sábado, 23 de agosto de 2008

Monitoramento da biodiversidade mundial vai avaliar situação dos ecossistemas


A criação do Sistema Global de Observação da Biodiversidade (Geobon) foi proposta por um grupo de cientistas de diversos países em artigo na edição desta sexta-feira (22/8) da revista Science.


A idéia é constituir uma parceria internacional para auxiliar nos processos de coleta, análise, gerenciamento e divulgação de dados relacionados ao estado atual dos ecossistemas do planeta.


Segundo Robert Scholes, do Conselho de Pesquisa Científica e Industrial da África do Sul, e colegas, a necessidade de adoção de medidas para avaliar eficientemente a biodiversidade em escala global é intensificada pelo compromisso de reduzir as taxas de perda de sistemas biológicos até 2010, conforme assinado pelos 190 países que fazem parte da Convenção sobre Diversidade Biológica (CBD).

Os pesquisadores destacam que as medidas tomadas até hoje nesse sentido se mostraram ineficientes, especialmente por conta da própria complexidada da biodiversidade, que reúne uma enorme variedade de formas, arranjos espaciais, processos e interações de sistemas biológicos nas mais diversas escalas e níveis de organização, de genes a espécies e desses a ecossistemas.

Para eles, o problema não é a falta de informações sobre tais sistemas, mas sim a pouca integração entre elas. “Não há escassez de dados sobre a biodiversidade, embora eles sejam irregulares em relação à cobertura espacial, temporal ou tópica. O problema está na diversidade de dados e no fato de que eles estão dispersados e não organizados”, descreveram os autores.

“A solução é organizar a informação, desbloquear os fluxos entre os produtores e os usuários da informação e criar sistemas nos quais dados de diferentes tipos e de fontes variadas possam ser combinados. Isso ampliará nosso conhecimento sobre a biodiversidade e permitirá o desenvolvimento de medidas adequadas para reduzir sua perda”, afirmaram.

De acordo com os autores, não há, em todo o mundo, organização capaz de produzir tal “sistema de sistemas”. As iniciativas locais, nacionais ou mesmo internacionais atualmente existentes registram dados sobre genes, espécies e ecossistemas. “E o Geobon pretende criar uma rede global a partir desses esforços, por meio da reunião, da interligação e do apoio a eles em uma estrutura científica robusta”, disseram.

O Geobon forneceria orientação às partes com relação à coleta de dados, padronização e troca de informações. As organizações integrantes permaneceriam proprietárias dos dados que produziram, mas concordariam em colaborar para que tais informações integrassem a rede e pudessem ser compartilhadas.

O Geobon tem origem no Grupo para as Observações Terrestres (GEO), formado em 2002. Hoje com 73 países, o GEO é responsável pela implantação do Sistema de Observação Global Terrestre (Geoss), criado para que os participantes possam compartilhar dados de estudos geográficos.

A idéia da Geobon tomou forma em abril, quando cerca de 100 especialistas em biodiversidade, que representavam mais de 60 organizações científicas, se reuniram em Potsdam, na Alemanha. Os participantes foram divididos em grupos e produziram as partes do plano de implantação da rede.

A estimativa é que a manutenção do Geobon custe de R$ 500 milhões a R$ 1,2 bilhão por ano, incluindo os valores já despendidos atualmente para o levantamento de dados sobre a biodiversidade pelos países que integrariam a rede.

Foto: Cientistas propõem a criação do Sistema Global de Observação da Biodiversidade (Geobon), estrutura para coletar, analisar, gerenciar e divulgar dados sobre o estado atual dos ecossistemas no planeta (foto: R.Scholes)


Agência Fapesp.


O artigo Toward a global biodiversity observing system, de Robert Scholes e outros, pode ser lido por assinantes da Science em http://www.sciencemag.org/.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Porto Alegre lança inédita Cartilha de Educação Ambiental em braile

A primeira cartilha de educação ambiental em braile do país será lançada em Porto Alegre na próxima segunda-feira, 25, pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Smam). A solenidade acontece às 9h30, no Parque Mascarenhas de Moraes (Rua Aloísio Filho, 570, Bairro Humaitá), e contará com uma trilha orientada para deficientes visuais, com atividades de sensibilização para estimular a percepção do ambiente, sob coordenação da Equipe de Educação Ambiental da Smam (Ceia).

A cartilha intitulada "Naturecos" foi idealizada para ser utilizada em sala de aula e traz informações sobre a importância da preservação do ambiente, abordando flora, fauna, água, ar, resíduos, coleta seletiva, espécies em extinção, arborização urbana, efeito estufa, saúde ambiental e animais domésticos. A iniciativa tem patrocínio da Construtora e Incorporadora Rossi, que também é adotante do parque.

Com linguagem acessível, a cartilha em braile reproduz a publicação lançada em junho de 2007 e inclui os deficientes visuais nas atividades de educação ambiental. "Esse trabalho, apoiado no uso da cartilha em braile, deverá se constituir no carro-chefe do programa de educação ambiental para o segundo semestre, atingindo escolas municipais, estaduais e da rede privada", analisa a coordenadora de Educação Ambiental da Smam, bióloga Jaqueline Maciel.

A transcrição e a impressão da cartilha em braile foram realizadas pela Fundação Dorina Nowill para Cegos, de São Paulo, e a tiragem inicial será de mil exemplares. O trabalho teve consultoria técnica do presidente do Conselho Municipal das Pessoas com Deficiência e professor de Educação Especial da Secretaria Municipal de Educação (Smed), Adilson Corlasolli.

Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para a EcoAgência de Notícias. Reprodução autorizada, desde que citada a fonte.

Feira ecológica destaca presença africana na cultura brasileira com festa

No calendário oficial da ONU 23 de agosto é o Dia Internacional da Lembrança do Tráfico de Escravos e de sua Abolição. Para marcar a data e a primeira colheita ecológica dos quilombolas, a Feira dos Agricultores Ecologistas realiza uma Festa Africana a partir das 8h deste sábado.

Um grupo de afro-descendentes de Mostardas, do quilombo Colodianos, lota um ônibus e vêm à Feira dos Agricultores Ecologistas (FAE) para mostrar a importante contribuição dos africanos na formação de alguns hábitos culturais brasileiros.

"Uma comprovação de que devemos nosso arroz com feijão à vinda dos escravos é a existência do nosso cardápio mais típico também em Cuba, Costa Rica, Guiana e Carolina do Sul. Nesses países, como no Brasil, houve a migração forçada pelo tráfico", comenta Nelson Dias Diehl, da banca Nutraceuticos, que fornece insumos da agricultura orgânica aos quilombolas.

Agricultura africana

Para resgatar o trabalho dos seus antepassados, os quilombolas dedicam-se à agricultura utilizando manejo ecológico e as sementes que originalmente vieram nos cabelos das mulheres trazidas nos navios negreiros. Neste ano, o quilombo realizou a primeira colheita para comercialização do arroz africano, Oryza glaberrima, que possui propriedades e características diferentes do asiático, que para muitos é a única espécie de arroz.

Segundo a Embrapa Arroz e Feijão de Goiás, o arroz Oryza glaberrima, originário da África e trazido pelos escravos, apresenta maior valor nutricional quando comparado ao arroz asiático, Oryza sativa.

O arroz vermelho ou quilombola possui 90% a mais de ferro, 30% de zinco e 52% de proteína. Ele também é rico em selênio.

A superioridade nutricional fez com que a prefeitura de Mostardas inserisse o arroz vermelho na merenda das escolas da rede pública, juntamente com o feijão sopinha, outra espécie nativa da África.

