quinta-feira, 27 de novembro de 2008

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

É hoje o lançamento do novo portal multimídia da EcoAgência

Mantido pelo Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul, o novo portal multimídia da EcoAgência será lançado hoje (26/11) às 19h30, na Palavraria, no bairro Bom Fim, em Porto Alegre. Além do portal da EcoAgência, o Nej/RS faz o relançamento do livro Jornalismo Ambiental: Desafios e Reflexões, organizado pelos professores da Ufrgs, Ilza Maria Toutinho Girardi e Reges Schwaab, membros da Diretoria do Nej.

Com criação, planejamento e produção da Ozone Comunicação e Design, também de Porto Alegre, o novo portal objetiva divulgar propostas, eventos e projetos ambientais, alinhando as notícias às diversas ferramentas multimídia, oferecendo ainda artigos, documentos para pesquisa, vídeos, fotografias e áudios.

A EcoAgência (www.ecoagencia.com.br) é um dos projetos mantidos pelo Nej/RS, ao lado do programa de rádio Sintonia da Terra, veiculado através da Rádio da Ufrgs, e do Terça Ecológica, um espaço de debate que aproxima profissionais e estudantes no enfoque ecológico.

Já o livro Jornalismo Ambiental: Desafios e Reflexões, lançado na última Feira do Livro em Porto Alegre, reúne 32 textos que abordam sobre jornalismo ambiental. Os trabalhos foram apresentados durante o II Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, realizado em Porto Alegre em novembro do ano passado.

Mais informações pelo http://www.ecoagencia.com.br/ .

Foto: reprodução da capa do livro

Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para EcoAgência de Notícias Ambientais. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Abertas inscrições para passeio ao Sítio Apiquários de produtores da Feira Ecológica

Passar um domingo em um local repleto de verde, com mata nativa e ar puro, saboreando uma alimentação natural e orgânica é uma oportunidade rara que pode estar ao seu alcance.

No domingo, dia 7 de dezembro, Roque e Lorita Rossi recebem um pequeno grupo em seu sítio no interior de Gramado. O casal acolhe os convidados com lanche da manhã, seguido por uma oficina de secagem de chás. Após o almoço, com cardápio vegano e orgânico, acontece uma oficina sobre o valor terapêutico de alguns chás e uma trilha pela mata nativa. Um lanche no final da tarde completa as atividades do dia.

A saída da excursão está prevista para as 7h30min, na rua José Bonifácio, próximo à igreja Santa Teresinha, e o retorno deve ocorrer por volta das 20h.

Todo o pacote soma um investimento de R$100,00, que deve ser pago no momento da inscrição. As pessoas podem inscrever-se neste sábado, dia 29 de novembro, na banca do Sítio Apiquários da FAE, com a agricultora Lorita, ou até o dia 2 de dezembro, com Cláudia Dreier, pelo telefone 9819 9887, e posterior depósito bancário.

As vagas são limitadas a 20 pessoas.

Da Assessoria de Imprensa da Feira de Agricultores Ecológicos.

CCJ aprova redação final do Pontal do Estaleiro

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal de Porto Alegre aprovou nesta terça-feira (25/11) a redação final do projeto do Pontal do Estaleiro, aprovado pelo Plenário no último dia 12.

Agora, a matéria segue para a Diretoria Administrativa, que a encaminhará ao Executivo.

Após receber o projeto, o prefeito tem prazo de 15 dias para sancionar ou vetar a proposta.

Se sancioná-la, a lei entra em vigor após publicação no Diário Oficial de Porto Alegre.

Se o prefeito vetar a matéria, o projeto volta ao Legislativo, que decidirá se mantém ou derruba o veto.

Na hipótese de os vereadores concordarem com o veto, o projeto será arquivado. No entanto, se a Câmara decidir derrubar o veto, a proposta vira lei após ser promulgada pelo presidente da Casa.


Por Marco Aurélio Marocco, da CMPA.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Celofane: o transparente que não é plástico

Propor alternativas que substituam o plástico é a nova ação da Feira dos Agricultores Ecologistas, FAE, que reforça a campanha Menos plástico mais saúde. Neste sábado, 29 de novembro, o destaque cabe ao papel celofane.

"Mas o celofane não é plástico?" questionou a bióloga Karin Potter ao ser informada sobre o evento. Como ela, muitas pessoas são levadas a confundir o celofane com plástico. Em várias papelarias de Porto Alegre quando se solicita o papel celofane o que é apresentado ao consumidor é um plástico que imita o celofane como se este fosse de fato o papel transparente.

Luiz Fernando Heck, representante da fábrica brasileira que produz esse material, demonstra uma maneira fácil de identificar sua legitimidade: "na presença de fogo, o celofane queima como qualquer papel comum, já os plásticos ficam enrugados e retorcidos".

A Banca do Papel Celofane vai estar na FAE, ao lado do caldo-de-cana, para mostrar as vantagens desta embalagem em vários produtos. As bancas da feira que já utilizam o celofane, como a dos Nutracêuticos de Nelson Dihel, estarão sinalizadas por cartazes coloridos.

Desde novembro de 2006, a Feira dos Agricultores Ecologistas trabalha com ações pontuais para diminuir o uso do plástico. A FAE acontece todos os sábados na primeira quadra da rua José Bonifácio, em Porto Alegre, das 7 às 13h.


Da Assessoria de Comunicação da Feira de Agricultores Ecologistas.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Câmara de Vereadores deve enviar projeto Pontal do Estaleiro ao prefeito de Porto Alegre até quarta-feira


O veto pelo prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, à modificação da Lei 470/02, liberando a ocupação residencial na Orla do Guaíba, foi defendida no último domingo (23/11) no Brique da Redenção. Integrantes de movimentos contrários ao projeto aprovado no último dia 12 na Câmara de Vereadores, reforçam as manifestações em diversos locais da cidade, distribuindo panfletos e colhendo assinaturas.

Isso porque, até a próxima quarta-feira (26/11), a Câmara deve enviar o chamado projeto Pontal do Estaleiro ao prefeito Fogaça, que terá 15 dias para vetar ou sancionar. “Esperamos que o prefeito seja coerente com os interesses da cidade e vete este projeto, que privativa uma área de interesse cultural, destinada ao turismo, esporte, gastronomia e lazer”, defende o secretário-geral do Fórum Municipal das Entidades, Paulo Guarnieri, uma das 50 entidades que integra o Movimento Defenda a Orla.

A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) também integra o Movimento e, em agosto passado, lançou o abaixo-assinado Em Defesa da Orla, em comemoração aos 20 anos da subida da chaminé da Usina do Gasômetro. “Na época, defendíamos o mesmo objetivo, que hoje voltou a ser pauta: a preservação das margens do Guaíba, ameaçadas pela ocupação privada de empreendedores que buscam o lucro imediato”, lembra a presidente da Agapan, Edi Fonseca, ao lamentar que “a história se repete”. Com quase oito mil assinaturas, o abaixo-assinado eletrônico pode ser acessado através do http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/1571 .

Apoios ao Movimento

O Movimento Defenda a Orla reúne mais de 50 entidades, entre entidades de classe, de bairros, ambientalistas, universitários, artistas e intelectuais. Entre as personalidades que têm se posicionado contrários ao projeto estão Eva Sopher, Miguel Reali Jr, Rualdo Menegat, Luis Fernando Veríssimo, Zorávia Bettiol, Santiago, Fedrizi, Celso Furtado e inúmeras pessoas ligadas à cultura do nosso Estado.

Até mesmo os participantes da Feira dos Agricultores Ecologistas, que é realizada todos os sábados de manhã, no bairro Bom-Fim, se manifestaram contrários ao projeto e dizem acreditar no veto do prefeito.

Durante as três próximas feiras ecológicas, entre 9h30 às 12h30, haverá mobilização contra o aquecimento global e também coleta de assinaturas do abaixo-assinado Em Defesa da Orla. A atividade é realizada pela Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), Associação dos Agricultores Ecológicos Solidários do RS, Amigos da Terra e ONG Ingá. A Feira dos Agricultores Ecologistas funciona todos os sábados, das 7h às 13h, na rua José Bonifácio.

Prece do poeta Carlos Urbim

Na semana passada, a vereadora Margarete Moraes (PT) repassou aos integrantes do Movimento Defenda a Orla uma prece do nosso escritor e poeta Carlos Urbim, “nos unindo a ele nesta luta pela preservação do Guaíba e por uma Porto Alegre que possa desfrutar de sua orla de forma democrática”.

Oração numa hora ruim
- Carlos Urbim

Nossa Senhora dos Navegantes
madrinha do rio-lago Guaíba
tire de mim o ódio que sinto
pelos corações de concreto

Nossa Senhora dos Navegantes
que ganha de novo procissão
pelas águas tão violentadas
afaste de mim a imensa raiva
contra os gigolôs do cimento

Nossa Senhora justiceira
protetora dos pescadores
que precisam da laguna
cada vez mais poluída
repreenda por mim
os que sujam e cerceiam
vociferam argamassa
e dão a alma ao diabo

Rogue praga de padroeira
(sempre tão certeira)
puxe as orelhas vendidas
dê palmadas nas bundas
condene agora mesmo
os piratas e os pecadores

Virgem santa querida
não nos deixe perdedores

Foto: Manifestação de apoio ao veto do prefeito José Fogaça ao projeto Pontal do Estaleiro (Cesar Cardia)

Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para Ecoagência de Notícias. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Frustração pelo veto à proteção legal de geleiras argentinas


A decisão do governo de Cristina Fernández de vetar uma lei de proteção das reservas de água doce das geleiras da Argentina causa profunda preocupação em cientistas e ambientalistas que participaram da elaboração do projeto. “Trabalhamos muito com os legisladores para que essa lei fosse promulgada”, disse pesaroso ao Terramérica o doutor em Geociências Ricardo Villalba, diretor do estatal Instituto Argentino de Nivologia, Glaciologia e Ciências Ambientais (Ianigla).

“É difícil entender o que ocorreu. A comunidade científica não quer deter o desenvolvimento, mas preservar fontes de água doce em uma região onde as províncias dependem dessas reservas para seu consumo e irrigação”, acrescentou Villalba, membro do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC).

O projeto de Lei de Orçamentos Mínimos para a Proteção das Geleiras e do Ambiente Periglacial, aprovado em 22 de outubro com folgada maioria nas duas câmaras legislativas, estabelece normas básicas para “preservá-los como reservas estratégicas de recursos hídricos e fornecedores de água”. Também proíbe atividades que afetem as funções de fornecedores de água das geleiras e do ambiente periglacial, definido no projeto como “área de alta montanha com solos congelados que atua como regulador do recurso hídrico”. O artigo segundo do texto afirma que uma geleira é uma “massa de gelo perene, estável ou que flui lentamente, com ou sem água intersticial, formada pela recristalização da neve, localizada em diferentes ecossistemas, qualquer que seja sua forma, dimensão e estado de conservação”. Entre as atividades proibidas nesses lugares consta a exploração e prospecção de minérios ou petróleo, construção de obras de arquitetura ou infra-estrutura e a liberação de substâncias poluentes, produtos químicos ou resíduos de qualquer tipo.

