novas maneiras de interagir homem e natureza.

Incentivar o plantio de árvores nativas é uma das prioridades da campanha O Chamado das Árvores, na redução da poluição do ar e da temperatura média do Planeta. A proposta também objetiva conscientizar as pessoas sobre atitudes relacionadas, por exemplo, ao consumo de papel, utilizando o verso das folhas de papel, destinando-o para a reciclagem, já que cada tonelada reciclada evita a derrubada de 30 árvores.

Além de Porto Alegre, O Chamado das Árvores é realizado em Manaus, Belo Horizonte e São Paulo.

Mais informações e participação através do WWW.ummilhaodearvores.org.br .

Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para EcoAgência. Reprodução autorizada, citando a fonte.