"O grão menor, de sabor mais suave e digestão mais rápida, além de cair bem nos dias mais quentes, também serve para como base de pastas para molhos e sanduíches" explica a nutricionista Herta Karp Wiener.

Mistura de riquezas

Uma estreita convivência com o catolicismo fez com que os afro-descendentes incorporassem a seus rituais práticas cristãs. Esta foi a origem de novas manifestações culturais como o Terno de Reis, típico da época natalina, e o ensaio de pagação de promessas.

Atração inédita da festa africana deste sábado, seis cantores do quilombo de Mostarda vão apresentar partes de um Terno de Reis. A apresentação ocorre em duas edições às 9h com o Canto de Chegada e às 11h com a despedida.

Às 10h, os tambores e o canto se fazem presentes no Ensaio de Pagação de Promessas, que acontece ao lado do caldo-de-cana, na parte central da primeira quadra da José Bonifácio.

Após as apresentações, alguns quilombolas fazem um depoimento sobre as práticas culturais que ainda persistem de geração em geração e também sobre o manejo de solo para a produção agrícola, a partir da biomineralização.

O solo de Mostardas não está entre os mais ricos devido à sua origem. "A formação do continente onde está localizado o município de Mostardas é bastante recente se comparada a outros locais. O cordão litorâneo gaúcho, com lagoas e dunas, formou-se a partir da areia depositada e fixada graças à elevação e ao rebaixamento do nível do mar", explica a geógrafa Cláudia Dreier. Tais características criam um tendência de solo raso e pouco fértil, sendo indispensável um tratamento especial que tornem essa terra produtiva.


Evento: Festa Africana

Atrações: 8h degustação de arroz quilombola com leite de côco
9h Terno de Reis: Canto de Chegada
10h Ensaio de Pagação de Promessa: Canto e tambores
11h Terno de Reis: Despedida
12h Depoimento de agricultores quilombolas

Data: 23 de agosto - Dia Internacional da ONU em lembrança do tráfico de escravos e de sua abolição.

Local: Feira dos Agricultores Ecologistas - primeira quadra da José Bonifácio - Porto Alegre

Por Cláudia Dreier, jornalista. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Muito além da utopia

Por Najar Tubino*

O comércio mundial de produtos orgânicos em 2006 cresceu quase 15% e atingiu a cifra de 25,4 bilhões de euros, segundo o trabalho “A agricultura orgânica no mundo: estatísticas e tendências para 2008”, da Federação Internacional de Agricultura Ecológica (Ifeam), do Instituto Sobre Agricultura Ecológica (Fibl) e a Fundação Ecologia e Agricultura (Sol), todas com sede na Europa.
Os maiores consumidores de produtos ecológicos são os norte-americanos, gastaram cerca de 16 bilhões de dólares. A previsão para 2010 é de 26 bilhões. Na Europa, a Alemanha está na ponta como maior compradora, um negócio que no ano passado atingiu a cifra de 5,3 bilhões de euros, conforme levantamento da Associação da Indústria alemã de alimentos Ecológicos. A região da Baviera consome quase a metade das importações de orgânicos, que tem origem na Espanha.

Educando crianças

Os espanhóis foram os primeiros a plantar transgênicos em extensas áreas, mas também organizaram um movimento de agricultura ecológica sólido. A maior região produtiva é a Andaluzia, mas os debates se concentram na Catalunha, na cidade de Barcelona, onde no mês de maio se realizou mais um evento da Bionatura, uma feira especializada em produções ecológicas, de todos os tipos, que acontece primeiramente em Madri.

Lá, com 700 expositores, recebeu a visita de 125 mil pessoas. A feira serve de palco de discussões, oficinas, inclusive infantis – por exemplo, ensinando crianças a identificar produtos orgânicos, através das etiquetas. Na Espanha, também existem iniciativas para o plantio de 100 milhões de árvores, um projeto de uma entidade, funciona como cooperativa, chamada “Maderas Nobles”. O interessado investe no plantio, como se fosse uma poupança.

Livre de transgênicos

Porém, a iniciativa mais importante, sem dúvida, foi a reunião em Bilbao, com mais de 40 estados organizados na Europa, que se declararam zona livre de transgênicos – contando departamentos, municípios, são mais de 160. Num documento encaminhado à Comissão Européia, que analisa os pedidos de liberação dos transgênicos, deixaram claro:

- Os produtos transgênicos supõem uma homogeneização da produção agrária e se chocam com as políticas agrícolas baseadas em produtos nativos e de qualidade.

- As regiões membros da rede trabalharam durante anos para que seu nome se associe a qualidade de seus produtos, sendo os transgênicos uma ameaça contra a política de diferenciação por qualidade.

- Exigir da Comissão Européia, que o livro verde de produção regionais, nativas e de qualidade inclua o pré-requisito de excluir as produções de alimentos transgênicos”.

Cresce no mundo

As regiões livres de transgênicos englobam vários países, entre eles, Espanha, Itália, França, Reino Unido, Alemanha. O movimento de produtores orgânicos, não somente agrícola – vai de grãos, verduras, frutas, aos industrializados, como azeites, vinhos, até os cosméticos – cresce de uma forma organizada no mundo inteiro. É nos países industrializados que estão os maiores compradores, têm disponibilidade financeira de pagar 20, 30% a mais no custo das mercadorias.

Na Alemanha, por exemplo, funcionam mais de 350 supermercados, exclusivamente dedicados à venda de produtos ecológicos, eu biológicos – na Espanha, eles usam a marca “bio”. Além disso o país pretende ocupar 20% do território com a produção orgânica. Na Espanha, uma das metas do Ministério do Meio Ambiente, Meio Rural e Marinho, criado recentemente, pretende dispor 10% do território à agricultura ecológica.

No mundo, são mais de 30 milhões de hectares produzindo alimentos livres de venenos e fertilizantes químicos, dependentes do petróleo. O crescimento foi de 1,8 milhão de hectares de 2005 para 2006. Austrália é líder em área ocupada – mais de 12 milhões de hectares, seguida pela China.

Esquizofrenia

A agricultura ecológica conta com outros incentivos, de outras organizações como o Slow Food, uma associação internacional, que valoriza os alimentos naturais e a comida caseira. Criada em 1986, na Itália, desde 1989, se transformou em uma organização internacional, com 86 mil associados, e sedes em países como Alemanha, Suíça, Itália, Estados Unidos, França, Japão e Reino Unido.

Em outubro, de 23 a 27, na cidade de Turim, ocorrerá um encontro dos associados e interessados no tema. Além de discussões, degustações, funciona uma feira mundial de alimentos e produtos de qualidade. O italiano Carlo Petrini é o presidente do Slow Food. Na última edição da revista The Ecologist ( em espanhol), ele concedeu uma entrevista, onde comenta:

- Produzimos alimentos no mundo para 12 bilhões de pessoas e somos 6,3 bilhões. Cerca de 800 milhões passam fome e outros 700 milhões padecem de enfermidades por uma má alimentação. Vivemos uma esquizofrenia alimentar. Nunca se falou tanto de comida e jamais o mundo comeu tão mal. Os transgênicos promovem mudanças substanciais nos hábitos sociais, no desaparecimento de sementes, uso massivo de pesticidas, a homogeneização alimentar, o desaparecimento de alimentos tradicionais”.

Bioneros

Paralelo, cresce a movimentação do Miles Food, que prega a compra de alimentos regionais, que não viajam, não passeiam pelo mundo, até chegar ao destino final. O lema é: “pensa global, compra local”. Nos Estados Unidos, o grupo “bioneros” (biologistas pioneiros), nascido no Nuevo México, na cidade de Santa Fé, é um dos incentivadores. Eles começaram o trabalho em cima das sementes nativas, depois ampliaram, espalharam suas iniciativas pelo Canadá e vários regiões estadunidenses. Tem até uma rádio funcionando. Quem tiver interessado, o site é : http://www.bioneers.org/. o endereço do Slow Food: http://www.slowfood.it/.