Assessorada pela Secretaria de Mineração, Fernández vetou toda a lei no dia 11 desse mês, alegando que “a proibição é excessiva” e outorga “preeminência aos aspectos ambientais acima das atividades que poderiam ser desenvolvidas com perfeito cuidado do meio ambiente”. No fundamento do veto, a presidente admite que os governadores das províncias afetadas “expressaram sua preocupação” pela lei porque “repercutiria negativamente no desenvolvimento econômico e nos investimentos que nelas são feitos”.

A lei teria afetado projetos como o de Pascua Lama, que a corporação mineira canadense Barrick Gold pretende iniciar na Cordilheira dos Andes, em uma área limítrofe entre a província argentina de San Juan e a região chilena de Atacama, para extrair ouro, prata e cobre por cerca de 20 anos. O investimento da Barrick para essa mina é de US$ 2,4 bilhões, segundo as últimas estimativas, e permitirá extrair anualmente 615 mil onças de ouro e 30 milhões onças de prata, mais cinco mil toneladas de concentrado de cobre por meio do método de lixiviação com cianureto para separar o metal da rocha.

Embora o projeto da Barrick prejudique geleiras localizadas do lado chileno e já tenha sido aprovado pelos dois países, desperta forte resistência dos moradores dos dois lados da fronteira, que fizeram campanha por anos contra a exploração mineral e a favor da preservação das reservas de água doce. Algo semelhante ocorre com moradores da província de La Rioja, contrários aos planos de mineração da Barrick na cadeia montanhosa da Serra de Famatina, onde nascem vários cursos de água. Entretanto, os projetos, apesar dos entraves, avançam lentamente.

Diante desse cenário, a sanção da lei seria comemorada como uma vitória entre os que trabalham na preservação da água doce. Mas a festa durou menos de um mês, até chegar o veto total. “A Cordilheira é gigante e há lugar para todos”, alegou Villalba. “A lei não dizia que não podia haver nenhum projeto. Indicava que se devia limitar áreas. Para isso se ordenava a realização de um inventário de geleiras e periglaciais para seu controle e proteção que deveria estar a cargo da Ianigla. O que não deveria ser tocado eram as áreas fornecedoras de água”.

O vice-presidente da Associação Amigos dos Parques Nacionais da Argentina, Norberto Ovando, disse ao Terramérica que mesmo “com a mineração realizada em zona periglacial, suas explosões provocam a liberação e dispersão de substâncias que, além de contaminantes, aquecem muito mais rápido a superfície das geleiras”. As “atividades que a lei vetada proibia iriam acelerar esse derretimento”, disse Ovando, membro da Rede Mundial de Áreas Protegidas.

Segundo a Ianiglia, na Patagônia (sul do país) as geleiras retrocederam entre 10% e 14% nos últimos 20 anos, por causa do aumento da temperatura global. “Para nós, a água é mais valiosa do que o ouro e não tem substituto”, enfatizou Ovando. Embora executivos da Barrick tivesem que voltar atrás com seu plano inicial de trasladar três geleiras do lado chileno e se comprometer a não fazê-lo, “os cientistas não acreditam muito na companhia”, disse Ovando. A lei era uma ferramenta para que esse compromisso fosse cumprido.

O biólogo Raúl Montenegro, da Fundação para a Defesa do Meio Ambiente, disse ao Terramérica que foi “um erro” vetar uma lei “sensata e inteligente” que também protegia as altas bacias hídricas em geral e as economias semi-áridas que existem graças à água das geleiras. Na Argentina, as ocidentais províncias de San Juan, Mendoza e La Rioja dependem do fornecimento dessas fontes para consumo humano, agricultura e pecuária.

Foto: Photo StockLegenda: Geleira Perito Moreno, no sul da Argentina.

Por Marcela Valente, correspondente da IPS.LINKS

+Projeto de Lei de Orçamentos Mínimos para a Proteção das Geleiras e do Ambiente Periglacial, em PDF http://www.ambiente.gov.ar/archivos/web/AdCC/File/08leydepresupuestosminimos_glaciares.pdf


+Maior reserva de água doce desprotegida no Chile http://www.tierramerica.info/nota.php?lang=port&idnews=251

+Mineradora canadense vai com tudo por geleirahttp://www.tierramerica.info/nota.php?lang=esp&idnews=37&olt=6

+Instituto Argentino de Nivologia, Glaciologia e Ciências Ambientais http://www.mendoza-conicet.gov.ar/

+Fundação para a Defesa do Ambiente http://www.funam.org.ar/

* Artigo produzido para o Terramérica, projeto de comunicação dos Programas das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e para o Desenvolvimento (Pnud), realizado pela Inter Press Service (IPS) e distribuído pela Agência Envolverde.

Fazendeiro de Anapu diz que exploração sustentável da floresta é possível


Desenvolver atividades econômicas e preservar a Floresta Amazônica é uma realidade possível, na avaliação do fazendeiro Antonio Napoli Velho. Ele vive há 27 anos na Amazônia, no município de Anapu, sudeste do Pará.

Nascido no sul do país, Gaúcho, como é conhecido na região, vivenciou momentos importantes da história da Amazônia, desde o estímulo à sua ocupação e desenvolvimento, promovido pelos governos militares, ao atual estágio de preocupação com a recuperação da mata.

Hoje, ele destaca a importância da conservação do meio ambiente e busca trabalhar de forma sustentável. "Os projetos de manejo são economicamente viáveis sim, porque [a floresta] é uma riqueza que temos aqui e está pronta para ser polida", disse o fazendeiro em entrevista à Agência Brasil. "Mas tem que fazer de forma não gananciosa, dentro dos preceitos ecologicamente corretos", acrescentou.

Ao lado de dois irmãos, Gaúcho tem uma fazenda de 6 mil hectares. Segundo ele, 20% da área foi transformada em pasto, onde cria gado. Outros 300 alqueires, cerca de 1.500 hectares, foram utilizados para desenvolver um projeto de manejo sustentável.

"[A extração por meio do manejo] é uma atividade bem remunerada, muito boa", disse. Ele conta que em dois anos todas as árvores que poderiam ser exploradas foram retiradas. Agora, explica, as remanescentes ficarão intocadas por 25 anos para recompor a floresta. "A rentabilidade foi boa e agora podemos desenvolver projetos [de manejo] menores, mais modernos".

Gaúcho explicou que precisou apressar o início da exploração sustentável porque sua propriedade estava sendo ameaçada de invasão. "Quem tem a madeira é alvo. Os invasores querem pegá-la para vender aos madeireiros ilegalmente".

Segundo ele, as próprias madeireiras incentivam agricultores e assentados a invadir fazendas. Não com o intuito de estimular a reforma agrária, mas para comprar a madeira das áreas ocupadas de forma ilegal e a preços muito mais baixos do que os de mercado. "O problema é que ocorre muita propina", criticou.

Para se ter uma idéia, afirmou Antonio Velho, os madeireiros compram um alqueire de mata por R$ 300. "Eles me fizeram a proposta e não aceitei. Um metro cúbico de Ipê, por exemplo, vale R$ 400. Como não cedi, eles incitam o povo a invadir", acrescentou.

Na avaliação do fazendeiro, os Programas de Desenvolvimento Sustentáveis (PDS`s), idealizados pela missionária norte-americana Dorothy Stang são exemplo de utilização "inteligente" da floresta. "O projeto dela é no sentido de retirar uma pequena área todo ano. Esse é o melhor sistema porque não aumenta a oferta de madeira. É uma oferta permanente e com regularidade. Isso que é interessante para a região", disse.

Para Gaúcho, o cálculo é simples: "Legalmente, podem ser retirados até 60 metros cúbicos de madeira em três hectares. Seiscentos metros cúbicos a R$ 400 o metro cúbico, são R$ 24 mil ou R$ 2 mil por mês. Não existe salário melhor na região".

Ele acrescenta que os agricultores podem trabalhar de forma conjunta. Funcionaria como um esquema de parceria em que o manejo seria desenvolvido em uma área maior e a rentabilidade aumentaria. Os agricultores podem tirar a madeira em um mês e ficar os outros 11 com o dinheiro no bolso e a floresta intacta".

Para essa alternativa se tornar realidade, o fazendeiro acredita que deve haver uma mudança cultural no modo de obter renda por meio da floresta. "Há um paradigma que tem que ser quebrado, de se querer fazer tudo rápido, pegar a madeira, vender tudo de uma vez".

Em sua opinião, a conscientização por meio da implementação de escolas rurais familiares poderia resolver o problema. "Com isso, os jovens seriam estimulados a ficar na terra em vez de ir para a cidade onde, provavelmente, vão inchar as favelas".

Segundo Gaúcho, entre Anapu e Pacajá, uma área superior a 12 mil quilômetros quadrados, só há uma escola rural. "O colono é o melhor ecologista, mas ele não tem conhecimento. A cultura que ele tem é de queimar, cortar, vender, passar para o outro lado. Se ele for instruído, com certeza vai ter consciência da importância da preservação".

Foto: Fazendeiro de Anapu diz que exploração sustentável da floresta é possível (Antônio Cruz, ABr)

Por Ivan Richard Repórter da Agência Brasil.

sábado, 22 de novembro de 2008

Nej/RS apresenta novo portal EcoAgência e lança livro no próximo dia 26

O Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul (Nej/RS) encerrará o ano lançando na próxima quarta-feira, 26, às 19h30, o novo portal da EcoAgência e o livro Jornalismo Ambiental: Desafios e Reflexões. O evento será na Palavraria (rua Vasco da Gama, 165, Bom Fim), em Porto Alegre.

A fim de ampliar e qualificar sua cobertura, a EcoAgência investiu na reformulação da identidade visual do seu novo portal de notícias. O projeto demandou seis meses de trabalho e contou com a criação, planejamento e produção da Ozone Comunicação e Design. O objetivo é também alinhar a agência a ferramentas multimídia, utilizando tecnologia de ponta, mesclada à usabilidade total para os usuários: notícias, artigos, documentos para pesquisa, vídeos, fotografias e áudios.

A EcoAgência (www.ecoagencia.com.br) é mantida pelo Nej desde sua criação, em 2003. Iniciou suas atividades com o trabalho voluntário de jornalistas de várias partes do país. Foi um dos primeiros sites de jornalismo ambiental do Brasil.