E para quem quiser participar do IV Congresso Internacional de Educação Ambiental, na Faculdade de Educação, da Universidade Complutense de Madri, que acontecerá no período de 10 a 12 de setembro, pode entrar no site http://www.ae-ea.org/, ou pelo e-mail –info@ae-ae.org.

*Jornalista gaúcho e palestrante sobre meio ambiente (najartubino@yahoo.com.br). Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Moradores da Cidade Baixa denunciam obra que afastará papagaios e destruirá árvores

Em Porto Alegre, moradores do bairro Cidade Baixa estão preocupados com a construção de um edifício de 18 andares que, além de tirar o sol de dezenas de casas, vai derrubar árvores centenárias e expulsar muitos papagaios que se alimentam dos frutos das árvores desses terrenos. Eles questionam também a demolição de uma antiga casa, que poderia ser tombada pelo patrimônio histórico, e anunciaram para o próximo sábado, 23, às 17h, uma manifestação em frente ao local.

Os moradores procuraram os jornalistas da EcoAgência “por acreditar que vocês podem, e estão dispostos, a ajudar o planeta como um todo”. No primeiro contato enviaram algumas fotos dos papagaios que residem nessas arvores da Cidade Baixa. “Queremos tentar salvá-los de uma construção equivocada do capitalismo selvagem que está em nossa cidade. Um mega edifício sem preocupação com a população que está ao redor e seus habitantes papagaios, que vivem numa nogueira centenária e numa figueira que, cortadas, darão lugar às garagens desse empreendimento”, lamentam o empresário Egon Kunrath e o cartunista Santiago, ao reafirmarem: “Por favor, pedimos ajuda”.

“O arranha-céu está sendo construído pela Melnick”, dizem, ao explicar que “o empreendimento fará um paredão para todas as casas das ruas Alberto Torres e Luiz Afonso, destruindo todas as árvores e pássaros no caminho”. Kunrath e Santiago observam que os papagaios se alimentam das frutas das árvores que ficam nos fundos dos terrenos da quadra. “Para onde vão os papagaios, que já não tinham alimento na Redenção, pois lá as árvores não têm frutos?”.

A construção na Lima e Silva, 777, terá três torres de 18 andares e apartamentos de 62 metros quadrados cada. “Vai ter muita gente entrando e saindo, congestionando ainda mais a rua”, antecipa Kunrath. Uma das casas antigas que serão destruídas é o antigo restaurante cubano, cujo prédio é centenário. “Por que ser derrubado?”, questionam os moradores.

Trâmites do processo

Nesta semana, nos dias 20 e 21, a EcoAgência procurou informações sobre o trâmite do processo de liberação da obra, junto às assessorias de imprensa das Secretarias Municipais de Meio Ambiente e de Obras e Viação. Da Smam, a assessoria informa que a licença prévia ainda não autorizou o corte das árvores e que o projeto está na Smov.

De acordo com técnico da Smov que não quis se identificar, a primeira etapa do projeto foi aprovada em 18 de abril deste ano. “É um modelo simplificado, que dá direito a iniciar a obra, com as fundações”, diz, ao explicar que a segunda fase da obra é liberada a partir da conclusão das fundações. O técnico também informou que o processo número 002318573007 “está arquivado, porque não está tramitando”.

Ainda de acordo com o técnico, as compensações são definidas na fase da chamada carta de habitação ou habite-se. Antes disso, diz ele, o projeto volta para a Smam, que define a compensação. Ainda de acordo com a assessoria de imprensa da pasta ambiental, “é lei que 20% da área de qualquer empreendimento sejam permeáveis”.

Crédito foto: Phillip Lacey.

Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para a EcoAgência. Reprodução autorizada, desde que citada a fonte.

Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente descentraliza atividades e amplia campo de ação

*Por Felipe Amaral

Na última terça, 19 de agosto, aconteceu em Pelotas o III Seminário de Políticas Públicas de Meio Ambiente e I Debate Sobre os Impactos das Monoculturas, na Faculdade de Agronomia de Pelotas. O evento foi promovido pelo Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente – MoGDMA – e faz parte do projeto de descentralização do debate sobre Políticas Públicas de Meio Ambiente que mensalmente ocorre na capital gaúcha.

Nesta edição coordenada pelo Grupo Pelotas do MoGDMA a temática abordada foi a ofensiva do setor da celulose sobre o Pampa e alternativas de desenvolvimento local. Dentre os painelistas convidados o Prof. Wilson Alves de Oliveira - UFRGS, que discorreu sobre os efeitos das lavouras de eucalipto sobre as forrageiras e alimentos.

A abordagem feita pelo Jornalista Najar Tubino, brilhante e ácido, destacou as relações geopolíticas e de mercado, demonstrando com grande habilidade e conhecimento, as estratégias das empresas que compõem a cadeia da celulose mundial, seus efeitos sobre as populações, suas relações interinstitucionais que formam as grandes corporações que detém as tecnologias para sementes, transgenia, insumos químicos e comercio das commodities agrícolas.

Num auditório repleto de estudantes de agronomia, veterinária e biologia, o ambientalista, ativista, pesquisador e crítico ferrenho dos projetos do monoeucaliptal, o Prof. Ludwig Buckup, deu o tom do encontro. Em duas falas distintas, centrou-se primeiramente no impacto social e ambiental da cadeia de celulose, no segundo momento bateu forte na articulação e artimanhas utilizadas pelas empresas e governo, para garantir os empreendimentos industriais de beneficiamento celulose e as plantations.

Outro destaque da programação, foi a participação da Diretora da Faculdade de Agronomia Profa. Tânia Morselli, que deu uma verdadeira aula sobre solos. Apresentando um estudo sobre a relação entre a fauna edáfica, formada por invertebrados, fungos e bactérias presentes no solo, e sua incidência em áreas de monocultivos arbóreos. Com um enfoque na agroecologia, Morselli destacou a queda dos índices de biodiversidade no solo, quando o manejo usual é feito para receber a monocultura, agravando-se gradualmente na medida em que mais insumos são aplicados na área e a variabilidade de culturas se unifica.

O articulador e coordenador do evento em Pelotas, Prof. Althen Teixeira Filho centrou-se na denuncia dos EIA-RIMA e processos de licenciamento para os empreendimentos da cadeia da celulose, apresentando os argumentos e critérios que demonstram como são produzidas as fraudes científicas e intelectuais que constam nos documentos apresentados pelas empresas, além da conivência dos agentes políticos partidários que estão à frente dos órgãos de fiscalização e controle ambiental do Estado.

A coordenação do MoGDMA, avalia que o evento foi positivo na medida em que possibilitou a integração entre os agentes formadores de opinião que compõem o espaço da universidade, além de marcar posição dentro de uma instituição que está sobre domínio e forte pressão das empresas, especificamente a VPC. Com o resultado positivo do encontro em Pelotas, eventos e reuniões estão sendo articulados em outros municípios do interior gaúcho, onde a monocultura da celulose está em expansão.

A proposta do Movimento Gaúcho em Defesa do Meio Ambiente é manter o foco nas discussões públicas, levando informação, promovendo articulação política ambiental com distintos setores da sociedade. Desta forma está programado para 02 de Setembro o Debate com os Candidatos a Prefeitura de Porto Alegre, no Auditório da Faculdade de Direito da UFRGS (Av. João Pessoa, 80). - Entre 19:00 e 22:30. Venha participar das discussões que estabelecem um espaço para o debate sobre as questões socioambientais e gestão ambiental do Rio Grande do Sul.

Todos os eventos promovidos pelo MoGDMA, são gratuitos e ocorrem mensalmente. Informe-se e participe.

*Ecólogo e Secretário Executivo do Instituto Biofilia
contato@institutobiofilia.org.br
www.institutobiofilia.org.br

Borracha difícil de apagar



Em 2006, foram reciclados no Brasil 48,1 milhões de pneus que não prestam mais para uso em automóveis, o equivalente a 240,6 mil toneladas. No mesmo ano foram produzidas no país cerca de 54,5 milhões de unidades. Outras 28,6 milhões foram importadas, sendo parte comprada para reforma e venda como pneus meia-vida.

Considerando que 18,7 milhões de peças foram exportadas no mesmo ano, fica evidente a existência de um preocupante passivo ambiental de, pelo menos, 16,3 milhões de pneus de automóvel que teriam sido dispensados na natureza naquele ano.

É o que destaca um estudo feito por Carlos Alberto Lagarinhos e Jorge Alberto Tenório, do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP). O trabalho, que apresenta as tecnologias utilizadas no Brasil para a reutilização, reciclagem e valorização energética do produto, foi publicado na revista Polímeros.

O estudo também avaliou o passivo ambiental de 2002 a 2006, com base em dados coletados em instituições como a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).

“Ao calcular o número de pneus produzidos, importados, exportados e reciclados nesse período, temos uma média de 14,9 milhões de pneus que teriam sido gerados e descartados na natureza anualmente, uma vez que supostamente não houve coleta e destinação correta desse material”, disse Lagarinhos à Agência FAPESP.

Resolução do Conama

O estudo lembra que em 1999 foi aprovada no Brasil a resolução nº 258 do Conama, que instituiu a responsabilidade do produtor e do importador pelo ciclo total do produto.

De acordo com a resolução, desde 2002 os fabricantes e importadores de pneus no Brasil devem coletar e dar a destinação final para as peças usadas, sendo os distribuidores, revendedores, reformadores e consumidores finais também co-responsáveis pela coleta dos pneus servíveis e inservíveis (que não têm mais uso em veículos).

Estima-se que um pneu leve mais de 500 anos para se decompor na natureza.

Segundo Lagarinhos, um dos pontos positivos da resolução foi a criação do cálculo que permite estabelecer o objetivo para a reciclagem de pneus, cujo percentual precisa estar acima do nível de produção a fim de eliminar o passivo ambiental existente.

“De 2002 a 2006, apenas no primeiro ano foi atingido o objetivo de reciclagem do Conama. Ou seja, de cada quatro pneus produzidos, um foi reciclado, atingindo o índice de 25% estabelecido pela resolução”, disse.

Para 2003, 2004 e 2005, a resolução nº 258 estabeleceu que o índice aumentaria, respectivamente, para 50%, 100% e 125%, porcentagem que se mantém até hoje. Ou seja, atualmente, de cada quatro pneus produzidos em todo o país, teoricamente é preciso reciclar cinco unidades, deixando de jogá-las no meio ambiente.

Economia com a reciclagem

O estudo aponta ainda que, de 2002 a 2006, foram recicladas 805,2 mil toneladas de pneus inservíveis no Brasil, o equivalente a 161 milhões de peças.

A quantidade reciclada, em unidades ou peso, é reportada anualmente pelas empresas de reciclagem e associações ao Ibama por meio do Relatório Anual de Atividades do Cadastro Técnico Federal (CTF). No caso dos pneus importados, a reciclagem de pneus antecede a liberação dos pneus novos importados.

“A resolução nº 258, apesar de estar em vigor e subsidiar a aplicação de multas pelo Ibama aos fabricantes de pneus e empresas que não cumpriram as metas de reciclagem, está desde 2005 em avaliação pelo instituto, seguindo o cronograma previsto no documento que a criou”, explicou Lagarinhos.

Entre as vantagens da recapagem e recauchutagem de pneus estão o emprego de apenas 25% do material utilizado na fabricação de um pneu novo e a economia de 57 litros de petróleo por pneu reformado. “Isso representa uma economia de 798 milhões de litros de óleo diesel por ano ao Brasil”, disse.

Segundo o pesquisador, na Europa 20% dos veículos de passeio e utilitários, 50% da frota de caminhões e 98% dos aviões das linhas aéreas internacionais utilizam pneus remoldados. No Brasil esse mercado está crescendo e, em 2006, foram produzidos 2,4 milhões de pneus remoldados.

Ainda são escassos, segundo Lagarinhos, os estudos sobre o volume de pneus produzidos, reciclados e dispensados na natureza no Brasil. “Calcula-se, segundo dados da literatura científica, a existência de pelo menos 100 milhões de unidades descartadas no meio ambiente. Esse número leva em conta toda a produção da indústria de pneus, desde sua implementação no país no fim da década de 1930”, apontou.

O descarte de pneus usados chega a atingir, anualmente, a marca de quase um bilhão de unidades em todo o mundo, segundo dados da Associação Japonesa dos Fabricantes de Pneus Automotivos.

Para ler o artigo Tecnologias utilizadas para a reutilização, reciclagem e valorização energética de pneus no Brasil, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.

Por Thiago Romero, da Agência Fapesp. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.
Foto: Agência Fapesp.

Presidente da Aracruz acha lei ambiental gaúcha "a mais restringente” do país



O diretor-presidente da Aracruz, Carlos Aguiar, disse ontem (20/08), em entrevista coletiva na Federasul, que o Rio Grande do Sul é o Estado brasileiro com mais restrições ambientais: “Tem a lei mais restringente dos Estados”, afirmou, embora o Zoneamento Ambiental da Silvicultura (ZAS), aprovado em meio a grande polêmica, seja considerado flexível demais por ambientalistas gaúchos e técnicos da Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).

Ele assegurou que nos outros Estados onde a Aracruz opera - Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo - o aproveitamento da área para silvicultura é maior do que no solo gaúcho. No Rio Grande do Sul, segundo ele, é permitido plantar até 50% de uma propriedade de 100 hectares, enquanto que em São Paulo, é possível ocupar 65% do mesmo espaço. Também disse que a empresa esperava mesmo que no Estado o controle fosse maior.

Aguiar veio ao Estado para tratar de negócios e participou do evento Tá na Mesa, promovido pela Federação das Associações Comerciais do Rio Grande do Sul. O diretor-presidente garantiu que ainda não está consolidada a compra da empresa pela Votorantim Celulose e Papel.

Disse acreditar ser sempre “viável” uma empresa maior comprar outras empresas. E que a tendência são as empresas menores serem compradas pelas maiores. Deu o exemplo dos Estados Unidos e Canadá, onde visitou umas 120 empresas ao longo de sua trajetória profissional. “Hoje se tiver 30 é muito”, avalia.

Quanto à China, disse que as dificuldades para as empresas do setor são ainda maiores, não só no aspecto ambiental, mas principalmente no controle do Estado e na falta de mão de obra. Aguiar informou que 99% da produção da Aracruz é exportada, enquanto que a VCP comercializa com o exterior um pouco menos que isso. Lembrou ainda que o mercado interno já está ultra-abastecido por outras empresas.

Decisão Judicial

A Ecoagência perguntou a Aguiar sobre a recente decisão da Justiça Federal da cidade de Eunápolis (BA) que condenou a Veracel Celulose – cujo controle acionário de 50% é da Aracruz - e os órgãos ambientais estadual e federal – Centro de Recursos Ambientais (CRA) e Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama) – pelo desmatamento de área de Mata Atlântica no extremo sul baiano.