O livro, organizado pelos professores da Ufrgs, Ilza Maria Toutinho Girardi e Reges Schwaab, membros da diretoria do Nej, reúne 32 textos que discutem peculiaridades, problemas e possibilidades da cobertura sobre meio ambiente. Os trabalhos foram apresentados durante o II Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental, realizado em Porto Alegre e organizado pelo Nej gaúcho.

Sobre o Nej/RS

O Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul, com 18 anos de existência, foi a primeira entidade do Brasil criada como o objetivo de ampliar e qualificar a informação ambiental, trabalhando para a capacitação dos jornalistas.

Atualmente é uma referência na América Latina, pois através das ações do Nej foram criadas a Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental e a Rede de Comunicação Ambiental da América Latina e Caribe, além de Núcleos de Ecojornalistas em outros Estados.


Informações:
Silvia FM, https://webmail.via-rs.net/webmail/Direto/CorreioBusiness?direto_tarefa=novaMensagem&email=silviamarcuzzo@gmail.com ou pelo 51-9341-6213
Adriane Bertoglio Rodrigues, Adriane@ecoagencia.com.br ou pelo 51-9813-1785

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Manifestações defendem Orla do Guaíba e clima no Planeta


Neste final de semana, em Porto Alegre, o Parque da Redenção será palco de manifestações em defesa da Orla do Guaíba e contra o Aquecimento Global. Sábado e domingo (22 e 23/11), o Movimento Defenda a Orla fará mobilização em frente ao Monumento do Expedicionário, a partir das 10h, para distribuição de panfletos e coleta de assinaturas. “Vamos contatar os consumidores da Feira Ecológica e os visitantes do Brique”, anuncia Paulo Guarnieri, do Fórum Municipal das Entidades.

A manifestação do Defenda a Orla representa um ato público em apoio ao veto do prefeito José Fogaça à alteração da Lei 470/02, que permite a construção de espigões, inclusive residenciais, em toda a Orla do Guaíba, e não apenas na área privada, conhecida como Pontal do Estaleiro. O Movimento Defenda a Orla reúne mais de 50 entidades, entre entidades de classe, de bairros, ambientalistas, universitários, artistas e intelectuais. O público poderá assinar o abaixo-assinado ou acessa-lo pelo http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/1571.

Projeto “fora da lei”

O projeto de lei, aprovado no último dia 12 pela Câmara de Vereadores, em regime de urgência, está em fase de redação final para então ser enviado ao prefeito José Fogaça, para veto ou sanção.

A inconstitucionalidade do projeto é questionada pelos integrantes do Movimento Defenda a Orla, ao citarem a Lei 4771/1965, que define como de Preservação Permanente as margens de 500 metros quando os cursos d´água possuam mais de 600 metros de largura. “Tal Lei é ignorada pelo município de Porto Alegre”, destaca o engenheiro civil Henrique Wittler, num comentário de matéria postada no site da Ecoagência de Notícias Ambientais. Ele cita que “a aplicação desta lei ambiental fez com que a justiça mandasse demolir metade de um hotel em Santa Catarina” e salientar que, “apesar da lei estar em pleno vigor, só uma Ação Pública na Justiça Federal pode acabar com a impunidade”.

Aquecimento Global

Numa das bancas centrais da Feira dos Agricultores Ecologistas do bairro Bom-Fim, amanhã, sábado, das 9h30 às 12h30, haverá mobilização contra o aquecimento global. A atividade é realizada pela Agapan (Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural), Associação dos Agricultores Ecológicos Solidários do RS, Amigos da Terra e ONG Ingá. O movimento contará com uma banca durante os próximos quatro sábados, nesta feira, onde circula cerca de 5.000 pessoas por dia. A feira da segunda quadra, da Cooperativa Arco-Íris, também se dispôs a abrir um espaço para coleta de assinaturas.

Haverá um abaixo assinado e farto material informativo sobre o assunto. De acordo com o coordenador do Movimento contra o Aquecimento Global, o agrônomo e integrante do Conselho Superior da Agapan, Celso Copstein Waldemar, “a idéia é que outras entidades participem da banca com suas lutas especificas, publicações e abaixo-assinados, a exemplo dos movimentos do Pontal do Estaleiro e contra a construção da Hidroelétrica de Paiquerê, que emitirá gás metano, contribuindo para o aquecimento global”.

“O abaixo assinado contra o aquecimento global e pela mudança urgente da matriz energética atual será encaminhado ao Ministério do Meio Ambiente, ao Palácio do Planalto e ao Congresso Nacional”, destaca Copstein, que também é membro do GT Mudanças Climáticas, do Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento.

Copstein finaliza convidando “a todos a fazerem parte ativa deste rodízio de ocupação da banca nestes quatro sábados, divulgando a toda sociedade nossas lutas, levando a vontade de pôr o movimento ecológico na rua de novo”.


A Feira dos Agricultores Ecologistas funciona todos os sábados, das 7h às 13h, na rua José Bonifácio. Também tem Feira Ecológica aos sábados de manhã e nas quartas-feiras à tarde, das 14h às 19h, no estacionamento da Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária, Pesca e Agronegócio.

Foto: Artistas se integram ao movimento em defesa da Orla do Guaíba (http://www.agapan.org.br/)

Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para Ecoagência de Notícias. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Projetos criados por Dorothy Stang provam que sustentabilidade é possível, diz missionária


Os Projetos de Desenvolvimento Sustentáveis (PDS), idealizados por Dorothy Stang, são exemplo de que é possível obter renda da floresta amazônica preservando a mata. A afirmação é da também missionária americana Jane Dnyer, que está em Anapu (PA) há 12 anos e mantém o trabalho na região desde o assassinato de irmã Dorothy, em 2005.

Para irmã Jane, se os governos local, estadual e federal investirem em programas semelhantes aos PDS seria possível alimentar a população, preservar o meio ambiente e oferecer uma fonte de renda aos agricultores de Anapu.

"Para preservar a mata a agricultura familiar precisa de máquina. O povo quer cumprir o fogo zero, mas sem equipamento não há condição de fazer isso".

Ela afirma que, sem fiscalização, até mesmo os projetos de manejo não são respeitados na região.
"Tudo aqui é ilegal. Se os madeireiros atuam legalmente, é porque eles esperam até a noite para vir até a cidade. A gente vive nessas estradas e encontramos os caminhões esperando a noite chegar. Já criaram caminhos alternativos para não passar pela cidade. E a mata continua caindo".
Nos PDS, argumenta a religiosa, os agricultores são orientados a utilizar a floresta de forma sustentável. Nessas áreas é possível, inclusive, explorar economicamente a extração de madeira, como explica a missionária.

"O único local onde há verdadeiramente um programa de manejo é no PDS Virola Jaobá, que é um manejo comunitário", afirmou a religiosa, explicando que no local cada árvore retirada recebe uma placa de identificação de metal.

Com essa marca, acrescentou irmã Jane, a tora de madeira pode ser identificada e pode-se encontrar o tronco na floresta. "O que sai tem placa e o que fica tem placa. O móvel que for feito daquela madeira vai receber a mesma marca de identificação", exemplificou.

O problema, para ela, é a ilegalidade. "Nosso povo, em vários travessões, está com medo do fundo dos seus lotes, porque as madeireiras entram e os agricultores nem sabem. O problema é a ilegalidade e a responsabilidade", disse.

A pequena casa de madeira onde mora em Anapu está sempre de portas abertas. A única medida de segurança é um pedaço de arame que prende o velho portão de madeira. Perguntada se tem medo de que lhe façam mal, irmã Jane diz que o perigo que corre é o mesmo de todos no município.

"A gente vive em Anapu e tem um relacionamento com o povo daqui. O que o povo de Anapu é sujeito, nós também somos. Então, se há problema de segurança o povo também está passando por ele e não saímos enquanto não houver segurança", diz.

Ela conta que, mesmo depois do assassinato de Dorothy, continua indo em todos os locais no município. "Alguns até chamam a gente de Dorothy", brinca.

"Sozinho não ando mais. Antes andava, mas vamos a todas as estradas do município. Hoje acho difícil alguém pegar uma bala e matar a gente. Já criou problema demais para eles. Se quiserem acabar com a gente, deve ser por um 'acidente'. Todos nós sabemos [dos riscos] e fazemos o possível para evitar, mas ninguém pode evitar tudo". Irmã Jane disse que nunca pensou em deixar Anapu.

Foto: Desmatamentos e queimadas (divulgação)

Por Ivan Richard, enviado Especial a Anapu (PA).

Glaciologista gaúcho lidera expedição ao interior da Antártica


Pesquisadores do Programa Antártico Brasileiro (Proantar) partiram na última quinta-feira (20/11) para a primeira expedição científica nacional ao interior da Antártica.


A missão terá seu acampamento base localizado a 2.000 quilômetros ao sul da Estação Antártica Comandante Ferraz, já sobre o espesso manto de gelo que cobre o continente.

Segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia, do acampamento base parte do grupo avançará mais 400 quilômetros em uma das regiões mais isoladas da Antártica, o monte Johns, onde serão realizadas perfurações no gelo para investigar variações no clima e na química da atmosfera ao longo dos últimos 500 anos.

Durante o período de 40 dias, o grupo viverá em barracas, acampado sobre geleiras e enfrentando temperaturas de 35°C negativos e locomovendo-se por aviões, esquis e motos de neve.

O grupo, constituído por três pesquisadores gaúchos, três cariocas, um mineiro e um chileno, será liderado pelo glaciologista Jefferson Cardia Simões, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Simões já participou de 19 expedições no Ártico e na Antártica e foi o primeiro brasileiro a atravessar o manto de gelo e a atingir o pólo Sul geográfico por via terrestre, no verão de 2004/2005 em uma missão chilena.

A nova expedição, ação colaborativa entre a UFRGS e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro, permitirá ao Brasil explorar cientificamente o interior de um continente de 13,6 milhões de quilômetros quadrados, que tem importante papel como controlador do clima do país. Até o momento, a presença brasileira na Antártica está restrita a proximidades da costa do continente.

A expedição é parte das ações brasileiras no Ano Polar Internacional e uma contribuição às investigações sobre a variabilidade e mudanças do clima nos programas International Trans-Antarctic Scientific Expedition e International Partnership in Ice Core Sciences.

O andamento da expedição poderá ser acompanhado pela internet, no endereço: www.ufrgs.br/antartica.


Foto: Primeira expedição nacional ao interior da Antártica tem início. Serão realizadas perfurações para investigar variações no clima e na química atmosférica nos últimos 500 anos (foto: divulgação)


Da Agência Fapesp.

Inundação de dados


Cerca de 20% da Amazônia corresponde a áreas alagáveis, de acordo com um novo mapa georreferenciado produzido por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara (UCSB).