Ele disse que na época foram desmatados 60 hectares por uma empresa que não era a Acracruz. Ele acredita que a decisão poderá ser revogada em Brasília. Aguiar afirmou que a punição é muito rigorosa e que esse passivo já foi pago.

Pela ação movida pelo Ministério Público Federal (MPF), a empresa terá que restaurar, com vegetação nativa, suas áreas de plantio de eucalipto entre 1993 e 1996, ou seja, uma extensão de 96 mil hectares. Também foi condenada a pagar uma multa de R$ 20 milhões.

Por Sílvia Franz Marcuzzo para a EcoAgência. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.
Foto: Cristine Rochol / Agência Bossa

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

Alemanha: milho transgênico leva abelhas a buscar refúgio nas cidades

Para as abelhas alemãs, o campo já não é apenas o que costumava ser. Fugindo dos inseticidas e dos cultivos transgênicos, agora buscam abrigo nas cidades. No dia 15 de julho, seis apicultores alemães levaram suas abelhas até Munique para salvá-las do milho geneticamente modificado que foi plantado perto de sua aldeia, Kaisheim, a 80 quilômetros da cidade. “Se nossas abelhas entrarem em contato com o milho geneticamente modificado, e o mel for contaminado por ele, não poderemos vendê-lo”, disse à IPS Karl Heinz Bablock, um dos seis apicultores. Na Alemanha os transgênicos são legais, mas não podem ser destinados ao consumo humano.

Meses atrás, Bablock e vários colegas seus apresentaram uma demanda judicial contra os cultivos geneticamente modificados, mas o tribunal determinou que, como essas plantações são legais, eram os apicultores que deveriam levar suas colméias para outro lado. ‘É sabido que as abelhas passam 90% de seu tempo de vida em um perímetro de três quilômetros. Mas, podem voar até 10 quilômetros sem problema. Estamos realmente felizes pelo fato de a cidade de Munique ter dado abrigo às nossas abelhas”, disse o apicultor.

Thomas Radetzki, diretor da união de apicultores Millifera, disse que as abelhas permanecerão em Munique “até o fim do verão” (boreal”). “Em meados de agosto termina o período de crescimento do milho e poderão voltar para casa”, acrescentou. Estes movimentos de abelhas se tornaram comuns por toda a Alemanha. “Mas, em algumas regiões, como Brandenburgo, próximo a Berlim, é quase impossível escapar dos transgênicos. Estão por todos os lados e as abelhas entram em contato com eles”, afirmou Radetzki à IPS. Mas, não é a única ameaça que enfrentam.

As mudanças climáticas na agricultura, com a introdução de monoculturas e o uso intensivo de pesticidas, obrigam as abelhas a buscar refúgio nas cidades. Peter Rozenkranz, entomologista na Universidade de Stuttgart, disse à IPS que as monoculturas estão privando as abelhas de seu habitat natural. “Após algumas boas semanas na primavera, as abelhas se vêem ameaçadas pela fome, porque avançando o ano quase não restam flores”, acrescentou. Imagens obtidas via satélite mostram que “em vastas regiões, especialmente na zona oriental do país, não há nada que sirva de alimento para as abelhas”, ressaltou.

E, se não bastasse isso, os cultivos estão saturados de inseticidas e pesticidas, que quase em sua totalidade resultam ser fatais para as abelhas. Apicultores do Estado de Baden Wurttemberg informaram sobre a morte de centenas de abelhas em maio. Culparam um componente químico do inseticida Poncho Pro, usado para proteger das larvas as sementes do milho. Mnafred Raff, diretor da associação regional de apicultores, disse à IPS que mandou analisar suas abelhas depois das mortes em massa. “Encontramos em seus corpos abundantes traços desse produto químico”, afirmou.

Como conseqüência de uma demanda judicial apresentada por Raff e outros 700 apicultores de BadenWurtemberg, a gigante da indústria química e farmacêutica Bayer admitiu que Poncho Pro causou a morte, mas culpou os produtores de sementes pelo uso indevido desse produto. Viver nas cidades se tornou mais atraente para as abelhas, “porque as áreas verdes recreativas e os jardins têm uma vegetação variada e exuberante, que floresce ao longo de vários meses, desde o começo da primavera até o fim do verão”, afirmou Rosenkranz.

“Nas cidades, as abelhas só precisam voar algumas centenas de metros, de um parque público a uma sacada e dali até um jardim para encontrarem suculentas flores, em sua maioria livres de inseticidas”, acrescentou Rosenkranz disse que as abelhas estiveram sob ameaça de extermínio durante anos. Em 2007, morreram cerca de 30% de sua população na Alemanha. Atualmente, 330 das 550 variedades de abelhas silvestres são consideradas espécies em perigo. O panorama se repete em outros países, especialmente nos Estados Unidos: em 2007, em regiões de 24 Estados, até 70% da população de abelhas morreram em circunstâncias estranhas.

O desaparecimento dessas polinizadoras por excelência teriam profundas conseqüências ambientais, que iriam muito além da falta de mel. A escassez de alimentos se agravará se as colônias de abelhas deixarem de polinizar frutas e vegetais.

Por Julio Godoy, da IPS/Envolverde. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Governo vai revisar decreto que tornou mais rígida a Lei de Crimes Ambientais

O governo decidiu revisar o Decreto 6.514/2008, que tornou mais rígida a Lei de Crimes Ambientais. A mudança atenderá a reivindicações de representantes do agronegócio. “Tudo que eventualmente extrapolou a lei será liminarmente retirado do decreto", afirmou hoje (20/08) o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, em audiência pública na Comissão de Agricultura e Política Rural da Câmara.

“Vários pontos devem ser aperfeiçoados, mas a filosofia do decreto não está errada”, acrescentou. Segundo Minc, com as mudanças, a recuperação da reserva legal poderá ser feita fora da área desmatada originalmente, desde que dentro do mesmo bioma. De acordo com ele, a recomposição também poderá ser feita em áreas de florestas públicas, com o financiamento de unidades de conservação.

O ministro disse que meio ambiente e agricultura não são inimigos e que, de uma pauta de 15 pontos analisada por ele e pelo ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, seis já foram acertados.

O Decreto 6.514/2008 foi assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no dia 22 de julho. Entre outros pontos, o texto prevê multa para quem deixar de registrar reserva legal. As propriedades na Amazônia Legal têm que preservar 80% da área com cobertura florestal original. No Cerrado, esse percentual é de 35% e nos outros biomas, 20%.

Pelo decreto, o proprietário que já desmatou percentual maior que o permitido terá que assinar termo de ajustamento de conduta para recuperação da área. A bancada ruralista argumenta, no entanto, que não será possível recuperar áreas degradadas que foram ocupadas para a produção.
Os detalhes sobre as mudanças no texto serão definidos hoje às 17h, em reunião entre Carlos Minc, secretários estaduais de Agricultura e parlamentares da bancada ruralista.

"Precisamos da ampliação de prazos para construirmos o entendimento entre crescimento e preservação. Queremos o amadurecimento da relação entre meio ambiente e agricultura", disse o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS), presidente da Comissão de Agricultura e Política Rural da Câmara.

Por Luana Lourenço, da Agência Brasil. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Agrônomo denuncia que mortandade de árvores na fronteira é causada por agrotóxico

















Exóticas, nativas, frutíferas. Praticamente todas as variedades de árvores na região de São Borja, na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina, estão sendo atingidas por um mal que começa esbranquiçando as folhas (foto), depois os caules e termina por matar as plantas. O agrônomo Darci Bergmann afirma que é um agrotóxico, o Chlomazone, vendido pela empresa FMC sob o nome comercial de Gamit, que está devastando os arvoredos na zona rural, nas imediações de lavouras, e até na cidade.