De acordo com os autores, uma das maiores limitações para estudos sobre o ciclo do carbono ou o balanço de gases do efeito estufa é a imprecisão dos dados sobre a dimensão das áreas alagáveis, responsáveis pela maior parte das emissões de metano e carbono na atmosfera.

O estudo que gerou os mapas – apresentado nesta terça-feira (18/11), durante a Conferência Internacional Amazônia em Perspectiva, em Manaus – foi realizado por Evlyn Novo, pesquisadora titular da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe, Laura Hess, do Instituto para a Ciência Computacional dos Sistemas Terrestres (Icess, na sigla em inglês) da UCSB, e John Melack, pesquisador do Icess e da Nasa, a agência espacial norte-americana.

Por intermédio de Melack, a pesquisa iniciada na década de 1990 teve participação da Agência de Exploração Aeroespacial Japonesa (Jaxa). Evlyn teve apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio Regular a Pesquisa. Laura, também com apoio da FAPESP por meio da modalidade Auxílio Pesquisador Visitante, atuou como professora visitante do Inpe, onde ajudou a desenvolver e testar a metodologia de mapeamento.

"As áreas alagáveis são as principais fontes naturais de gases causadores do efeito estufa. Qualquer estimativa sobre o aumento das emissões fica distorcida se não tivermos uma linha mestra que nos permita identificar se essas emissões são antropogênicas ou naturais", disse Evlyn à Agência FAPESP.

De acordo com a pesquisadora, a quantificação dessas informações depende de dados sobre as áreas alagáveis amazônicas, que por sua vez são de difícil obtenção. "Os rios da bacia amazônica chegam a ter oscilações de nível de até 18 metros. Em algumas regiões há variações de 50 quilômetros em relação às margens. Por isso, as estimativas sobre as áreas alagáveis até agora eram muito imprecisas", afirmou.

O sensoriamento remoto, segundo Evlyn, é a solução para monitorar as áreas alagáveis da bacia, por sua grande extensão e difícil acesso. Em meados da década de 1990, o projeto teve início a partir de imagens SAR (radares de abertura sintética) obtidas pelo Jers-1 (Japanese Earth Resources Satellite-1), da Jaxa. Os sistemas SAR foram usados como alternativa aos sensores ópticos, cuja ação é limitada em regiões tropicais devido à alta taxa de cobertura de nuvens.

"Com esses dados, foram realizadas coberturas das duas fases do ciclo hidrológico da bacia: o período de águas mínimas e o período de cheias. As informações, então, foram processadas por uma cooperação entre o Inpe e a UCSB para gerar um mapa das áreas alagáveis da Amazônia inteira", disse.

A pesquisadora explica que a conclusão dos trabalhos foi demorada porque era preciso validar o mapa. "Foram feitos vários sobrevôos com uma aeronave do Inpe, para produzir uma videografia. Os resultados preliminares, que consideravam a Amazônia Central, indicavam 17% de áreas alagáveis. O resultado final, que apresentamos hoje [18/11], é o mapa para toda a Amazônia, incluindo os países vizinhos, e mostra que 20% do bioma é composto por áreas alagáveis", destacou.

Segundo Evlyn, o principal responsável pelas áreas alagadas é a flutuação dos rios da bacia amazônica, mas há também uma contribuição de outras fontes de água, como lençóis freáticos que afloram.

De acordo com ela, o mapa ajudará a preencher várias lacunas de informação científica na região. "As áreas de terra firme sempre receberam mais atenção por conta do desflorestamento e da maior extensão. Mas as áreas alagáveis – com pouca oxigenação e favoráveis à decomposição de material orgânico – têm importância crucial, porque a evasão de carbono e metano nesses sistemas é imensa. Sem considerar esses 20% da Amazônia, é impossível fechar o balanço dos estudos sobre emissões", disse.

Foto: Áreas alagáveis da Amazônia correspondem a 20% do bioma, de acordo com novo mapa georreferenciado apresentado por pesquisadores do Inpe e da Universidade da Califórnia. Várzeas são as principais fontes naturais de gases de efeito estufa (divulgação)

Por Fábio de Castro, de Manaus (AM)
Agência FAPESP

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Minc garante que etanol brasileiro não agredirá o meio ambiente

O ministro Carlos Minc, do Meio Ambiente, garantiu hoje que o etanol brasileiro não representará agressão à Amazônia, ao Pantanal, nem substituirá a vegetação nativa em qualquer bioma do país. Ele participa da mesa redonda Biocombustíveis e Mudança Climática, da 1ª Conferência Internacional sobre Biocombustíveis que ocorre no Hotel Grand Hyatt, em São Paulo.

"A área do meio ambiente está participando decisivamente do Programa Brasileiro de Biocombustíveis e posso garantir que o etanol não representará agressão ao meio ambiente", disse o ministro a uma platéia de mais de quarenta chefes de delegação de diversos países da Europa, da África, da Ásia e da América Latina, além dos Estados Unidos.

Minc defendeu que a liderança em relação à produção dos biocombustíveis seja repartida com outros países e apontou que o caminho para que se alcance esse objetivo é a transferência de tecnologia. "Temos interesse que os biocombustíveis se transformem em comodities e podemos estender a tecnologia para parceiros da América Latina, da África e do continente asiático como forma objetiva de reduzirmos as emissões e atacarmos esse problema que é a mudança climática", afirmou.

Ele adiantou ainda que o primeiro Plano Brasileiro de Mudanças Climáticas deverá ser assinado pelo presidente Lula no início de dezembro, antes da Conferência das Partes das Nações Unidas
obre o Clima, na Polônia, onde serão discutidas metas pós-Kyoto.

A conferência, que teve início no dia 17, conta com a participação de representantes de 50 países e foi uma iniciativa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ampliar as discussões em torno dos biocombustíveis, principalmente do etanol, e atrair investimentos internacionais para essa tecnologia pioneira.

A Conferência irá até sexta-feira, dia 21, com a participação do presidente Lula que deverá participar do encerramento do encontro.

Atividades sustentáveis

Como estímulo às atividades sustentáveis, o ministro Carlo Minc defendeu durante 1ª Conferência Internacional de Biocombustíveis, em São Paulo, a criação de mais mecanismos de financiamento para investimento em extrativismo, planos de manejo florestal, piscicultura e outras áreas. "Essas atividades podem beneficiar os 25 milhões de habitantes da Amazônia sem destruir a floresta", disse.

Ele destacou a redução do desmatamento da Amazônia em 22% nos últimos meses, mas disse ser necessário ampliar acordos que estimulem a sustentabilidade e gerem empregos sustentáveis, a exemplo do Fundo Amazônia, instrumento criado para estimular a sustentabilidade e reduzir a exploração desregrada da natureza. "É possível estimularmos o biocombustível mantendo a sustentabilidade econômica, ambiental e social e é esse o caminho que nós queremos para o Brasil", afirmou o ministro.

Mata Atlântica

Nesta sexta-feira (21), durante a conferência de biocombustíveis, no Hotel Hyatt, o ministro participa, às 9h30, da solenidade de assinatura pelo presidente Lula do decreto que regulamenta a lei da Mata Atlântica. A nova norma estimula o plantio de espécies nativas para recuperação de áreas degradadas e também para a produção de matéria-prima florestal para uso econômico.
Por Daniela Mendes, do MMA. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Thoreau, o climatologista


O escritor norte-americano Henry Thoreau (1817-1862) foi um dos principais opositores da escravidão e defendeu a resistência individual a governos injustos (em A desobediência civil) e a vida simples em contato com a natureza (em sua obra mais conhecida, Walden).

Agora, um novo estudo aumenta o extenso currículo do pensador que influenciou Gandhi, Martin Luther King e Leon Tolstoi ao destacar sua contribuição como climatologista. Algo que Thoreau, que morreu quando a Revolução Industrial estava começando, não poderia jamais suspeitar.

Em 1851, quando vivia sozinho às margens do lago Walden, próximo à cidade de Concord, onde nasceu e morreu – em uma cabana emprestada pelo filósofo Ralph Waldo Emerson –, Thoreau começou a anotar em cadernos quando e onde as plantas floresciam.

A idéia de identificar as mudanças ocasionadas pelas diferentes estações do ano serviu como notável registro que, comparado com o cenário atual, tornou possível a um grupo de cientistas avaliar as alterações na vegetação promovidas pelas mudanças climáticas globais.

O estudo, feito por pesquisadores das universidades de Boston e Harvard, foi publicado na edição on-line da revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Segundo os autores, as conclusões são claras. Na média, as espécies mais comuns estão florescendo sete dias mais cedo atualmente do que na época de Thoreau. Um assustador total de 27% das espécies documentadas pelo escritor simplesmente deixaram de existir no local, enquanto que 36% estão presentes em número tão reduzido que não durarão muito tempo.

Mudanças aceleradas na temperatura levam a alterações nos períodos das atividades sazonais, o que é particularmente sentido por alguns tipos de plantas e flores, como orquídeas e lírios. Das 21 espécies de orquídeas observadas por Thoreau, apenas sete foram encontradas atualmente. O estudo, que teve início em 2002, envolveu a análise de 473 espécies, cujos registros são bem documentados nas florestas de Concord desde a época de Thoreau. O escritor registrou sistematicamente o período de floração de cerca de 500 espécies.

Segundo os autores, a perda da diversidade de plantas induzida pelo clima tem sido tão grande – apesar de 60% da área da região estar protegida – que será preciso um grande esforço de preservação para que mais espécies não passem a figurar apenas em livros.

O artigo destaca que a temperatura média na região aumentou 2,4ºC nos últimos 100 anos e estima-se que subirá ainda de 1,1ºC a 6,4ºC nos próximos 100.

“Espécies cujos períodos de floração não se adaptaram a mudanças na temperatura estão sumindo. Por outro lado, espécies cujos períodos de floração foram alterados para começar mais cedo têm se desenvolvido melhor sob condições mais quentes”, destacaram.

O artigo Phylogenetic patterns of species loss in Thoreau's woods are driven by climate change, de Charles Willis e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em http://www.pnas.org/.

Foto: Registros de cerca de 500 espécies de plantas feitas pelo escritor no século 19 são usados para avaliar prejuízos à biodiversidade causados por mudanças climáticas. Na região do lago Walden, 27% das espécies documentadas pelo autor desapareceram (Agência Fapesp)

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

80 animais domésticos devem ser castrados no próximo dia 30 em Porto Alegre


Castração de animais domésticos a baixo custo. Este é o principal objetivo da campanha que acontece no próximo dia 30, domingo, em Porto Alegre, promovida por um grupo de voluntários, ativistas da causa animal e veterinários, "que doam um dia de trabalho para realizar a castração de gatos e cachorros", explica Zélia Cardoso, voluntária, ao destacar a necessidade de agendamento prévio e cadastro. As vagas são limitadas e a expectativa é atender 80 animais, a partir das 10h30.