Presidente da Associação Sãoborjense de Proteção ao Ambiente Natural (Aspan), Bergmann encaminhou uma denúncia ao Ministério Público da cidade no ano passado, depois que perdeu 5 mil mudas de árvores do seu viveiro, na área urbana. Um vizinho dele borrifou com o agrotóxico o pátio a 50 metros de distância e, mesmo isoladas por uma barreira de árvores e um muro, as mudas foram atingidas e morreram.

O agrônomo não tem nenhuma dúvida de que a causa é o agrotóxico: “De uns anos para cá começamos a observar uma mortandade muito grande de árvores, principalmente de cinamomos, que começam a apresentar sintomas de citotoxidade, com uma característica que é o branqueamento na folha, e o único produto que causa essa característica é o Chlomazone”, diz Bergmann.

Também estão morrendo canafístulas, timabaúvas, anjicos e frutíferas como o pé de ameixa da foto. A única árvore que parece resistir sem problemas é o eucalipto.

Um produtor de tomates, Marino Dani, perdeu 14 mil pés, toda a sua produção: o agrotóxico foi aplicado numa lavoura a 2 mil metros de distãncia e 13 dias depois todo o tomateiro estava morto.

Herbicida autorizado

O Chlomazone tem aplicação autorizada pelo Ministério da Agricultura como hercibicida usado para combater os inços nas plantações de arroz, pulverizado principalmente por meio da aviação agrícola. Por coincidência, nos últimos anos este setor cresceu na fronteira, se antes havia dois ou três aviões em São Borja, hoje só uma das empresas de aviação agrícola do município tem 12 aeronaves operando, relata Bergmann.

Como o Chlomazone é muito volátil, ele se desloca longe, indo atingir arvoredos distantes vários quilômetros das lavouras, especialmente nos meses mais quentes, que favorecem a evaporação e dispersão do produto, garante Bergmann, que mostrou à EcoAgência várias plantas atingidas e uma pilha de documentos, com registros, relatórios e fotos de diversas matas da região devastadas pela mortandade de árvores.

Segundo ele, a fiscalização da aviação agrícola feita pelo Ministério da Agricultura é frouxa, com base em relatórios preenchidos pelas próprias empresas. Muitas vezes os aviões soltam o agrotóxico em alturas acima das permitidas, ou antes ou depois dos limites das lavouras, pois é muito difícil ter a precisão necessária nos vôos.

Outra coincidência: as primeiras árvores a morrer nas proximidades de lavouras pulverizadas por Chlomazone pelos aviões são sempre as mais altas.

Aplicação na cidade

Para evitar problemas, alguns agricultores voltaram a usar pulverizadores puxados por tratores. Mas mesmo na aplicação terrestre o produto vai longe. Algumas pessoas levaram o agrotóxico para acidade, aplicando manualmente nos inços dos seus pátios e provocaram a morte de árvores nas vizinhanças, a até 300 metros de distância.

Foi assim que Bergmann perdeu suas mudas, ano passado. “É uma tragédia o que está acontecendo, o maior impacto sobre a biodiversidade na medade sul, hoje, chama-se herbicida”, alerta o agrônomo e ambientalista.

Não há comprovação ainda de danos à saúde humana, mas consta que uma senhora teria passado mal ao comer alfaces atingidas pelo Chlomazone na área urbana, em função de uma aplicação distante.

“Provavelmente tenha efeitos na saúde, todo o ecossistema fica comprometido quando a cadeia inicial é afetada”, diz Bergmann. Ele alerta ainda para o 2,4 – D, outro agrotóxico largamente usado na região, e que está tendo seu registro reavaliado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Ibama e Anvisa

Os registros com autorização para comercialização são concedidos pelo Ministério da Agricultura, mas somente com autorização do Ibama, que avalia os impactos no ambiente, e da Anvisa, responsável por avaliar os efeitos na saúde.

Bergmann entende que o produto, comercializado pela empresa FMC, de São Paulo, deve ter cassado o seu registro. “Esse tipo de produto não tem condições de de estar no mercado, não existe aplicação de Chlomazone ou Gamit que seja segura, os testes foram feitos em canteiros pequenos e provavelmente omitiram algum dado, como a volatilidade, faltam análises, estudos”, disse.

Consultada, a Anvisa, em Brasília, respondeu: “O produto em questão, de acordo com o conhecimento científico que existe até o momento, não mostra risco à saúde humana (trabalhadores e consumidores), desde que usado da maneira correta. Quanto ao risco ambiental, só o Ibama pode responder”.

O Ibama, em Brasília, respondeu que até o momento não tinha registro de denúncia contra esse produto. "Informamos que a Coordenação Geral de Avaliação e Controle de Substâncias Químicas - CGASQ, da Diretoria de Qualidade Ambiental do Ibama, unidade responsável pela avaliação, registro e controle dos agrotóxicos, até o momento, não havia recebido nenhum outra denúncia de fatos como esses associados ao produto citado", informou o órgão.

"Faz-se necessária, mediante apuração detalhada dos fatos, verificar se os danos identificados decorrem do uso do agrotóxico em conformidade com as recomendações técnicas ou do uso incorreto. Se o primeiro caso for verificado, o produto deverá ser reavaliado e, dessa nova avaliação seu uso poderá ser mantido mediante revisão de condições, ter o uso restrito ou até mesmo cancelado. Caso se verifique que os danos decorrem do mau uso, apenas caberá responsabilização e reparo dos danos, por quem for de direito", conclui a resposta do Ibama, enviada por sua assessoria de imprensa.

Por Ulisses A. Nenê, para a EcoAgência. Foto: Arquivo Pessoal/Darci Bergmann. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Governo está próximo de uma decisão sobre destinação para lixo nuclear

O grupo criado pelo governo para debater os rumos da política nuclear para o Brasil está perto de chegar a um consenso sobre a destinação do lixo nuclear da Usina de Angra 3 e das próximas que serão construídas no Brasil.

O Comitê de Desenvolvimento do Programa Nuclear Brasileiro se reuniu ontem (18/08) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e deverá apresentar uma proposta conclusiva em 60 dias.

Nesse período, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, vai estabelecer um calendário de reuniões para que a proposta seja concluída. A assessoria de imprensa da Presidência não se manifestou oficialmente, mas auxiliares do Palácio do Planalto confirmaram a informação.

O ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, pediu mais detalhes técnicos sobre a proposta de destinação dos rejeitos, apresentada pelo presidente da Eletronuclear, Othon Luiz Pinheiro da Silva, que garante a segurança do lixo nuclear por mais de 500 anos.

O ministro chegou a dizer que só autorizaria a retomada da construção de Angra 3 se o governo encontrasse uma solução definitiva para o lixo nuclear.

A Eletronuclear garantiu que as exigências estabelecidas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) para a concessão da Licença de Instalação da Usina de Angra 3 serão cumpridas dentro do prazo previsto.

O programa estratégico do governo para a área de geração de energia prevê ainda a continuidade do processo de enriquecimento de urânio no país e a construção de submarinos nucleares, que poderão ser utilizados para a proteção das reservas de petróleo na camada pré-sal.

A reunião contou com a presença dos ministros Miguel Jorge (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), Nelson Jobim (Defesa), Dilma Roussef (Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda), Carlos Minc (Meio Ambiente), Edison Lobão (Minas e Enegia), Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia), Reinold Stephanes (Agricultura), Jorge Felix (Gabinete de Segurança Institucional), Mangabeira Unger (Políticas a Longo Prazo), além de Samuel Pinheiro, secretário executivo do Ministério das Relações Exteriores.

Também participou da reunião, o presidente da Empresa de Pesquisa Energética, Maurício Tolmasquim.

Por Sabrina Craide e Luciana Lima, da Agência Brasil. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Fundação Zoobotânica do RS promove exposição "Nosso Pampa Desconhecido"





Com 30 fotos do jornalista e fotógrafo ambientalista Adriano Becker, a mostra "Nosso Pampa Desconhecido" visa provocar um novo olhar para essa importante região do Rio Grande do Sul, diz o material de divulgação distribuído pela Fundação Zoobotânica do Estado.

A abertura da exposição ocorre amanhã, dia 19, às 17h, na Sala de Exposições Temporárias do Museu de Ciências Naturais/FZB-RS – Rua Dr. Salvador França, 1427 – Jardim Botânico de Porto Alegre.

Esta mostra é resultado de parte do trabalho realizado por uma equipe de pesquisadores da Fundação Zoobotânica do RS e faz parte do Projeto Biodiversidade RS, coordenado pela Secretaria do Planejamento e Gestão, com recursos do Banco Mundial e GEF.

Ela permanece no Museu de Ciências até o dia 28 do corrente e segue, posteriormente, para a Expointer, no espaço do Governo do Estado – Pavilhão Internacional.

Riqueza dos campos sulinos

O Rio Grande do Sul é o único estado brasileiro que tem o bioma Pampa. Este ecossistema compreende uma área de cerca de 760.000 quilômetros quadrados, que inclui a metade sul do Rio Grande do Sul, o Uruguai e a região do Prata, na Argentina e forma um dos biomas mais extensos do planeta.

No RS o pampa ocupa cerca de 63% do território estadual, na metade sul do Rio Grande do Sul. É caracterizado por um conjunto de diferentes tipos de relevo e solos, recobertos por vegetação campestre ou de savana, em que predominam plantas herbáceas e arbustivas e divide-se em quatro regiões principais: Planalto da Campanha, Depressão Central, Planalto Sul-Rio-Grandense e Planície Costeira.

Considerando que a maior parte das espécies de plantas e animais domésticos, que hoje formam a base da nossa alimentação, originaram-se em ambientes dominados por campos e pradarias, o pampa é uma importante fonte de material genético.

Os campos proporcionam, também, reposição da fertilidade do solo, controle de pragas agrícolas, da erosão e de inundações, polinização de cultivos, purificação das águas, recursos genéticos e oferecimento de ambientes para fins estéticos ou recreacionistas.

Das 136 ecorregiões do planeta, identificadas como exemplos da diversidade de ecossistemas do mundo, 35 são de campos e savanas. Quase metade dos 234 centros de diversidade de plantas reconhecidos no mundo incluem habitats de campos e savanas.

Estes centros de diversidade representam áreas com alta diversidade de gramíneas, onde as práticas de conservação podem proteger um grande número de espécies deste grupo. Longe de serem ecossistemas pobres em espécies, os pampas apresentam uma diversidade biológica bem distinta.

Diversidade de espécies

A região é uma das áreas do planeta com maior diversidade de espécies de gramíneas (capins e afins). Somente nos campos do sul do Brasil existem mais de 800 espécies diferentes de gramíneas e 200 de leguminosas (família do feijão), o que sobrepassa inclusive a riqueza de plantas encontradas em algumas selvas tropicais.

Doze por cento de todas as espécies de mamíferos e aves do Rio Grande do Sul vivem somente em campos, e muitas outras ocupam esse ambiente de uma maneira não exclusiva. Há várias espécies de animais e plantas endêmicas dos Pampas, ou seja, que não existem em nenhum outro lugar do Planeta.

Estas incluem oito espécies de aves, mamíferos como o tuco-tuco da região de Alegrete, e numerosas espécies de plantas, incluindo dezenas de espécies de cactos que só ocorrem em nossos campos.

Quinze por cento das 250 espécies ameaçadas de extinção no RS habitam somente campos, sendo seis mamíferos, como o veado-campeiro, o gato-palheiro e o lobo-guará, 25 aves, como a noivinha-de-rabo-branco, o veste-amarela, a águia-cinzenta, um réptil, três anfíbios e três espécies de abelhas nativas sem ferrão.

Áreas de preservação

As áreas de preservação de campos cobrem 7,6% da superfície total do bioma no planeta, mas estas áreas protegidas estão concentradas principalmente na África e Ásia.

Estima-se que quase 50% da superfície de campos e savanas do planeta já estejam degradadas pelo uso humano, 5% em situação de extrema degradação.

A substituição dos pastos naturais por pastagens artificiais e o pastoreio intensivo têm reduzido o hábitat de muitas espécies animais e vegetais e a incidência do fogo, introdução de espécies forrageiras e atividade pecuária, têm levado algumas áreas ao processo de desertificação.

Os campos estocam aproximadamente 34% do carbono disponível em ecossistemas terrestres, enquanto as florestas aproximadamente 39% e os agroecossistemas cerca de 17%.

Diferentemente das florestas tropicais, porém, onde a vegetação é a fonte primária do carbono estocado, a maior parte do carbono armazenado nos campos está no solo. Vinte e cinco das 145 maiores bacias hidrográficas do planeta são formadas por pelo menos 50% de campos.

Da redação da EcoAgência com informações da Coordenadoria de Comunicação Social/Fundação Zoobotânica. Foto: Adriano Becker. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

Minc justifica acordo que favorece licenças ambientais, questionado por ambientalistas

Simplificar as licenças ambientais. Esse é um dos acordos entre os Ministérios do Meio Ambiente e da Agricultura, favorecendo setores produtivos e exportadores da soja, de madeira, de minérios, da carne: "Eles estão se co-responsabilizando pelos seus fornecedores. Isso é tão ou mais eficiente do que o fiscal do Ibama e da Polícia Federal", afirmou o ministro Carlos Minc, na última sexta-feira, no Rio de Janeiro, durante lançamento da segunda etapa do Programa Ambiental da Petrobras.

De acordo com o ministro é preciso combinar consumo e cadeias produtivas. "Em todas as negociações, a área ambiental pede ao setor produtivo que só compre madeira certificada e gado que não seja criado em área ilegal de destruição. Temos que oferecer alguma coisa", defende Minc, ao observar que, em contrapartida, o MMA propôs acelerar o zoneamento econômico e ecológico da Amazônia, cuja conclusão foi anunciada pelo ministro para 2009.

"O setor empresarial mais sério quer saber onde, como e de que forma produzir. Vamos fazer isso, a regularização fundiária e agilizarmos o licenciamento ambiental, a exemplo do que foi feito no Rio de Janeiro, quando secretário", lembrou o ministro.

"Agora o Ibama dá licença ambiental na metade do tempo que dava antes, o que não significa redução do rigor. Ao contrário", diz ele, "está muito mais rigorosa e exigindo muito mais compensação, como a adoção de parques nacionais, de reservas indígenas e o saneamento ambiental".

Manifesto de entidades

Não é o que pensam representantes de 12 entidades ambientais, nacionais e internacionais. Preocupadas com o acordo entre os ministros do Meio Ambiente e da Agricultura, Reinold Stephanes, os ambientalistas lançaram um manifesto pela participação da sociedade civil e da comunidade científica no debate e negociação em torno do Código Florestal, considerando os demais biomas brasileiros.

Os manifestantes defendem ser "indispensável para o país promover o desenvolvimento econômico sustentável e a geração de empregos" e propõem, como desafio, "combinar esses fatores à conservação e recuperação dos recursos naturais, garantindo a integridade dos ecossistemas".

Valorização da floresta

O acordo entre os ministros do Meio Ambiente e o da Agricultura possibilita que os produtores rurais façam a recuperação da reserva legal com espécies exóticas. Na Amazônia, segundo as ONGs, isso significa a redução da reserva legal de 80% para 50%, pois monoculturas de espécies exóticas não cumprem a função ecológica prevista no Código Florestal.