A campanha é realizada há quatro anos, duas vezes por mês, de forma voluntária. O material utilizado para os animais de rua e também para pacientes particulares é o mesmo. "As cirurgias são rápidas e feitas por quem tem destreza", destaca Zélia, ao salientar que, em gatos, a castração exige "três pontinhos".

Na clínica PetMóvel, próxima da avenida do Forte, tem 12 gatinhos pretos para adoção. "Precisamos mudar a idéia de que gato preto dá azar", diz Zélia, ao observar que nesta época de primavera as gatas entram no cio e têm filhotes. "Aí as pessoas se desfazem das ninhadas e a gata, quando perde os fihotes, entra de novo no cio e, em 60 dias, tem mais filhotes, num ciclo que nunca acaba", diz, ao pedir a colaboração mesmo de quem não tem animais para castrar.

"Apadrinhe a castração de um animal de rua. Desta forma você estará colaborando para reduzir o número de animais abandonados nas ruas e que muitas vezes acabam morrendo atropelados ou recolhidos pela carrocinha", finaliza Zélia.

O agendamento prévio pode ser feito pelos telefones 51-9237-9990, com Zélia, ou 51-8444-2535, com Rodrigo.

Valores

Felinos (M/F)- R$ 40,00Caninos (M/F)- R$ 60,00 (até 10 kg.)Caninos (F)- R$ 75,00 (de 10 à 20 kg.)- R$ 95,00 (de 20 à 40 kg.)- R$ 140,00 (acima de 40 kg.)Vagas limitadas!

O animal não poderá ser vacinado a menos de 10 dias da cirurgia. Deixe para vaciná-lo depois.- caninos devem estar com guia e coleira.- felinos devem ser acondicionados em caixa de transporte segura.- é muito importante trazer cobertores para aquecê-los!- jejum aproximadamente de 6 (seis) horas antes da cirurgia.

Porque castrar?

A castração evita, na fêmea, a gravidez psicológica, a piometra (infecção uterina) e alguns tumores mamários. Nos machos evita tumores testiculares, hérnias perianales, tumores de glândulas hepatóides, tumores de glândulas perianales, tumores e quistos prostáticos, entre outros.Segundo o "American Journal of Veterinary Research " (Jornal Americano de Pesquisa Veterinária), a longevidade de um animal castrado aumenta em machos caninos 24%, em machos felinos 36%, em fêmeas caninas 20% e em fêmeas felinas 40%. Fonte: http://avmajournals.avma.org/

"No caso de animais domésticos, para evitar sua reprodução e amansar seu comportamento. Atualmente, a castração é considerada o melhor método para evitar a proliferação de animais de rua, como cães e gatos. O animal doméstico castrado não apresenta comportamentos reprodutivos tais como fugir de casa, miados altos durante o cio, brigas, demarcação de território com urina, etc. É uma garantia de segurança para o animal, que embora continue adequado inclusive para guarda de residências, torna-se mais equilibrado e emocionalmente estável." Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Castração

Mais informações pelo e-mail: http://www.blogger.com/Direto/CorreioBusiness?direto_tarefa=novaMensagem&email=campanha.castracao@gmail.com.

Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para Ecoagência de Notícias Ambientais. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Crescem perspectivas de progresso nas conversações sobre o clima em Poznan

As negociações das Nações Unidas em Poznan, de 1º a 12 de dezembro, são cruciais rumo a um acordo global justo e ambicioso sobre o clima, previsto para o final do ano que vem.

O mapa do caminho desenhado em Bali – acordado nas negociações sobre clima do ano passado – determina que os governos concluam as negociações na 15ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas em dezembro de 2009, em Copenhagen.

Com apenas um ano até lá, o encontro de Poznan abordará a visão compartilhada para ações cooperativas e um texto de propostas concretas para a negociação global sobre o clima – sobre a qual os negociadores trabalharão ao longo do ano.

As discussões são uma grande oportunidade para afunilar as opções que já estão em pauta e desenvolver propostas mais promissoras adiante.

Questões-chave

O ponto de partida para Poznan difere muito dos encontros anteriores: há um novo presidente norte-americano eleito, com uma ambiciosa agenda climática; diversas economias emergentes estão em processo sem precedentes de adoção de políticas de corte de emissões; e a vacilante União Européia pode retomar sua antiga liderança nestas questões ao aprovar um revolucionário pacote de leis em dezembro.

“Diante do estimulante desenvolvimento político em alguns países, temos razões para esperar um progresso real em Poznan”, disse Kim Carstensen, líder da Iniciativa Global para o Clima, da Rede WWF. “É hora de os dirigentes traduzirem vontade política em um primeiro texto de negociação para o novo tratado global do clima”.

Para a secretária-geral do WWF-Brasil, Denise Hamú, as negociações de Poznan serão decisivas na construção de um acordo consistente, ambicioso e justo em Copenhagen, no ano que vem.

“É hora de os países desenvolvidos e em desenvolvimento se posicionarem positivamente para, juntos, empreenderem um combate efetivo às emissões de gases de efeito estufa. Disto depende, inclusive, o futuro do já combalido quadro financeiro mundial, não bastasse a ameaça à própria existência da vida tal como ela é”, alertou Denise Hamú.

Indústria e emprego sustentáveis

Ao invés de postergar as ações contra as mudanças climáticas em face do temor de recessão, os ministros de Estado deveriam entrar em acordo sobre medidas fortes para reduzir as emissões e aumentar a eficiência energética, incentivando a indústria e o emprego sustentáveis.

“Uma sociedade de baixa emissão de carbono e investimentos em energia limpa são parte da solução tanto para a crise climática quanto para a crise financeira”, disse Kathrin Gutmann, coordenadora de Políticas da Iniciativa Global para o Clima, da Rede WWF.

Em Poznan, para prevenir uma catástrofe climática com intensificação de eventos extremos como secas e inundações e furacões, que acentuaria a crise financeira, devem ser assinados acordos que permitam estancar e reduzir as emissões bem antes de 2020.

Enquanto mais e mais países desenvolvidos e em desenvolvimento reconhecem a necessidade urgente de uma ação decisiva contra a ameaça climática, o país anfitrião do encontro, Polônia, tem se comportado como defensor da indústria do carvão mineral, o que rende ao país a reputação de retrógrado no que tange às negociações sobre mudanças climáticas.

“A Polônia precisa revisar suas posições retrógradas e tornar-se um anfitrião confiável, antes de mais nada, abandonando sua resistência ao pacote sobre clima e energia da União Européia.

WWF-Brasil. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Orla como bem cultural é defendida por doutor em Ecologia de Paisagem


Doutor em Ecologia de Paisagem, Rualdo Menegat também manifesta apoio em defesa da Orla do Guaíba. Menegat é professor do Instituto de Geociências da Ufrgs e coordenador do Atlas Ambiental de Porto Alegre. Para ele, o principal elemento paisagístico da cultura da capital gaúcha é o Guaíba. “Desfigurar o cenário paisagístico da margem única do Guaíba é um delito impensável”, afirma, em artigo que pode ser conferido abaixo.

O maior bem cultural e ambiental dos porto-alegrenses

O meio ambiente não é constituído apenas por ar, água, solo, rochas, vegetais e animais. Esses elementos interagem entre si, para constituir um bem maior: a paisagem. Desde a antiguidade, os grupos humanos aprenderam a se estabelecer em determinadas paisagens e o modo como se relacionaram com ela passou a constituir o que chamamos de cultura. Se há uma diversidade de culturas humanas no planeta Terra é por que há uma diversidade de paisagens que as abrigam. Assim, paisagem e cultura são indissociáveis. O principal elemento paisagístico da cultura que poderíamos chamar de porto-alegrense é o lago Guaíba. Nele, os habitantes ameríndios deveriam manter uma relação estreita e dessa cultura retiramos o nome: Guaíba.

Depois, navegando nesse corpo d'água, chegaram aqueles que fundariam um povoado nas suas margens: os açorianos. Hoje, o Guaíba não é apenas nossa única fonte d'água, bem como o elemento paisagístico que constitui a base histórica e ambiental do nosso caráter cultural. Destruir a paisagem desse bem coletivo e constituidor de nossa história é não apenas atentar contra o meio ambiente, mas também contra o melhor de nossa cultura.Desfigurar o cenário paisagístico da margem única do Guaíba é um delito impensável que acabará por desfigurar nosso amálgama cultural e dificultar a gestão ambiental desse corpo d'água, imprescindível para os habitantes de Porto Alegre. Privatizar a paisagem do Guaíba é retirar da cidade seu direito de dispor de seu mais importante bem ambiental e dos laços que a unem a todo o seu passado.

Por Rualdo Menegat, doutor em Ecologia de Paisagem, coordenador do Atlas Ambiental de Porto Alegre.

Da Redação da Ecoagência de Notícias Ambientais.
Foto do pôr-do-sol do Guaíba, extraída do http://nutep.adm.ufrgs.br/fotospoa/fotospoa.htm

terça-feira, 18 de novembro de 2008

Pontal do Estaleiro: ex-ministro da Justiça defende veto de Fogaça


Preocupado com a descaracterizacão da Orla do Guaíba "e sua destinação meramente especulativa, sem qualquer função social", o advogado e professor Miguel Reale Júnior assinou o abaixo-assinado eletrônico em Defesa da Orla do Guaíba e espera agora que o prefeito de Porto Alegre, José Fogaça, "vete esse absurdo". Sua declaração consta no site da Agapan (http://www.agapan.org.br)/, onde, para o jurista e ex-ministro da Justiça no Governo Fernando Henrique Cardoso, " a notícia do resultado da votacão na Câmara não poderia ser pior" e complementou "contem comigo na defesa do patrimônio de Porto Alegre".

Miguel Reale Jr. reside há 13 anos entre São Paulo, Porto Alegre e Canela. É casado com a advogada e professora de Direito Civil, Judith Martins-Costa. De acordo com a Wikipédia, a enciclopédia livre da internet, é filho do também jurista Miguel Reale e tem forte atuação na área do direito penal. É autor de diversos artigos e atualmente exerce a cátedra de direito penal, no Departamento de Direito Penal, Medicina Forense e Criminologia da Faculdade de Direito da USP.