Para as ONGs, o acordo contraria o discurso de posse de Minc, quando afirmou que o presidente Lula não permitiria a redução da Reserva Legal na Amazônia. "A possibilidade de compensação de reserva legal em outra bacia hidrográfica, como em outras terras particulares ou em terras públicas, desestimula a recuperação de áreas degradadas e mantém o cenário de desequilíbrio ambiental promovido pelos desmatamentos", diz o documento.

As entidades defendem a otimização do uso de áreas desmatadas, impedindo novos desmatamentos. Em recente notícia veiculada pela imprensa, Minc disse que o Ministério está estudando a viabilidade legal disso. "Em terras particulares, por exemplo, a recuperação teria que ser no bioma e no Estado de origem. No caso da área pública, o produtor poderia adotar uma área referente ao que tem, por lei, que recompor. É bom para ele e é bom para o governo", disse Minc, ao defender a recomposição de reservas legais e Áreas de Preservação Permanente (APPs) com espécies exóticas consorciadas com nativas.

Primavera do Clima

No evento da Petrobras o ministro anunciou o evento "Primavera do Clima" para o dia 23 de setembro, quando será apresentado o primeiro plano nacional de Mudanças Climáticas, com a criação de um fundo de 10% da participação dos lucros do petróleo, "o que vai ampliar o escopo da contribuição da Petrobras em políticas de clima", observou. Ele também citou a revitalização de bacias que a Agência Nacional de Águas está fazendo e anunciando em seu site.

O Programa Petrobras Ambiental tem como tema “Água e clima: Contribuições para o desenvolvimento sustentável” e prevê para 2008–2012 o investimento de R$ 500 milhões em patrocínios, fortalecimento das organizações ambientais e disseminação de informações sobre o desenvolvimento sustentável. São três as linhas de apoio do programa: gestão de corpos hídricos superficiais e subterrâneos; recuperação ou conservação de espécies e ambientes costeiros, marinhos e de água doce; e fixação de carbono e emissões evitadas. Clique aqui para saber mais.

Por Adriane Bertoglio Rodrigues, especial para a EcoAgência, enviada ao Rio de Janeiro a convite da Petrobras. Reprodução autorizada, citando-se a fonte.

domingo, 17 de agosto de 2008

Agapan lança abaixo-assinado pela preservação da Orla do Guaíba


No dia em que comemorou os 20 anos da subida e ocupação da Chaminé da Usina do Gasômetro, em Porto Alegre, a Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) lançou uma Campanha de Assinaturas em Defesa da Orla do Guaíba. A ação é realizada em parceria com os Movimentos Porto Alegre Vive, Viva Gasômetro e Rio Guahyba e com a ONG Solidariedade, com apoio dos Movimentos Ecológico Popular e de Luta em Defesa da Orla Pública do Rio Guaíba, e da Associação de Moradores do Bairro Ipanema.

O lançamento aconteceu na tarde chuvosa deste domingo,17, dentro da Usina. "Há 20 anos, queriam demolir até mesmo esse prédio", lembra o então presidente da Agapan, Celso Marques, o primeiro a assinar o documento.

Durante a solenidade de comemoração, a atual presidenta da Agapan, Edi Fonseca, entregou uma homenagem aos quatro corajosos que subiram a chaminé, Gert Schinke, Gerson Buss, Sidnei Zomer e Guilherme Dornelles. "Entregamos uma obra do cartunista Santiago que na época produziu diversos cartuns pela preservação da orla”, observa Edi, ao salientar que os 70 quilômetros de orla devem ser mantidos como espaço público, voltado para a cultura e o lazer.

RESGATE

Para os homenageados, é preciso resgatar o radicalismo do discurso ecológico. "São lutas dignas que nos mantêm nesse enfrentamento pelo respeito às leis", defende Gerson Buss. Para Gert Schinke, "o assédio à orla deve acabar", afirma, ao citar o Parque Marinha do Brasil como uma área resultante daquele "áureo momento da militância ecopolítica, que deve ser resgatada".

O arquiteto Udo Mohr, aluno do pioneiro Demétrio Ribeiro, lembra uma frase repetida pelo mestre, de que "a história do urbanismo de Porto Alegre é uma sucessão de tragédias". Para ele, os projetos urbanísticos são "deploráveis", pois desvalorizam a paisagem e descaracterizam o perfil da cidade.

Para Miriam Löw, conselheira da Agapan, "essa tragédia que vivemos, que é a ocupação e privatização dos espaços públicos pela especulação imobiliária, se deve ao modelo civilizatório que tem o consumo como seu ícone", diz, ao considerar esse abaixo-assinado como "um recomeço".
Na foto, Sidney Zomer e Gerson Buss recebem cartum da presidente da Agapan, Edi Fonseca.

Pela Assessoria de Imprensa da Agapan/RS -http://www.agapan.org.br/

Energia limpa, uma mobilização vital!

Por Haroldo Mota*

A crise climática mundial apresenta grandes desafios para todos e requer um processo de mudança de hábitos pessoais e culturais. A necessidade de integrar conhecimentos para as políticas públicas em suprir a crescente demanda energética, será uma constante necessidade mundial, pela utilização de matrizes de tecnologias limpas.

Energia Nuclear, Não! é um projeto de mobilização de educação e conscientização ambiental, da Ong Baobá, em parceria com outras entidades e empresas, vem promover a discussão e diálogos com vários atores da sociedade no investimento e desenvolvimento de estratégias públicas, na geração de tecnologia de fonte de energia limpa e segura para nossa biodiversidade e sociedade.

Visando sensibilizar o cidadão para sua parcela de co-responsabilidade frente aos desafios da manutenção de um ambiente sustentável entre as pessoas e desta com a Natureza.

O nosso país precisa de energia motriz para alavancar seu crescimento econômico. Reativar o programa da matriz energética nuclear brasileira, tendo como uma das condições, na emissão zero de CO2, e desprezar os graves riscos de segurança gerado pela mesma.

Lanço mão, de um trecho da reportagem do físico José Goldemberg, publicado pela revista época em 30 de junho de 2008: "Os países que adotaram a energia nuclear em grande escala são França, Japão, Coréia do Sul e Taiwan.

No caso da França, a adoção foi para buscar a autonomia energética, o que a torna hoje o país da União Européia menos dependente do gás natural da Rússia. A segunda razão foi a inexistência de outras opções. O Japão não tem recursos hídricos nem petróleo.

O pico na construção de usinas no mundo foi entre os anos 1960 e 1970. As empresas que produziam reatores começaram a pressionar os paises em desenvolvimento a fazer usinas. Ai aconteceram os acidentes nas usinas em Three MileIsland (1979) na Pensilvânia e Chernobil ( 1986) na Ucrânia.

A construção de usinas nos países ricos parou. Nos Estados Unidos, não se inaugura um reator hà 30 anos. Muitas empresas fecharam. A Siemens fechou sua divisão nuclear. A General Electric saiu do ramo. Sobrou apenas uma empresa, a francesa Areva, que absorveu todas as outras."

O Brasil, dispõe de imensas fontes seguras e renováveis de energias. Você pode participar, votando a favor da vida! A política de investimentos na matriz energética brasileira em tecnologias limpas, depende da sua ajuda e da sua mobilização. Para que possamos garantir um relacionamento de vida com o nosso planeta.

Acesse nosso site www.energianuclearnao.org.br, e participe da nossa campanha pelo projeto de lei de iniciativa popular contra a reativação do programa nuclear brasileiro.

* O autor é administrador de empresa, fundador e presidente da Ong Baobá. haroldomota@terra.com.br