Bacharelado em 1968, pela mesma faculdade onde leciona, em 1971, com a tese "Dos estados de necessidade", fez doutorado também pela Faculdade de Direito da USP. Foi secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, presidente do Conselho Federal de Entorpecentes, órgão ligado ao Ministério da Justiça, secretário da Administração e Modernização do Serviço Público do Estado de São Paulo e, por um curto período, em 2002, foi ministro da Justiça. Militante do PSDB, Miguel Reale Júnior sempre esteve ligado ao grupo paulista dos tucanos (Franco Montoro, Mário Covas e Fernando Henrique Cardoso).
Representações e manifestações

Enquanto isso, em Porto alegre, o presidente da Câmara Municipal, vereador Sebastião Melo (PMDB), recebeu, na manhã desta terça-feira (18/11), pedido do vereador Alceu Brasinha (PTB) de representação nos termos do Código de Ética para instauração de Comissão de Ética, em face da conduta dos vereadores Beto Moesch (PP) e Neuza Canabarro (PDT), em entrevistas divulgadas na imprensa sobre o projeto Pontal do Estaleiro. "Me sinto ofendido", disse Brasinha, um dos 20 vereadores que votaram favoráveis ao Pontal. O presidente Melo solicitou a notificação dos vereadores ainda nesta terça-feira com prazo de cinco dias para se manifestarem.
Melo e outros vereadores estiveram no Ministério Público do Rio Grande do Sul na tarde de ontem (17/11) para entregar ao procurador-geral de Justiça do Estado, Mauro Renner, um dossiê referente ao projeto de lei Pontal do Estaleiro, votado na última quarta-feira (12/11). O objetivo é esclarecer insinuações de que vereadores teriam sido pagos para votar favoravelmente ao projeto Pontal do Estaleiro. Assim, o MP instaurou Procedimento Investigatório (PI) para apurar os fatos. O prazo para que a investigação seja arquivada ou transformada em Inquérito Civil, caso as denúncias sejam confirmadas, é de cerca de 30 dias.

Até lá, os integrantes do Movimento Defenda a Orla! prometem mobilizações em frente ao Paço Municipal. A primeira será nesta quarta-feira (19/11), às 17h30min, em prol do veto do prefeito José Fogaça ao projeto do Pontal do Estaleiro. De acordo com Paulo Guarnieri, um dos coordenadores do Movimento, "o objetivo da manifestação é agendar visita ao prefeito para entrega de carta requerendo o veto", diz, ao reforçar a importância das pessoas acessarem e assinarem o abaixo-assinado eletrônico no endereço http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/1571.

Mário Pirata, poeta, artesão e "brincandeiro", residente em Porto Alegre, também fez sua homenagem à Orla do Guaíba:

duro

um
porto
amarrado
por
um
muro
está
morto

mario pirata


Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para EcoAgência de Notícias. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Foto: César Cardia: Orla do Guaíba pode estar ameaçada

Seminários sobre Agroecologia serão realizados na próxima semana em Porto Alegre


Mais de 900 pessoas estão inscritas para o IX Seminário Internacional sobre Agroecologia e X Seminário Estadual sobre Agroecologia, que acontece de 25 a 27 deste mês, no Auditório Dante Barone, da Assembléia Legislativa, em Porto Alegre.

Além de palestras que abordarão sobre as ações, os avanços e os desafios da agroecologia no Brasil e no mundo, haverá Feira da Biodiversidade e, no dia 26, Feira de Produtos Agroecológicos, na Praça da Matriz, durante todo o dia.

Para os eventos, as inscrições são gratuitas e limitadas e podem ser feitas através do site da Emater/RS-Ascar, pelo http://www.emater.tche.br/, acessando o link Áreas Técnicas. “Está garantida a presença de mais de 80 agricultores de todas as regiões do Estado”, anuncia Ana Valls, uma das coordenadoras do evento pela Emater/RS-Ascar.

“Nesta edição, comemoramos 10 anos de realização e divulgação da ciência agroecológica”, observa Ana Valls. “Apesar das dificuldades enfrentadas e as diferentes tecnologias que se contrapõem à essa proposta, podemos considerar que tivemos muitos avanços, principalmente na ampliação dos espaços de reflexão e promoção da agroecologia, no Rio Grande do Sul e na América Latina”.

Como exemplos dessa ampliação e além destes eventos em Porto Alegre, Ana Valls cita, somente neste mês de novembro, o 1º Seminário Estadual sobre Agroecologia, realizado na semana passada em Brasília, o 3º Seminário Estadual de Agroecologia, realizdo nesta semana no Mato Grosso do Sul e, no RS, na próxima quinta-feira, dia 20, em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, o 1º Encontro Regional de Agroecologia.

Transição agroecológica


A abertura do evento será às 9h de terça-feira, dia 25, quando o coordenador geral de Assistência Técnica, Extensão Rural e Educação Rural, da Secretaria de Agricultura Familiar, do Ministério do Desenvolvimento Agrário, Francisco Roberto Caporal, palestrará sobre “Avanços das ações em Agroecologia no Brasil - 1999 a 2008: Em defesa de um Plano Nacional de Transição Agroecológica”.

O tema chave dos Seminários é “O estado da arte da Agroecologia”, a partir de quatro eixos temáticos: a) Construindo e aplicando conhecimentos agroecológicos; b) Pesquisando para a sustentabilidade; c) Socializando a Agroecologia; e d) Praticando o processo de transição para agroecossistemas sustentáveis.

A Emater/RS-Ascar é uma das realizadoras dos Seminários, ao lado do Ministério do Desenvolvimento Agrário, da Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul e do Governo do Estado. A promoção reúne diversas entidades e organizações governamentais e não-governamentais.

Mais informações pelo fone (51) 2125 3100 ou pelos e-mails plantec@emater.tche.br e agroecologia@emater.tche.br.


PROGRAMAÇÃO

DIA 25/11, TERÇA-FEIRA

Credenciamento
· 8h - Entrega de materiais aos participantes inscritos

Abertura oficial
· 9h - Pronunciamento das autoridades

Tema A - Palestra de abertura
· 10h30min - (Avanços das ações em) Agroecologia no Brasil - 1999 a 2008: Em defesa de um Plano Nacional de Transição Agroecológica
Ø Palestrante: Francisco Roberto Caporal (Ministério do Desenvolvimento Agrário)
· 12h - Debate
· 12h30min - Intervalo para almoço

Tema B – Construindo e aplicando conhecimentos agroecológicos
· 14h - Perspectivas del desarrollo rural
Ø Palestrante: Jan Douwe van der Ploeg (Wageningen University - The Netherlands)
· 15h - GATS: rompendo barreiras e construindo novos paradigmas no meio acadêmico
Ø Palestrante: Cássio Alexandre Bertoldo e Paulo Roberto Dullius (GATS - RS)
· 16h - Intervalo
· 16h15min - Agroecología y política: el estado de la cuestión
Ø Palestrante: Manuel González de Molina (Universidad Pablo de Olavide - España)
· 17h15min - Dez anos de transição agroecológica: uma experiência de vida
Ø Palestrante: Ênio Nilo Schiavon (ARPA-Sul - RS)
· 17h45min - Reflexões de uma agricultora ecologista
Ø Palestrante: Aldací Bellé (Cooperativa AECIA - RS)
18h15min - Encerramento das atividades do dia


DIA 26/11, QUARTA-FEIRA

Tema C ­­- Pesquisando para a sustentabilidade
· 9h - Los desafíos de la Investigación en Agroecología
Ø Palestrante: Santiago Sarandón (Universidad Nacional de La Plata - Argentina)
· 10h - Reflexões sobre o estado da arte do conhecimento agroecológico
Ø Palestrante: João Carlos Canuto (EMBRAPA Meio Ambiente - SP)
· 11h - Homeopatia na perspectiva da agricultura sustentável
Ø Palestrante: Fernanda Maria Coutinho de Andrade (CNPq/UFV)
· 12h - Intervalo para almoço

Tema D - Socializando a Agroecologia
· 14h - A sistematização como um instrumento para a socialização do conhecimento agroecológico
Ø Palestrante: Córdula Eckert (EMATER/RS-ASCAR)
· 15h - La Agroecología en México: su estado actual y sus perspectivas - una mirada desde los actores sociales rurales
Ø Palestrante: Jaime Morales Hernández (Universidad de Guadalajara - México)
· 16h - Construção da Agroecologia: perspectiva histórica a partir dos movimentos sociais
Ø Palestrante: Paulo Petersen (AS-PTA - RJ)
17h - Encerramento das atividades do dia


DIA 27/11, QUINTA-FEIRA

Tema E - Praticando o processo de transição agroecológica
· 9h - Cooperativa Ecocitrus: origens, avanços e desafios
Ø Palestrante: Fábio José Esswein (Ecocitrus - RS)
· 10h - Transição para a cafeicultura orgânica: limites e possibilidades
Ø Fábio Gonçalves dos Anjos (Coasol - PR)
· 10h30min - Resgate de sementes: a resistência de três gerações
Ø Palestrante: Vilmar Menegatti (Apema - RS)
· 11h - Reflexões críticas sobre a transição para agroecossistemas sustentáveis
Ø Palestrante: Fábio Kessler Dal Soglio (Ufrgs)
· 12h - Intervalo para almoço

Tema F - Palestra de encerramento
14h - É possível construir conhecimento Agroecológico sem pensamento Agroecológico?
Ø Palestrante: Sergio Roberto Martins (UFSC)
· 15h - Debate

Procedimentos finais
· 15h30min - Plenária para elaboração, discussão e aprovação de propostas
· 16h15min - Pronunciamentos finais: Comissão Organizadora
16h30min – Encerramento


Promoção:
Associação Brasileira de Agroecologia, Associação dos Servidores da Ascar-Emater/RS, Banco do Estado do Rio Grande do Sul – Banrisul, Centro de Ciências Rurais - Universidade Federal de Santa Maria, Comissão de Agricultura, Pecuária e Cooperativismo - Assembléia Legislativa, Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do RS, Cooperativa Esperança - Projeto Esperança, Cooperativa GiraSol, Embrapa Clima Temperado, Emrede – Ecosol, Frente Parlamentar em Defesa da Extensão Rural, Fundação Estadual de Pesquisa Agropecuária do RS – Fepagro, Grupo de Agroecologia Terra Sul – Gats, Grupo Uvaia de Agroecologia, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – Incra, Núcleo de Ecojornalistas - NEJ/RS, Núcleo de Ecologia Guayí, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - NEA/PGDR, Secretaria Estadual do Meio Ambiente (DRH, FZB, Pró-Guaíba), Sindicato dos Empregados em Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas e de Fundações Estaduais do RS – Semapi, Sociedade de Agronomia do Rio Grande do Sul – Sargs, Universidade Estadual do Rio Grande do Sul – Uuers.


Fonte: Assessoria de Imprensa da Emater/RS-Ascar. http://www.emater.tche.br/ Foto: Kátia Marcom/Emater/Ascar

ABES entrega prêmio aos melhores do saneamento no país


A Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES) realiza nesta terça-feira, 18 de novembro, a solenidade de premiação da 12ª edição do Prêmio Nacional de Qualidade em Saneamento.

O prêmio é uma distinção anual da entidade às empresas e concessionárias de água e esgoto de todo o país que se destacam em projetos de qualidade em saneamento ambiental.

O evento acontece nesta terça-feira, às 20h, no Centro de Eventos Plaza São Rafael. A Medalha Quíron, na categoria Platina, uma das mais importantes, será entregue à Unidade de Negócios da Sabesp, de São Paulo.

Também estão entre as premiadas unidades da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa), do Ceará (Cagece), do Paraná (Sanepar), do Espírito Santo (Cesan) além de serviços municipais como o de Joinville e Joaçaba (SC), Penápolis (SP), e dos serviços privados de Manaus (AM) e de Cachoeira do Itapemirim (ES).

Do Rio Grande do Sul, entre os premiados estão as Unidades da Corsan de Vacaria, Erechim, Não-me Toque, Restinga Seca, São Lourenço e Taquara.

Desde que foi criado em 1997, mais de 100 unidades de saneamento já participaram do programa que fornece certificação de qualidade.

Entre os avanços, em termos de melhoria de gestão estão a redução das perdas nos sistemas de água, economia de gastos e incremento de arrecadação.

Do ponto de vista dos usuários esses sistemas oferecem serviços de melhor qualidade em termos de abastecimento regular e redução no tempo de atendimentos para serviços como ligações.

Entre as autoridades presentes estarão o secretário nacional de Saneamento, Leodegard Tiscoski, o presidente da Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (AESBE) e da Sanepar, Stênio Jacob, e autoridades estaduais, como o presidente da Corsan, Mario Freitas.

Por Cecy Oliveira, da Águaonline. http://www.aguaonline.com.br/. Foto: Wikipedia. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Prorrogadas até 21 de novembro as inscrições de atividades para o Fórum Social Mundial 2009


As organizações que desejam realizar atividades durante o FSM 2009 têm mais alguns dias para efetuar o cadastro. O prazo para a inscrição de atividades foi prorrogado até a sexta-feira (21/11), à meia noite (horário de Brasília).

As organizações que pretendem enviar participantes para o FSM, mas não irão propor atividades, tem um prazo maior e podem se inscrever até dezembro.

O FSM acontecerá entre 27 de Janeiro e 01 de Fevereiro de 2009, na cidade de Belém (foto), capital do Pará, Brasil.

O pagamento de entidades inscritas no Brasil, que propuseram atividades, deverá ser feito até o dia 30 de novembro. Em breve também estará aberto o sistema de pagamento para organizações internacionais.

De acordo com a Carta de Princípios do FSM, não é permitida a inscrição de partidos políticos e órgãos governamentais.

Para fazer a inscrição, basta acessar: http://inscricoes.fsm2009amazonia.org.br/

Conheça o passo a passo para fazer a inscrição: http://www.fsm2009amazonia.org.br/forum-social-mundial/duvidas-mais-frequentes/sobre-inscricoes

Importante: A lista das atividades inscritas até o último sábado (14/11) está disponível para download em http://www.fsm2009amazonia.org.br/forum-social-mundial/inscricoes/atividades/lista-de-atividades-ate-1411/view. O arquivo está em ordem alfabética, organizado a partir do nome das entidades inscritas.

Outra opção para visualizar a lista de atividades inscritas é através do site de inscrições do FSM 2009 - http://inscricoes.fsm2009amazonia.org.br/content/index.php?page=consulta_pub .

É possível listar todas as atividades e organizações inscritas, fazendo pesquisas por palavras-chave ou por objetivo de ação. A lista disponível no site de inscrições é atualizada automaticamente, ou seja, assim que uma atividade é cadastrada, aparece no site.

Se a sua atividade não consta em nenhuma das listas, significa que ela não está inscrita. Verifique o quanto antes, pois o prazo de inscrições nao será prorrogado novamente.

Participantes individuais

Já estão abertas as inscrições de participantes individuais para o Fórum Social Mundial 2009. Participantes brasileiros, ou que se inscrevem a partir do Brasil, deverão, logo após a inscrição, efetuar o pagamento via boleto bancário. O valor da inscrição individual é de R$ 30,00, para o Brasil.

Indivíduos dos países do Norte Geopolítico pagam 60€ (euros) e demais países 15€ (euros). Participantes que se inscrevem fora do Brasil, deverão aguardar para fazer o pagamento posteriormente – neste caso, deverão usar o número da inscrição e a senha enviados para o e-mail para retornar a sua ficha no site http://inscricoes.fsm2009amazonia.org.br/ e realizar o pagamento.

Em breve estará disponível também o pagamento para organizações e indivíduos de fora do Brasil.

Para fazer a sua inscrição como participante individual - Acesse a página de inscrições do FSM 2009: http://inscricoes.fsm2009amazonia.org.br/ - Clique no link Participantes Individuais- Preencha ficha de inscrição e clique em salvarAtenção: no campo e-mail – digite apenas um (01) endereço de e-mail- Após salvar a ficha, é possível gerar e imprimir o boleto bancário (para pagamentos a partir do Brasil).

Importante: Não esqueça de guardar o comprovante do pagamento e levá-lo, juntamente com seu número de inscrição e identidade, para o credenciamento do evento.

Hospedagem familiar e alternativa

A coordenação do Fórum Social Mundial 2009 conseguiu viabilizar cerca de 30 mil vagas para participantes do evento por meio das hospedagens familiar e alternativa. Somente na categoria de hospedagem familiar são mais de 6 mil vagas.

As demais estão divididas em alojamentos coletivos em escolas católicas, das redes estadual e municipal, sindicatos, clubes e até em barcos que funcionarão como hotéis no período do FSM.

Os valores para cada tipo de acomodação variam entre R$ 5 e R$ 10, para alojamentos coletivos, R$27,50 a R$ 38,50, para hospedagem familiar e preços a combinar, nas demais formas de acomodação, como aluguel de casas e barco/hotel. As vagas poder solicitadas diretamente através do site.

As solicitações de vagas para a hospedagem familiar podem ser feitas por telefone, por meio da Central de Reservas, nos números: +55 (91) 3236-0751/ +55 (91) 3228-4734, ou através do endereço - http://www.fsm2009amazonia.org.br/forum-social-mundial/doacoes/hospedagem-familiar/

Na seção “Hospedagem Alternativa” - http://www.fsm2009amazonia.org.br/forum-social-mundial/doacoes/hospedagem-alternativa/ - é possível fazer a solicação de vagas nesta modalidade e ainda ter acesso a lista de contatos de agências que oferecem vagas em barcos e campings.

Para mais informações: acomodacao@fsm2009amazonia.org.br

Fonte: Escritório FSM - http://www.forumsocialmundial.org.br/ Foto: Wikipedia/Belém (Av. Duque de Caxias)

Amigos da Terra lançam publicação e coleção de cartuns


Os Amigos da Terra estarão em São Paulo na próxima semana participando da organização de atividades populares paralelas à Conferência Internacional sobre Biocombustíveis, organizada pelo governo federal e que vai contar com a presença de países membros da ONU, entre os dias 17 e 21 de novembro.

Um seminário internacional paralelo, chamado "Agrocombustíveis como obstáculo à construção da soberania alimentar e energética", seguido de conferências de imprensa fora e dentro da conferência oficial, estão previstos entre as mobilizações de movimentos sociais, redes e organização brasileiras e estrangeiras da sociedade civil.

Visando o combate à expansão do agronegócio de energia e a luta pela soberania alimentar e energética, os movimentos sociais e ambientais pretendem “construir uma resposta coletiva para incidir na Conferência Oficial, apresentando um contraponto à propaganda da suposta sustentabilidade do etanol produzido em monoculturas de grande escala”.

Também nesta semana, os Amigos da Terra farão o lançamento da publicação “Novos caminhos para o mesmo lugar: a falsa solução dos agrocombustíveis”. A realização é do NAT/Brasil, Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional – FASE e Terra de Direitos com a parceria da Fundação Heinrich Boell.

Na publicação, os autores analisam a relação entre o aumento da produção e as expectativas de comércio mundial do etanol, o preço dos alimentos, a justiça climática, a demanda e os impactos da indústria automobilística e a disputa por territórios.

Propõem-se a desmistificar o discurso da promoção do desenvolvimento rural, da disponibilidade de terras ditas degradadas, das garantias do zoneamento ecológico num contexto de conflitos agrários, da certificação no âmbito do aumento dos fluxos do comércio internacional de commodities energéticas e das frustradas expectativas de inclusão social no modelo agroexportador que se expande e se reproduz, com a febre dos agrocombustíveis.

Conforme adianta uma das autoras e coordenadora dos Amigos da Terra/Brasil, Lúcia Ortiz, o texto “aponta os caminhos e desafios para a transição energética, que requer a transformação do modelo de agricultura, a revisão dos padrões de consumo, um processo de localização das economias e encurtamento das distâncias - entre quem produz e quem consome - e a construção da soberania dos povos sobre o destino dos seus territórios”.

Para o professor do IEE/USP,também autor de um dos artigos desta publicação, o debate sobre a expansão dos agrocombustíveis no nosso país não é uma questão de interesse apenas de especialistas.

“Pelo contrário, a oportunidade da utilização de combustíveis renováveis para o combate às mudanças do clima e a segurança alimentar são temas que afetam todos os cidadãos”, disse, ele que acredita ser fundamental a população estar bem informada sobre suas vantagens e problemas.

Uma Mostra de Cartuns de Amigos da Terra Internacional será apresentada aos participantes da Conferência e do Seminário paralelo. A temática da luta pela soberania alimentar e energética se revela em cada trabalho dos cartunistas Santiago, Edgar Vasquez, Bier, Moa, dentre outros artistas do Brasil e do mundo.

Os cartuns e a publicação estão disponíveis para o acesso no site dos Amigos da Terra (http://www.natbrasil.org.br/).

Por Eliege Fante, do NAT/Brasil. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Especialista em Arquitetura analisa diferenças entre construir e fazer uma cidade

Por Miguel Satler

Como professor da Escola de Engenharia da Ufrgs e de seu pós-graduação, desde 1997 vimos estudando a cidade de Porto Alegre, a cidade e assentamentos humanos de uma forma geral, maiores e menores (como municipalidades e o bairros), desde o ponto-de-vista de sua sustentabilidade econômica/ambiental/social/cultural/etc.

Isto é feito, especificamente, em uma disciplina do Pós, antes denominada de Gestão Ambiental Urbana, e na disciplina criada recentemente, de Engenharia Urbana Sustentável, que trata de questões como gestão energética e de águas, resíduos (gasosos, sólidos e líquidos), mobilidade urbana, morfologia urbana, climatologia urbana e produção urbana de alimentos, entre outros temas.

Procuramos, dentro das limitações próprias de um curso de pós-graduação, fazê-lo da forma o mais interdisciplinar possível, agregando um enfoque holístico, somado a uma visão sistêmica.

Começamos a nos debruçar sobre o tema em 1997, quando organizamos o I Encontro Nacional sobre Edificações e Comunidades Sustentáveis, e para o qual contamos com a participação, como palestrante, do arquiteto Steve Curwell, da Universidade de Salford, Inglaterra, e que coordenava, na Comunidade Européia, o projeto BEQUEST, justamente buscando, com a colaboração de muitos parceiros acadêmicos (e não acadêmicos) europeus, o desenvolvimento de cidades mais sustentáveis.

A partir de um curso ministrado pelo Steve no NORIE, pela primeira vez mergulhamos, com profissionais de diversas áreas (arquitetura, engenharia, agronomia, biologia), sobre a realidade de nossa cidade, buscando caracterizar "indicadores de sustentabilidade urbana".

Nestes mais de 10 anos tratando de questões relativas à sustentabilidade, vimos orientando a diversas dissertações de mestrado e teses de doutorado, focadas sobre a questão urbana.

Eu creio, firmemente, que a nossa cidade será aquilo que nós, toda a população, quisermos que ela seja. Nesta busca deveremos saber e ter como responder a algumas questões: O que nós queremos para a nossa cidade? Para quem nós queremos uma cidade? Como nós queremos que a nossa cidade seja?

Certamente nós temos exemplos de vilas, aldeias e mesmo cidades que, aparentemente, foram coroadas de êxito no passado.

Mas será que hoje, com todo o conhecimento acumulado à nossa disposição, neste momento histórico de nossa civilização, de acesso quase que irrestrito ao conhecimento, não seríamos nós capazes de criar cidades ainda melhores?

Primeiramente, e antes de mencionar alguns aspectos técnicos ligados à sustentabilidade ambiental e física de qualquer cidade, eu gostaria de trazer algumas contribuições devidas a Charles Landry, em seu livro The Art of City Making, de 2006, com as quais nos identificamos e que consideramos deva preceder a qualquer outra discussão.

Como diz Landry: "... a arte de fazer cidades envolve a todas as artes; os aspectos físicos, por si só, não fazem uma cidade ou lugar". Landry também menciona preferir o termo fazer cidades ao invés de construir cidades, pois o último implica em que a cidade é somente aquilo que as profissões ligadas ao Ambiente Construído edificaram fisicamente. E Landry complementa que o que dá vida, significado e propósito a uma cidade são os atos que as pessoas desempenham no contexto físico.

Landry continua nominando a todos os atores que podem e devem contribuir para "fazer uma cidade" e complementa que "... a menos que todas essas pessoas façam parte da história urbana, o físico permanecerá como uma "casca vazia"'. E complementa que "... nós, muito freqüentemente, transferimos a responsabilidade àqueles preocupados com o físico, e que, são eles, talvez mais do que os demais, os responsáveis pelas cidades que nós temos". E então pergunta: "Será que estes profissionais entendem as pessoas e as suas emoções? Será que alguns deles até mesmo gostam de pessoas?"

Bom, apesar de ficar tentado enviar a vocês o conteúdo de todo o primeiro capítulo, de Abertura do livro de Landry, eu certamente não irei fazê-lo, pois isto se tornaria um encargo muito grande para mim, e que muitos de vocês, apesar de interessados, não teriam tempo de ler. Mas gostaria de fazer algumas considerações pessoais.

Eu concordo com a afirmação de que muitos de nossos espaços urbanos acabam, efetivamente, tornando-se "paredões" e que não é isto, certamente, o que a maioria de nossa população quer. É só vocês percorrerem muitas das ruas de nossas cidades, não apenas de Porto Alegre, e facilmente reconhecerão os paredões.

E o que é pior, paredões obstaculizando os raios solares e concentrando a poluição sonora e do ar.

Exemplos disso podem ser claramente identificados. Para tanto é só percorrer o entorno dos quarteirões de Ipanema, Copacabana, Flamengo, etc. Se você não for privilegiado o suficiente para estar em um ambiente com vista para o mar, tudo o que verá são paredões, junto à sua janela, ou do outro lado da rua.

Rio é um exemplo, mas a realidade se repete em São Paulo, em Fortaleza, e assim por diante...

Certamente não é esse o espaço urbano que desejamos para Porto Alegre! Muito da nossa orla ainda permanece intocada. Não será este é um privilégio? Não será esta uma situação privilegiada que permite, por exemplo, à Genebra, a segunda melhor cidade do planeta, em termos de qualidade de vida, ostentar um belíssimo parque, aberto a toda a população, junto ao "seu lago" Leman.

É preciso reconhecer que a nossa cidade desfruta de uma oportunidade singular!

Por que privatizar a orla do "nosso lago"? Uma vez privatizado, como torná-lo público novamente, para a saúde, física e mental, nossa e de nossos netos?

O que nós precisaríamos, sim, seria preservar "todo e qualquer" espaço verde, dentro da malha urbana de nossa cidade para a saudabilidade de nossa população! Por que considerar todo espaço verde como um "vazio urbano" que precisa necessariamente ser edificado? O que nos diz o diagnóstico ambiental de Porto Alegre? Que toda a área urbana de Porto Alegre está "altamente degradada"!

Não fosse pelo elevado conteúdo de umidade do ar de nossa cidade, o seu clima já poderia ser caracterizado como o de uma área desértica, segundo os climatologistas urbanos.

Eu poderia alinhar muitos outros aspectos técnicos, como densificação e verticalização, acesso solar e aos ventos, ilhas urbanas de calor, impactos ambientais de diferentes naturezas, sobre a necessidade crescente de termos as áreas de produção de alimentos próximas dos centros urbanos, que vimos estudando, mas tais conceitos são facilmente acessáveis através da Internet e a sua associação à nossa realidade é facilmente identificável...

Restrinjo-me a indagar: por que não preservar os espaços saudáveis que ainda nos restam? Por que não regenerar à cidade ao invés de degradá-la? Por que não preservar os bairros ainda saudáveis, para servirem de referência para a urbanização do restante de nossa cidade? Será isto apenas um sonho? Penso que não! E ademais toda a realidade, tudo o que se efetivamente constrói de positivo não inicia, muitas vezes, como um sonho?

Eu fico orgulhoso de integrar uma comunidade, a comunidade de nossa cidade, que sonha com uma cidade de melhor qualidade de vida, uma cidade mais sustentável, e de me alinhar, pelo menos em nossas propostas, a partir de um segmento de nossa universidade, com os anseios de nossas distintas associações comunitárias, que se mobilizam neste sentido!
O autor é professor e um reconhecido engenheiro civil e agrônomo, com doutorado e pós-doutorado na área de Tecnologia da Arquitetura.

Foto: Orla do Guaíba, por Vinícius John (http://picasaweb.google.com/vinici/CMaraDia12_11_08#)

Circo de Horrores cria bairro privado na Orla do Guaíba



A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) publicou comentário em seu site sobre a votação do projeto Pontal do Estaleiro, que reproduzimos abaixo.

Foi lamentável assistir ao trágico destino da nossa Orla do Guaíba, que por 20 votos a favor e 14 contra, passou pelo Legislativo Municipal, a "CASA DO POVO" a possibilidade de construir prédios residenciais na faixa de orla.

Durante a votação, chamou a atenção o total despreparo de nossos vereadores na argumentação favorável à transformação da área da orla em bairro privado. Nossos "edis" não responderam aos questionamentos dos representantes dos movimentos ecológico, social e estudantil. Faltou habilidade e argumentos convincentes dos vereadores privativistas da orla para alterar Plano Diretor de uma área tão valiosa e estratégica para a cidade.

Os Vereadores favoráveis, então resolveram insultar os que acompanhavam na plenária com gestos, gritos, caretas, vocabulários impróprios o que consideramos ser indigno para quem foi eleito pelo povo porto-alegrenses. Não pagamos impostos para ver um circo de horrores na Câmara de Vereadores. Uma votação importante para a cidade foi regada por pequenas hipóteses de um pseudo projeto de "revitalização"!

Surpreende também o fato de apresentarmos o acumulado de 5.300 assinaturas em nosso abaixo-assinado eletrônico http://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/1571 e, esse montante de opiniões da população não ser considerado pelos vereadores.
Também não entendemos como ocorreram duas abstenções e o fato de vários vereadores não usarem seu direito de falar na Tribuna para a defender a Orla Pública do Guaíba.

Acreditamos que uma cidade não dá as costas para sua ORLA, nem permite que um pequeno grupo privado compre um terreno a baixo custo e, após, altere a lei vigente para construir espigões numa região estratégica e bela da nossa cidade.

Perdemos uma "batalha", mas saímos de cabeça erguida, pois o que defendemos é totalmente legítimo: o cumprimento da Lei 470/2002 - Plano de Desenvolvimento Urbano e Ambiental - PDDUA, que garante o uso da área para cultura, lazer e turismo.

Causou-nos enorme espanto, também, foi a felicidade dos vinte (20 ) vereadores se abraçando e abraçando os empreendedores do referido projeto ( vide fotos) no final da sessão.

A Orla do Guaíba é um espaço que faz parte da identidade paisagística, de lazer e de cultura de Porto Alegre. Não pode ser transformada em bairro privado. Por este motivo nossos próximos passos serão o de procurar os poderes Executivos e o Judiciário.

Veja abaixo como votaram os vereadores.

Favoráveis: Alceu Brasinha (PTB)Almerindo Filho (PTB)Bernardino Vendruscolo (PMDB)Dr. Goulart (PTB)Elias Vidal (PPS)Ervino Besson (PDT)Haroldo de Souza (PMDB)João Carlos Nedel (PP)João Antônio Dib (PP)João Bosco Vaz (PDT)José Ismael Heinen (DEM)Luiz Braz (PSDB)Maria Luiza (PTB)Maristela Meneghetti (DEM)Maurício Dziedricki (PTB)Mauro Zacher (PDT)Nereu D´Avila (PDT)Nilo Santos (PTB)Sebastião Melo (PMDB)Valdir Caetano (PR)

Contrários: Adeli Sell (PT)Aldacir Oliboni (PT)Beto Moesch (PP)Carlos Todeschini (PT)Cláudio Sebenelo (PSDB)Dr. Raul (PMDB)Guilherme Barbosa (PT)José Valdir (PT)Marcelo Danéris (PT)Margarete Moraes (PT)Maria Celeste (PT)Mauro Pinheiro (PT)Neuza Canabarro (PDT) Professor Garcia (PMDB)

Abstenções: Elói Guimarães (PTB) Maristela Maffei (PCdoB)

Foto: empresários e vereadores comemoram votação do Projeto Pontal do Estaleiro -Foto: Elson Sempé Pedroso /CMPA

Extraído do site da Agapan (http://www.agapan.org.br/)